Idalino Ferreira da Costa Brochado
Idalino Ferreira da Costa Brochado, MHIH • OIP (Vilarinho, 18 de fevereiro de 1904 — Lisboa, 20 de novembro de 1989), foi um jornalista, historiador, escritor, político e intelectual orgânico do Estado Novo e do Salazarismo.[1][2][3]
Costa Brochado | |
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Nome completo | Idalino Ferreira da Costa Brochado |
Nascimento | 18 de fevereiro de 1904 Vilarinho, Santo Tirso |
Morte | 20 de novembro de 1989 Lapa, Lisboa Portugal |
Nacionalidade | |
Cônjuge | Maria Júlia de Vasconcellos Menezes Ribeiro |
Ocupação | Escritor, Politico, historiador |
Biografia
editarCosta Brochado, nome que utilizava na sua vida pública, nasceu em Vilarinho, Santo Tirso, a 18 de fevereiro de 1904. Descendente de famílias dos concelhos de Amarante e Paços de Ferreira, recebeu de seus pais Ana Ribeiro Pacheco Brochado e Abílio Ferreira da Costa uma sólida educação católica.[1][2][3] É primo direito materno do Padre Alexandrino Brochado, e tio dos advogados Mário Brochado Coelho e Fernando Brochado Coelho.
Estudou na Escola Comercial Oliveira Martins, no Porto. Aí começou a colaborar no jornal Alvor do Provir e no periódico de Gondomar, A Nossa Terra. Foi também responsável da revista literária Sangue Novo em 1925.[1][2][3]
Casou com Maria Júlia de Vasconcellos Menezes Ribeiro (Paços de Gaiolo, Santo Tirso 1898 - Lisboa 13 de julho de 1936) em 31 de outubro de 1931.[1][2][3]
Em 1932 começou a trabalhar como jornalista para O Comércio do Porto. Em 1933, a convite de António Ferro, responsável da Propaganda do regime de António de Oliveira Salazar, dirigiu A Verdade, jornal do regime, onde permaneceu até 1939.[1][2][3]
Foi homem de confiança e secretário particular de Salazar, membro de comissões politicas e comemorativas do regime, e autor de uma extensa obra escrita. Os seus textos cobrem a historiografia de figuras e eventos da historia de Portugal centrais ao regime de Salazar, bem como da religião católica e da política. Defendeu a ideia de um Estado Social, em oposição ao que chamava "desordem republicana". Rejeitou o comunismo, o demoliberalismo, e o liberalismo. Considerava que o corporativismo católico de Leão XIII, se manifestava no corporativismo de Salazar. De acordo com o historiador Luís Reis Torgal, Brochado foi um "practico, defensor de 'verdades'" e, "para ele, a 'única verdade politica' era Salazar".[1] Pela sua vasta produção intelectual e comprometimento político, teve um papel na condução espiritual da sociedade do seu tempo.[2][3]
Em 1950 foi nomeado secretário geral da Comissão das Comemorações do IV Centenário da Morte de S. João de Deus e, em 1958, integrou a Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique. Escreve vários textos, entre eles um dos volumes da chamada Colecção Henriquina, Descobrimento do Atlântico (1958). A 19 de julho de 1957 entra na Academia Portuguesa de História, a 21 de março de 1969 torna-se seu académico com o número 16, e a 18 de fevereiro de 1972 foi promovido a vogal do Conselho Académico.[1][2][3]
Conviveu com intelectuais e políticos de todas as cores, e foi amigo de Fernando Pessoa com quem partilhava mesa no Martinho da Arcada. Uma foto dos dois encontra-se ainda hoje exposta junto à mesa que Pessoa ocupava nesse café da Praça do Comércio em Lisboa.[1][2][3][4]
Após 25 de Abril de 1974 e a entrada do regime democrático, a actividade pública de Costa Brochado passou a um segundo plano. Para além de O Povo Eleito na História da Civilização, publicado em 1976, Brochado só publicaria mais um livro, As Minhas Memórias, em 1986, em cuja capa figurava uma fotografia do Cardeal Cerejeira e António de Oliveira Salazar e sobre o qual se disse ser uma obra fundamental para entender Salazar e o Salazarismo. Como muitos outros dos livros de Costa Brochado, também este tem centenas de páginas. Foi editado três vezes no mesmo ano.[1][2][3]
Em 1987 Brochado renunciou ao seu cargo de académico na Academia Portuguesa de História, convencido que a instituição tinha perdido a sua razão de ser durante o regime democrático. [1][2][3]
Ordens honoríficas
