Guilherme I de Champlite

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Guilherme I de Champlite (em francês: Guillaume de Champlitte; anos 1160 - 1209) foi um cavaleiro francês que juntou-se a Quarta Cruzada e tornou-se o primeiro príncipe da Acaia entre 1205-1209.[1][2][3] Participou do Cerco de Constantinopla de 1204 e após o Partitio Romaniae permaneceu ao lado de Bonifácio I de Monferrato no Reino de Tessalônica. Em 1205, aceitou o convite de seu amigo Godofredo I de Vilearduin e marchou em direção ao Peloponeso onde juntos empreenderam a conquista da região, derrotaram Miguel I Comneno Ducas (r. 1205–1215) na batalha do Olival de Cúnduros e fundaram o Principado de Acaia. Em 1208, partiu para o França para reivindicar uma herança deixada para ele, porém morreu durante o caminho, na Apúlia.

Guilherme I de Champlite
Príncipe da Acaia
Guilherme I de Champlite
Brasão de armas do Guilherme I
Reinado 12051209
Consorte Alais de Meursault
Isabel de Mount-Saint-Jean
Eustáquia de Courtenay
Antecessor(a) -
Sucessor(a) Godofredo I
Nascimento Anos 1160
Morte 1209
  Apúlia
Dinastia Champlite
Pai Odão I de Champlite
Mãe Sibila
Filho(s) Guilherme II de Champlite
Isabel de Champlite
Odão III de Champlite

Biografia

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Primeiros anos e Quarta Cruzada

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Guilherme nasceu nos anos 1160, o segundo filho de Odão I de Champlite, visconde de Dijon, e sua esposa Sibila.[3] Casou-se pela primeira vez com Alais de Meursault em data desconhecida. Com o consentimento dela, em 1196, doou propriedades para o abade cisterciense de Auberive para a alma de seu jovem irmão Hugo I.[4] Mais tarde no mesmo ano, casou-se com Isabel de Mount-Saint-Jean, a viúva de Aimão de Marigny, mas eles se divorciaram em 1199. Em 1200, Guilherme casou-se com Eustáquia de Courtenay, viúva de Guilherme de Brienne, com quem teve três filhos: Guilherme II, Isabel e Odão III.[5]

Guilherme e seu irmão Odão II de Champlite se juntaram à Quarta Cruzada em setembro de 1200 na Abadia de Cister.[5] Guilherme foi um dos principais cruzados que assinaram a carta escrita em abril de 1203 pelos condes Balduíno IX de Flandres, Luís I de Blois e Hugo IV de Saint-Pol para o papa Inocêncio III (1198–1216), que excomungou a expedição inteira após a ocupação de Zara (atual Zadar, Croácia).[6][7] Eles imploraram para o papa não castigar o marquês Bonifácio I de Monferrato, o líder da cruzada que tinha, de modo a preservar a integridade da expedição, retido a publicação da bula papal do anátema.[8][9]

Os cruzados tomaram Constantinopla em 13 de abril de 1204.[10] Eles deram o trono imperial para Balduíno IX, que foi cerimonialmente coroado em 16 de maio de 1204 como Balduíno I de Constantinopla,[11] mas Guilherme de Champlite juntou-se a Bonifácio de Monferrato que tornou-se rei de Tessalônica sob o novo imperador.[12] De acordo com o Partitio Romaniae, um tratado concluído por todos os líderes da Quarta Cruzada, a República de Veneza recebeu títulos para ocupar, entre outros territórios, o Peloponeso inteiro (na moderna Grécia).[13]

Fundação do Principado de Acaia

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Peloponeso na Idade Média
 
Fortaleza de Modon

No começo de 1205, Godofredo I de Vilearduin, um dos antigos amigos de Guilherme de Champlite, chegou ao acampamento de Bonifácio I de Tessalônica em Náuplia. Ele tinha anteriormente ocupado algumas partes da Messênia e agora persuadiu o rei que mesmo embora a porção noroeste do Peloponeso estivesse oferecendo resistência, o resto da península poderia facilmente ser conquistada. Godofredo também ofereceu compartilhar o território com Guilherme.[14] Bonifácio I logo em seguida nomeou Guilherme para manter o Peloponeso como um feudo próprio. Godofredo de Vilearduin então prestou homenagem a Guilherme e os dois, com 100 cavaleiros e 400 homens montados, zarparam para conquistar o resto da península.[15]

De Náuplia, Guilherme e Godofredo fizeram seu caminho para o norte de Corinto, e daí ao longo da corte do golfo de Patras, onde tomaram a cidade e o castelo. Eles continuaram descendo a costa para Andravida, onde os arcontes locais e a população vieram ao encontro deles, com padres carregando a cruz e ícones. Os gregos prestaram obediência para Guilherme como o nome governante deles. A queda de Andravida também significou a fácil ocupação de Élida. Onde quer que Guilherme não encontrou resistência, ele reconheceu os direitos a terra, costumes e privilégios aos gregos.[16]

