História de Arapoti
A história de Arapoti tem sua origem na histórica Fazenda Jaguariaíva do lendário povoador destas paragens, coronel Luciano Carneiro Lobo, cujos campos eram ocupados por criatórios de gado e serviam como pouso para tropas vindas do Sul, em consequência do tropeirismo no Paraná.[1][2][3] O Coronel Luciano Carneiro Lobo adquiriu a fazenda Jaguariaíva em 1795 e em 15 de setembro de 1823 a Fazenda Jaguariaíva foi elevada à categoria de Freguesia.[2]
Através da Lei Municipal n.º 2, de 8 de outubro de 1908, foi criado o Distrito Judiciário de Cerrado, no município de Jaguariaíva.[2][3] A localidade de Cerrado foi uma das primeiras a ser povoada no então território do futuro município de Arapoti e teve alavancado seu desenvolvimento a partir de 1910.[1] Em 1910 foi instalado a serraria e fábrica de papel da Southern Brazil Lumber & Colonization Companye, e, logo depois, em 1912, chegou o Ramal Ferroviário do Paranapanema, que, atravessou a fazenda Capão Bonito e possibilitou a fixação de moradores em torno da estação ferroviária de nome "Cachoeirinha".[1][3]
Vivendo os ciclos econômicos do café produzido em grande escala na região do Norte Pioneiro do Paraná, e o ciclo da madeira, recebeu, a partir de 1916, imigrantes de origem espanhola e polonesa.[1][3][4]
Os imigrantes espanhóis vieram, na sua grande maioria da Região Autônoma da Galiza, especialmente do lugar chamado Fontearcada, na província de Ourense. Vindos para trabalhar na agricultura, plantavam cereais e hortaliças, e ainda se dedicavam à criação de animais. Parte da produção utilizavam na subsistência da família e outra parte comercializavam nas vilas de Cachoeirinha e da Fábrica de Papel. As famílias espanholas formaram praticamente uma colônia, próximo aos bairros KM 34, Km 39, Capão Bonito e Tigrinho. Entre tantas famílias, residiam as famílias Trigo, Campos, Moinhos (ou Molinos), Perez, Moura, Dias, Esteves, Vasquez, Valência, Galante, Alvarez, Rodrigues, Barros, Martinez e Pena.[4]
A maioria das famílias polacas chegaram a Arapoti no início do século XX e formaram colônias nos bairros KM 34 e Capão Bonito, Cerrado das Cinzas e KM 39. Entre os imigrantes, residiam as famílias Vendrechoski, Romanoski, Zelazowski, Wsolek, Pietroski, Buniowski, Levandowski, Michalowski, Kiuteka, Turkiewicz, Nieviandonski e Trzaskos.[4]
Em 1925 entrou em operação a "fábrica-mãe", unidade industrial fabricadora de papel que mais tarde daria origem a Inpacel.[5] Em 1929 foi construída uma capela católica, toda feita em madeira, que recebeu como padroeiro São João Batista.[6]
Com o Decreto-Lei n.º 2.556, de 18 de dezembro de 1933, foi alterado a denominação de Cerrado para Cachoeirinha. Em 7 de março de 1934, Cachoeirinha passou a ser Distrito Administrativo de Jaguariaíva.[2][3] Pelo decreto-lei estadual n.º 199, de 30 de dezembro de 1943, o distrito de Cachoeirinha passou a denominar-se Arapoti e o de São José a denominar-se Calógeras, em homenagem a João Pandiá Calógeras.[2][3]
Pela lei estadual n.º 253, de 26 de novembro de 1954, os distritos de Arapoti e Calógeras desmembraram-se do município de Jaguariaíva para formar um novo município.[2] Foi instalado como município e cidade de Arapoti em 18 de dezembro de 1955.[1]
Em 1960, foi a vez da imigração holandesa no município.[1][7] Com a instalação de uma colônia holandesa formada por produtores rurais que visavam principalmente a produção de leite, foi possível fundar uma cooperativa, que deu origem a Cooperativa Agro-Industrial (CAPAL), integrante do grupo ABC do complexo Batavo. A partir da década de 1970 a cooperativa expandiu sua atuação e recebeu também muitos cooperados brasileiros. A iniciativa transformou o município de Arapoti em um pólo de alta tecnologia em agricultura e pecuária, com destaque para a produção de soja, milho, trigo, suínos, frangos e gado holandês leiteiro de alta linhagem.[1][8]
