Henri-Gustave Delvigne

Henri-Gustave Delvigne (10 de abril de 1800 Hamburgo, Alemanha18 de outubro de 1876 (76 anos) Toulon, França), foi um oficial de infantaria da "Garde Royale" (Tenente com a patente de Capitão na linha de frente) e inventor francês, ele renunciou ao exército após a Revolução de Julho; como inventor, Delvigne desenhou rifles inovadores e ajudou a desenvolver as balas cilíndro-cônicas.[1]

Henri-Gustave Delvigne.

A carabina Delvigne

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Em 1826, Delvigne inventou um novo método que simplificou muito o uso de canos estriados e criou um "rifle" que leva seu nome. A câmara deste rifle era menor que o diâmetro do cano da arma, ao qual era conectada por um tubo de raio igual ao da bala usada. Tanto a pólvora quanto a bala eram carregadas na câmara pela "boca" do cano da arma (antecarga). A bala se acomodava sobre o tubo da câmara e era então compactada com a vareta. Com isso, o diâmetro da bala aumentava até se encaixar nas ranhuras do cano, e com esse contato firme com o raiamento, giraria sobre seu próprio eixo mais fortemente.[2]

Sabot de madeira

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Em uma evolução deste primeiro desenho, M. de Pontacharra introduziu um "sabot" de madeira na parte traseira da bala, que limitava sua deformação em direção à câmara, ao mesmo tempo que permitia que a sua expansão radial se adaptasse às ranhuras.[2]

De acordo com o historiador da artilharia John Gibbon:

Delvigne, ao colocar uma câmara na parte inferior do cano de um rifle comum e usá-la para forçar a bala, colocada livremente no cano, eliminou a grande objeção ao uso de rifles na guerra: a dificuldade de carregá-los, e deu um impulso no que diz respeito às investigações sobre a arma, o que gerou uma revolução no sistema de armar a infantaria, ao conduzir ao uso do presente armamento, mais eficiente. Este evento levou à adoção, em 1842, no Exército francês, da carabina com câmara em lugar do mosquete estriado com balas esféricas.[3]

— John Gibbon, The Artillerist's Manual 1860

A deformação radial da bala contra as ranhuras permitiria uma melhor rotação da bala, mas sua deformação a tornava menos aerodinâmica limitando seu alcance.

Balas cilindro-cônicas

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A partir de 1830, Delvigne começou a desenvolver balas cilindro-cônicas.[1] A estabilidade da bola será posteriormente melhorada graças à introdução de ranhuras por François Tamisier. No entanto, adicionar essas ranhuras à bala dificultou a expansão da bala contra as ranhuras do cano.[4]

A invenção de Delvigne foi aprimorada pelo oficial francês Louis-Étienne Thouvenin. Ele adiciona uma haste no centro da câmara, a pólvora depositada pelo cano ficava ao redor dessa haste, sobre a qual a bala era inserida; quano a bala era empurrada pela vareta, a sua base se expandia radialmente forçada pela haste contra as ranhuras do cano, evitando deformar a ponta da bala, mantendo sua aerodinâmica.[5]

Essas invenções marcam etapas importantes no aprimoramento do "rifle" e são precursoras da bala Minié, desenvolvimento para o qual Delvigne também contribuiu.

Arma de serviço até 1892

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O revólver Chamelot-Delvigne foi uma das armas que Delvigne desenvolveu com o armeiro belga J. Chamelot, a partir de 1862. Foi adotado pelo Exército Suíço, em abril de 1872 em calibre 10,4 mm, o Chamelot-Delvigne foi selecionado pelo "Armée de terre" em calibre 11 mm, utilizando cartuchos Lefaucheux e o "spécial Galand", em 1873.[6]

Outras invenções

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Delvigne também desenvolveu alguns aparelhos salva-vidas, especialmente foguetes salva-vidas.[7]

Publicações

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As publicações de Delvigne incluem:

  • Exposé d'un nouveau système d'armement pour l'infanterie (1836).[8]
  • Le revolver réglementaire Chamelot-Delvigne Modèle 1873 - Ebook, Bastié et Casanova - (Éditions H&L - HLebooks.com 2001)
  • Connaissance du revolver français Modèle 1873 - Ebook, Gérard Henrotin - (Éditions H&L - HLebooks.com 2011)

Honrarias

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O inventor foi condecorado com a "Légion d'Honneur" em 1830 e em seguida, promovido a oficial da mesma ordem em 1866.[7]

Ver também

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Referências

  1. a b «Henri-Gustave Delvigne». Encyclopædia Britannica, Inc. Consultado em 19 de abril de 2021 
  2. a b Figuier, Louis (1869). Les merveilles de la science, ou Description populaire des inventions modernes (em francês). 3 1.ª ed. [S.l.]: Furne, Jouvet et Cie. p. 481. 752 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
  3. Gibbon, John (1860). The Artillerist's Manual (em inglês) 1.ª ed. [S.l.]: D.Van Nostrand. p. 135. 568 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
  4. «CHAPTER IV - RIFLES». usregulars.com. Consultado em 19 de abril de 2021 
  5. Figuier, Louis (1869). Les merveilles de la science, ou Description populaire des inventions modernes (em francês). 3 1.ª ed. [S.l.]: Furne, Jouvet et Cie. p. 485. 752 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
  6. Shideler, Dan (2011). «The French Service Revolver Models of 1873 and 1874 by Raymond Caranta». Gun Digest 2011 (em inglês) 65.ª, ilustrada ed. [S.l.]: Action Editora (publicado em 11 de agosto de 2010). pp. 18–21. 568 páginas. ISBN 978-1-44021-337-3. Consultado em 19 de abril de 2021 
  7. a b «Delvigne, Henri Gustave». Archives Nationales. Consultado em 19 de abril de 2021 
  8. Delvigne, Gustave (1836). Exposé d'un nouveau système d'armement pour l'infanterie (em inglês) 1.ª ed. [S.l.]: Mme de Lacombe. 120 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
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