editar- Oficial da Ordem da Instrução Pública (13 de dezembro de 1929)
- Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (19 de julho de 1961)[5]
Obras publicadas
editar- Salazar e "A Verdade". Porto : Educadora Nacional, 1937
- D. Sebastião, o desejado. Lisboa : Editorial Império, 1942
- Afonso de Albuquerque. Lisboa : Portugália, 1943
- História de uma polémica. Lisboa : Portugália, 1944
- D. Afonso Henriques. Lisboa : Portugália, 1947
- Fátima à luz da história. Lisboa : Portugália, 1948
- O senhor Norton de Matos e a sua candidatura. Lisboa : Portugália, 1948
- A lição do Brasil. Lisboa : Portugália, 1949
- Para a história de um regime. Lisboa : Império, 1949
- S. João de Deus. Lisboa : Portugália, 1950
- São João de Deus : homenagem de Portugal ao seu glorioso filho : 1550-1950. Lisboa : Comissão Nacional para as Comemorações do IV Centenário de S. Joäo de Deus, 1951
- As Aparições de Fátima. Lisboa : Portugália, 1952
- A conquista de Lisboa aos Mouros. Lisboa : Empresa Nacional de Publicidade, 1952
- Política do ferro. Lisboa : Império, 1952
- Tentativas de canonização de El-Rei D. Afonso Henriques. Lisboa : Academia Portuguesa de História, 1958
- Descobrimento do Atlântico. Lisboa : Comissão Executiva das Comemorações do Quinto Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1958
- Que significa a India para os portugueses. Lisboa : Editorial Império, 1954
- Atualidade do Estado Novo. Lisboa: [s.n.], 1959
- Duas políticas, duas épocas. Lisboa : Companhia Nacional Editora, 1959
- Para a história do liberalismo e da democracia directa em Portugal". Lisboa : António Maria Pereira, 1959
- Política do estado Novo. Lisboa : Companhia Nacional Editora, 1959
- Ética do Estado Novo. Lisboa : Companhia Nacional Editora, 1959
- O paradoxo liberal.... Lisboa : [s.n.], 1959
- Projecto de Castilho para fundação, em 1821 de uma academia intitulada Arcádia Constitucional de Lisboa. Lisboa : Academia Portuguesa da História, 1959
- O piloto árabe de Vasco da Gama. Lisboa : Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1959
- Infante Dom Henrique. Lisboa : [s.n.], 1960 (com outros; pref. Fernando de Quintanilha e Mendonça Dias)
- Bibliografia Henriquina. Lisboa : Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1960
- Um grande português. Porto : [s.n.], 1960
- A missão de Salazar. Lisboa : Companhia Nacional Editora, 1960
- Origens e fins da União Nacional. Lisboa : Companhia Nacional Editora, 1960
- O problema da liberdade de imprensa. Lisboa : Companhia Nacional Editora, 1960
- Passado, presente e futuro. Lisboa: [s.n.], 1960
- Historiógrafos dos descobrimentos. Lisboa : Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1960
- O descobrimento do Atlântico. Lisboa : Comissão Executiva das Comemorações do Quinto Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1960
- Teoria da unidade nacional e realidades da África Portuguesa. Lisboa : [s.n.], 1961
- Joaquim Bensaúde e o plano das Índias. Lisboa : Academia Portuguesa da História, 1962
- D. Pedro I: "em prol do seu Poboo". Lisboa : Sá da Costa, 1965
- O Povo eleito na história da civilização. Lisboa : Sá da Costa, 1976
- Memórias de Costa Brochado. Lisboa : ed. a., 1987[6]
Obras sobre Costa Brochado
editar- Elogio de Idalino da Costa Brochado. Lisboa : Academia Portuguesa de História, 1994
- SOUSA, João Tiago. Costa Brochado : um intelectual orgânico do regime Salazarista. Lisboa : Mar da Palavra, 2004
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j TORGAL, Luís Reis. «'A Bem da Nação' : Costa Brochado político funcional e 'historiográfo' ao serviço do regime de Salazar» in Cultura : Revista de História e Teoria das Ideias, vol. 22, 2006, pp. 87-113.
- ↑ a b c d e f g h i j SOUSA, João Tiago Caldeira de. Costa Brochado : Um intelectual orgânico do regime salazarista. Lisboa : Mar da Palavra, 2004.
- ↑ a b c d e f g h i j BROCHADO, Costa. Memórias de Costa Brochado. Lisboa : ed. a., 1987.
- ↑ Costa Brochado e Fernando Pessoa.
- ↑ Cf. Idalino Ferreira da Costa Brochado na página oficial das Ordens Honoríficas Portuguesas.
- ↑ A fonte para o conjunto das obras é o registo do Catálogo Geral da Biblioteca Nacional de Poertugal.