Os conquistadores encontraram o primeiro obstáculo sério na Arcádia, na fortaleza de Ciparíssia, que eles não estavam preparados para tomar. Os cruzados continuaram para Modon (atual Metoni), mas os nativos de Nicles, Velígosti e Esparta, junto com os eslavos melingos do monte Taigeto e os montanheses de Maina, formaram um exército de modo a opor-se ao avanço deles. A resistência logo juntou-se a um certo Miguel que é identificado por muitos estudiosos com Miguel I Comneno Ducas (r. 1205–1215), que fez-se déspota do Epiro.[17] Guilherme rapidamente fortificou Modon e preparou-se para encontrar com os gregos. A batalha que decidiu o futuro da Acaia foi travada no olival chamada Cúnduras no verão de 1205. Aqui os cruzados bem armados e melhor disciplinados conseguiram uma esmagadora vitória sobre as forças gregas muito mais numerosas. Miguel fugiu do campo de batalha e Guilherme em pouco tempo ocupou Coron (atual Coroni), Calamata e Ciparíssia.[16]

 
Papa Inocêncio III (1198–1216)

Embora a península não foi inteiramente invadida - por exemplo Leão Esguro ainda resistiu em Acrocorinto, Argos e Náuplia - pelo outono de 1205, Guilherme assumiu o título de príncipe da Acaia. O nome foi derivado da região da Acaia, na porção nordeste da península, uma das primeiras regiões que os cruzados subjugaram. A Acaia no título do príncipe, contudo, era uma referência ao Peloponeso inteiro.[17] Em 19 de novembro de 1205, Inocêncio III, em uma carta para Tomás Morosini, o nome patriarca latino de Constantinopla, refere-se a Guilherme como "príncipe de toda a província da Acaia" (em latim: princeps totius Achaiae provinciae).[18][19]

Os venezianos, contudo, de modo a assegurar controle dos portos chave entre a península Itálica e Constantinopla, exigiu que seus direitos garantidos a eles pelo tratado de partilha de 1204 fossem reconhecidos. No começo de 1206, eles ocuparam Modon e Coron, expulsando as guarnições francas. Em 1208, Guilherme soube da morte de seu irmão Luís I na Borgonha e decidiu retornar para o Reino da França para reclamar as terras da família.[20] Ele deixou Godofredo de Vilearduin como bailio para administrar a Acaia até o sobrinho de Guilherme, chamado Hugo, pudesse chegar para substituí-lo como bailio. Guilherme, contudo, morreu no caminho para casa na Apúlia.[5][21][22]

Referências

  1. Runciman 1951, p. 126.
  2. Longnon 1969, p. 239.
  3. a b Evergates 2007, p. 220.
  4. Bouchard 1987, p. 121.
  5. a b c «GUILLAUME de Champlitte» (em inglês). Consultado em 14 de agosto de 2014 
  6. Runciman 1951, p. 115.
  7. Andrea 2000, p. 54-56.
  8. Runciman 1951, p. 111.
  9. Andrea 2000, p. 55.
  10. Fine 1994, p. 62.
  11. Runciman 1951, p. 124-125.
  12. Setton 1976, p. 16.
  13. Runciman 1951, p. 125.
  14. Longnon 1969, p. 237.
  15. Fine 1994, p. 69.
  16. a b Setton 1976, p. 25.
  17. a b Fine 1994, p. 70.
  18. Runciman 1951, p. 124.
  19. Setton 1976, p. 26.
  20. Setton 1976, p. 33.
  21. Fine 1994, p. 71.
  22. Setton 1976, p. 34.

Bibliografia

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  • Andrea, Alfred J. (2000). Contemporary Sources for the Fourth Crusade. [S.l.]: Brill. ISBN 90-04-11740-7 
  • Bouchard, Constance Brittain (1987). Sword, Miter, and Cloister: Nobility and the Church in Burgundy, 980-1198. [S.l.]: Cornell University Press. ISBN 0-8014-1974-3 
  • Evergates, Theodore (2007). The Aristocracy in the County of Champagne, 1100-1300. [S.l.]: University of Pennsylvania Press. ISBN 978-0-8122-4019-1 
  • Fine, John V. A. (1994). The Late Medieval Balkans: A Critical Survey from the Late Twelfth Century to the Ottoman Conquest. [S.l.]: The University of Michigan Press. ISBN 0-472-08260-4 
  • Longnon, Jean (1969). «The Frankish States in Greece, 1204-1311». In: Setton, Kenneth M.; Wolff, Robert Lee; Hazard, Harry W. A History of the Crusades, Volume II: The Later Crusades, 1189-1311. [S.l.]: The University of Wisconsin Press. ISBN 0-299-04844-6 
  • Runciman, Steven (1951). A History of the Crusades, Volume III: The Kingdom of Acre and the Later Crusades. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0-521-06163-6 
  • Setton, Kenneth M. (1976). The Papacy and the Levant (1204-1571). Volume I: The Thirteenth and Fourteenth Centuries. [S.l.]: The American Philosophical Society. ISBN 0-87169-114-0