Em 2 de dezembro de 1968 foi fundada a Cooperativa de Eletrificação Rural Arapoti Ltda, que passou a ser a Cooperativa de Infraestrutura de Arapoti - Ceral, e posteriormente Cooperativa de Distribuição de Energia Elétrica de Arapoti - Ceral-Dis, que foi responsável por levar a energia elétrica para a área rural.[9]
Em 8 de dezembro de 1987 foi criada a comarca de Arapoti, por meio da Lei nº 8623, sendo instalada em 5 de novembro de 1988, compreendendo também o Distrito Judiciário de Calógeras, e tendo como primeiro juiz de direito Salvatore Antônio Astuti.[10]
Em agosto de 1992 foi inaugurada a Arapoti Indústria de Papel S.A. (antiga Inpacel Indústria Ltda.).[11] Com a instalação da unidade, fez surgir no município uma das mais modernas indústrias papeleiras do país na época.[1][5] A unidade produz papéis revestidos de baixa gramatura e fibras termomecânicas de alto rendimento para mercado, sendo o papel utilizado para impressão de revistas e catálogos.[12][5] A Inpacel foi comprada pela International Paper e, posteriormente, pela Stora Enso.[1] Em 2007 a Stora Enso fechou parceria com a Arauco do Brasil, vendendo 20% da unidade fabril, 80% da unidade florestal e 100% da serraria.[13] Em 2015 a chilena Papeles Bio Bio, atual BO Paper,[14] adquiriu 80% da unidade industrial de Arapoti,[15] o mesmo grupo que havia adquirido anteriormente a Pisa Papel de Imprensa S/A de Jaguariaíva, entre 2013 e 2014.[16][17][5]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e f g h i «História da Cidade». Prefeitura Municipal de Arapoti. Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ a b c d e f IBGE Cidades. «História Jaguariaíva». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ a b c d e f IBGE Cidades. «História Arapoti». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ a b c Nicole Renata Chiaradia (3 de dezembro de 2020). «Reconhecimento: Imigrantes são homenageados em denominação de estrada». Câmara Municipal de Arapoti. Consultado em 8 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 8 de janeiro de 2022
- ↑ a b c d «BO Paper Arapoti». BO Paper. Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ «Cidade: Arapoti – A cidade "Campos floridos"». Rota do Rosário. Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ Carla Roseane de Sales Camargo (2016). «A reconstrução histórica do Colégio Colônia Holandesa - Arapoti - Paraná (1960-2013)». Universidade Estadual de Ponta Grossa. Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ «Conheça nossa história». Capal Cooperativa Agroindustrial. 2018. Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ «CERAL: Cooperativa de Infraestrutura de Arapoti completa 50 anos». Paraná Cooperativo. 27 de dezembro de 2018. Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ «Arapoti: o município e a comarca». Tribunal de Justiça do Paraná. Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ «Inpacel teve prejuízo em 95». Folha de S.Paulo. 18 de julho de 1996. Consultado em 28 de janeiro de 2020
- ↑ «Stora Enso e Arauco fecham parceria no Brasil». O Globo. 29 de setembro de 2007. Consultado em 25 de fevereiro de 2019
- ↑ «Stora Enso e Arauco fecham parceria no Brasil». O Globo. 29 de setembro de 2007. Consultado em 28 de janeiro de 2020
- ↑ Fernando Rogala (11 de outubro de 2017). «Grupo BO projeta consolidar R$ 50 mi em aportes até 2018». A Rede. Consultado em 25 de fevereiro de 2019
- ↑ Juliana Machado (31 de dezembro de 2015). «Stora Enso acerta venda de fábrica no PR para chilena Papeles Bio Bio». Valor Econômico. Consultado em 25 de fevereiro de 2019
- ↑ «Histórica papelera cambió de nombre a Bo Paper Bío Bío S.A.». Lignum. 8 de outubro de 2018. Consultado em 25 de fevereiro de 2019. Arquivado do original em 26 de fevereiro de 2019
- ↑ Fernando Rogala (5 de abril de 2016). «Stora Enso conclui venda e fábrica de papel passa a se chamar BO Paper». Folha Paranaense. Consultado em 25 de fevereiro de 2019