Hecateu de Mileto
Hecateu de Mileto (Mileto, ca. 550 a.C. — ca. 480 a.C.) foi um logógrafo, geógrafo, mitógrafo, e viajante grego. viajou pelo Império Aquemênida (Anatólia, Pérsia, Mesopotâmia e Egito) e escreveu um livro sobre o Egito e Ásia que não sobreviveu. Continuou o trabalho, começado por Anaximandro, de desenhar um mapa do mundo.
Hecateu de Mileto | |
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Nascimento | 550 a.C. Mileto |
Morte | 480 a.C. Mileto |
Progenitores | Pai: Hegesandro |
Ocupação |
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Biografia
editarHecateu nasceu ca. 550 a.C.[1] em Mileto, então parte da satrapia da Lídia do Império Aquemênida,[2] e era filho de Hegesandro. Por vários anos viajou extensivamente pela Europa, Oriente Médio e Egito antes de retornar a sua cidade natal, onde ocupou posição de proeminência. Quando Aristágoras reuniu uma assembleia para organizar a Revolta Jônica (500–494), tentou dissuadir em vão seus compatriotas.[3] No decorrer da peleja, quando os jônios estavam perdendo a guerra, Hecateu propôs a construção duma frota (a ser construída com o tesouro do templo de Apolo) para obter a supremacia marítima, uma vez que a batalha por terra era inviável.[4] Em 494 a.C., quando Mileto foi incendiada, Hecateu estava entre os embaixadores enviados para pedir a paz[5] ao sátrapa Artafernes, a quem persuadiu para restaurar a constituição das cidades jônias.[3]
Obras
editarHecateu aprimorou o mapa do mundo de Anaximandro, que concebeu como um disco plano circundado pelo rio Oceano, e escreveu a obra pioneira Periégese (lit. "Viagem em torno do Mundo"), dividida nos livros "Europa" e "Ásia" (que incluía a África). O Periégese dá informações sobre lugares e povos que viu em suas viagens, em sentido horário, do estreito de Gibraltar e o fim da costa atlântica do Marrocos à Cítia, Pérsia, Índia, Egito e Núbia. Sobreviveu em fragmentos, que totalizam mais de 300, muitos deles meras citações de Estêvão, o Bizantino.[6]
Hecateu ainda escreveu a obra Genealogias, que consiste na descrição sistemática das tradições e mitologia dos gregos em quatro livros que sobreviveram em só 40 fragmentos. Foi provavelmente o primeiro a tentar uma história séria da prosa e a empregar um método crítico para distinguir o mito do fato histórico, embora aceite Homero e os outros poetas como confiáveis. Heródoto, embora pelo menos uma vez controverta suas declarações, está em débito com Hecateu não apenas pelos fatos, mas também em relação ao método e ao esquema geral.[3] Esta obra teve importante impacto na tradição clássica.[7]
Referências
- ↑ Nicolai 2015, p. 1097.
- ↑ Dandamaev 1989, p. 153.
- ↑ a b c Editores 1911.
- ↑ Dandamaev 1989, p. 161.
- ↑ Grimbly 2013, p. 9.
- ↑ Wilson 2013, p. 339.
- ↑ Koike 2013, p. 27.
Bibliografia
editar- Dandamaev, M. A. (1989). A Political History of the Achaemenid Empire. Leida e Nova Iorque: BRILL
- Editores (1911). «Hecataeus of Miletus». Enciclopédia Britânica. Chicago, Ilinóis: Encyclopædia Britannica, Inc.
- Grimbly, Shona (2013). Atlas of Exploration. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 9781135970062
- Koike, Katsuzo (2013). Hecateu de Mileto e a Formação do Pensamento Histórico Grego (PDF). Coimbra: Universidade de Coimbra
- Nicolai, Roberto (2015). «Historiography, Ethnography, Geography». In: Montanari, Franco; Matthaios, Stefanos; Rengakos, Antonios. Brill's Companion to Ancient Greek Scholarship (2 Vols.). Leida e Nova Iorque: Brill. ISBN 9789004281929
- Wilson, Nigel (2013). Encyclopedia of Ancient Greece. Londres e Nova Iorque: Routledge