Guerras de religião na Europa
As guerras religiosas europeias foram uma série de guerras travadas na Europa durante os séculos 16, 17 e início do século 18.[1] Travadas após o início da Reforma Protestante em 1517, as guerras perturbaram a ordem religiosa e política nos países católicos da Europa, ou cristandade. Outros motivos durante as guerras envolveram revolta, ambições territoriais e conflitos de grande poder. No final da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), a França católica havia se aliado às forças protestantes contra a monarquia católica dos Habsburgos. As guerras foram em grande parte terminadas pela Paz de Vestfália (1648), que estabeleceu uma nova ordem política que agora é conhecida como soberania vestfaliana.[2]
Os conflitos começaram com a menor Revolta dos Cavaleiros (1522), seguida pela maior Guerra dos Camponeses Alemães (1524-1525) no Sacro Império Romano-Germânico. A guerra se intensificou depois que a Igreja Católica começou a Contrarreforma em 1545 contra o crescimento do protestantismo. Os conflitos culminaram na Guerra dos Trinta Anos, que devastou a Alemanha e matou um terço de sua população, uma taxa de mortalidade duas vezes maior que a da Primeira Guerra Mundial.[1][3] A Paz de Vestfália resolveu amplamente os conflitos, reconhecendo três tradições cristãs separadas no Sacro Império Romano-Germânico: o Catolicismo Romano, o Luteranismo e o Calvinismo.[4][5] Embora muitos líderes europeus tenham ficado enojados com o derramamento de sangue em 1648,[6] guerras religiosas menores continuaram a ser travadas até a década de 1710, incluindo as Guerras dos Três Reinos (1639-1651) nas Ilhas Britânicas, as guerras Savoyard-Waldensian (1655-1690) e a Guerra de Toggenburg (1712) nos Alpes Ocidentais.[1] O quão religiosas eram realmente as guerras dos séculos XVI e XVII também é alvo de discussões, com estudos recentes argumentando que, embora o discurso religioso estivesse presente, a religião não era a motivação dessas guerras.[7][8] É apontado como evidência disso o fato de que havia católicos e protestantes envolvidos de ambos os lados da guerra, sendo em essência um combate entre as duas maiores potências católicas da época: a França e o Sacro Império Romano.[9]
Referências
- ↑ a b c Onnekink, David (2013). War and Religion after Westphalia, 1648–1713. [S.l.]: Ashgate Publishing. pp. 1–8. ISBN 9781409480211. Consultado em 13 de junho de 2018
- ↑ John Hearsey McMillan Salmon. «The Wars of Religion». Encyclopædia Britannica. Encyclopædia Britannica, Inc. Consultado em 14 de junho de 2018
- ↑ Pinker, Steven (2011). The Better Angels of Our Nature: Why Violence Has Declined. New York: Penguin Books. p. 142. ISBN 978-0143122012
- ↑ Treaty of Münster 1648
- ↑ Barro, R. J.; McCleary, R. M. «Which Countries have State Religions?» (PDF). University of Chicago. p. 5. Consultado em 7 de novembro de 2006. Cópia arquivada (PDF) em 30 de agosto de 2006
- ↑ MacCulloch, Diarmaid (2004). Reformation: Europe's House Divided 1490–1700. Penguin UK. p. 670. ISBN 978-0141926605
- ↑ Palaver, Wolfgang; Rudolph, Harriet; Regensburger, Dietmar, eds. (2016). The European wars of religion: an interdisciplinary reassessment of sources, interpretations, and myths. Farnham, Surrey, England, UK: Ashgate
- ↑ Cavanaugh, William T. (2009). The myth of religious violence: secular ideology and the roots of modern conflict. Oxford ; New York: Oxford University Press. OCLC 291193664
- ↑ Hart, David Bentley (2009). Atheist delusions: the Christian revolution and its fashionable enemies. New Haven: Yale University Press
Fontes
editar- Greengrass, Mark. The European Reformation 1500-1618. Longman, 1998. ISBN 0-582-06174-1
- MacCulloch, Diarmaid. The Reformation: A History. New York: Penguin 2003.