Heliconius ethilla narcaea
Heliconius ethilla narcaea é uma subespécie de inseto; uma borboleta neotropical da família Nymphalidae e subfamília Heliconiinae[1], endêmica da região de floresta tropical e subtropical úmida atlântica do nordeste, sudeste e sul do Brasil, entre o Alagoas[2] e o Rio Grande do Sul e chegando, a sua distribuição geográfica, até o Paraguai.[3] No Brasil, ela pode receber a denominação vernácula de Maria-boba[4] ou Mariquita[3], tendo sido descrita por Jean Baptiste Godart no ano de 1819, a partir de um espécime-tipo com provável proveniência do Rio de Janeiro ("Antilles" na descrição, contida no texto Revision der Ersten Gruppe der Gattung Heliconius).[1]
Heliconius ethilla narcaea | |||||||||||||||||||||||
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A asa direita da borboleta da espécie Eueides isabella, subespécie dianasa, um mimético de H. ethilla narcaea.
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Classificação científica | |||||||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||||||
Heliconius ethilla narcaea (Godart, 1819)[1] | |||||||||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||||||||
Heliconia narcaea Godart, 1819 Mechanites (sic) ecrate Hübner, [1823] Heliconius satis Weymer, 1875 Heliconius eucrate var. infuscata Staudinger, 1885 Heliconius narcaea ab. brunnescens Neustetter, 1907 Heliconius connexa Seitz, 1912[1] |
Heliconius ethilla
editarHeliconius ethilla narcaea é uma das variações cromáticas, ou subespécies, de Heliconius ethilla (Godart, 1819)[5], uma espécie que habita a América do Sul, do Panamá[1] até a Argentina.[6] Seus indivíduos podem atingir até os seis ou sete centímetros de envergadura.[7]
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Gravura da primeira metade do século XIX com H. ethilla, acima, em vista superior e inferior.
Hábitos e habitat
editarEsta borboleta geralmente voa lentamente e a uma altura baixa, em altitudes que vão do nível médio do mar a até mais de 1.500 metros, em habitats de beira de floresta, como clareiras[8], até ambientes antrópicos como jardins e parques de cidades, onde procuram o néctar das flores.[9]
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Fotografia de H. ethilla narcaea visitando flores de Lantana camara. Vistas por baixo suas asas são mais pálidas.
Aposematismo e mimetismo
editarSuas lagartas se alimentam de plantas do gênero Passiflora (família Passifloraceae), incluindo Passiflora alata[9] e Passiflora edulis.[10] São brancas e espinescentes, sendo evitadas por predadores devido às substâncias tóxicas que assimilam de sua planta-alimento.[9] Os adultos também são evitados, apresentando suas asas moderadamente longas e estreitas, de coloração predominante laranja, vistas por cima, com variáveis padrões de branco, amarelo e negro.[4][11][12][13] Este padrão é comum a diversas espécies de Lepidoptera americanos dos trópicos, que compartilham um mecanismo mimético comum nestas cores, cuja função é aposemática.[14] Através de seleção natural, outras espécies do mesmo habitat as mimetizam, como Mechanitis lysimnia lysimnia[15], Eueides isabella dianasa[16] e Consul fabius drurii.[17]
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Nesta relação de mimetismo mülleriano, H. ethilla narcaea[11] e Mechanitis lysimnia lysimnia[18] são a quinta e sexta borboletas, em ordem de leitura.
Diferenciação entre H. ethilla narcaea e H. ethilla polychrous
editarNa região sudeste e sul do Brasil as subespécies de Heliconius ethilla, narcaea e polychrous, diferem pela área em amarelo nas asas dianteiras, bem maior em polychrous[6] do que em narcaea.[12]
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Fotografia de Heliconius ethilla polychrous, vista superior.
Ligações externas
editarReferências
- ↑ a b c d e f g Savela, Markku. «Heliconius ethilla» (em inglês). Lepidoptera and some other life forms. 1 páginas. Consultado em 16 de janeiro de 2018
- ↑ Paluch, Márlon; Mielke, Olaf Hermann Hendrik; Linhares, Lucílio Matos; Silva, Diego Carvalho da (1 de abril de 2016). «Butterflies (Lepidoptera: Papilionoidea and Hesperioidea) of the Private Reserve of Natural Heritage Fazenda Lontra/Saudade, Itanagra, Northern Coast of Bahia, Brazil» (em inglês). Biota Neotrop. vol.16 no.1 Campinas (SciELO). 1 páginas. Consultado em 16 de janeiro de 2018.
The northern border of the distribution of Heliconius ethilla narcaea Godart, 1819 (Heliconiini) seems to be Maceió, Alagoas.
- ↑ a b PALO JR., Haroldo (2017). Butterflies of Brazil / Borboletas do Brasil, volume 2. Nymphalidae 1ª ed. São Carlos, Brasil: Vento Verde. p. 944-945. 1.728 páginas. ISBN 978-85-64060-10-4
- ↑ a b Luiz, Diogo (6 de julho de 2016). «Borboleta-maria-boba (Heliconius ethilla narcaea)». Biofaces. 1 páginas. Consultado em 16 de janeiro de 2018
- ↑ Demaio, Massimo. «Heliconius ethilla (J. B. Godart, 1819)» (em inglês). Heliconius butterflies. 1 páginas. Consultado em 16 de janeiro de 2018
- ↑ a b «Heliconius ethilla polychrous C. & R. Felder, 1865» (em francês). La Diversité des Heliconius. 1 páginas. Consultado em 17 de janeiro de 2018
- ↑ Neubauer, Thomas. «Heliconius ethilla» (em alemão). Butterfly corner. 1 páginas. Consultado em 16 de janeiro de 2018.
Die Flügelspannweite beträgt 6,0 – 7,0 cm.
- ↑ Beltrán, Margarita (21 de julho de 2010). «Heliconius ethilla Godart, 1819» (em alemão). Tree of Life Web Project. 1 páginas. Consultado em 16 de janeiro de 2018
- ↑ a b c OTERO, Luiz Soledade (1986). Borboletas. Livro do Naturalista (21 X 28cm) 1ª ed. Rio de Janeiro: Ministério da Educação - FAE. p. 77. 112 páginas. ISBN 85-222-0195-1
- ↑ OTERO, Luiz Soledade; MARIGO, Luiz Claudio (1990). Borboletas. Beleza e comportamento de espécies brasileiras 1ª ed. [S.l.]: Marigo Comunicação Visual. p. 43. 128 páginas. ISBN 85-85352-01-9
- ↑ a b «Heliconius ethilla narcaea (Godart, 1819)» (em inglês). Lepidoptera Brasiliensis. 1 páginas. Consultado em 16 de janeiro de 2018
- ↑ a b «Heliconius ethilla narcaea Godart, 1819» (em francês). La Diversité des Heliconius. 1 páginas. Consultado em 17 de janeiro de 2018
- ↑ Conte, Rodrigo (22 de fevereiro de 2014). «Ethilia Longwing (Heliconius ethilla narcaea)» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 16 de janeiro de 2018
- ↑ «Butterfly mimicry rings – a case of natural selection?» (em inglês). Non-darwinian views on evolution. 7 de maio de 2013. 1 páginas. Consultado em 16 de janeiro de 2018
- ↑ PALO JR., Haroldo (Op. cit., p.819.).
- ↑ OTERO, Luiz Soledade (Op. cit., p.79.).
- ↑ PALO JR., Haroldo (Op. cit., p.1.306.).
- ↑ Mechanitis lysimnia lysimnia (fonte)