Igreja de Nossa Senhora do Pópulo
A Igreja de Nossa Senhora do Pópulo (1500), também referida como Igreja Matriz das Caldas da Rainha ou Igreja Paroquial das Caldas da Rainha, integra o conjunto do Hospital Termal Rainha D. Leonor na freguesia de Caldas da Rainha - Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, cidade e município de Caldas da Rainha e da região Oeste portuguesesa.[1]
Igreja de Nossa Senhora do Pópulo | |
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Igreja de Nossa Senhora do Pópulo: Portal; Torre Sineira | |
Informações gerais | |
Estilo dominante | Gótico, Manuelino |
Religião | Igreja Católica |
Diocese | Patriarcado de Lisboa |
Património de Portugal | |
Classificação | Monumento Nacional |
Ano | 1910 |
DGPC | 70287 |
SIPA | 1764 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | Nossa Senhora do Pópulo, Caldas da Rainha |
Coordenadas | 39° 24′ 12″ N, 9° 07′ 57″ O |
Localização em mapa dinâmico |
Foi classificada como Monumento Nacional em 1910 (Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910) e é hoje um dos elementos patrimoniais mais significativos do município.[2]
História
editarA povoação de Caldas da Rainha, tal como a sua Misericórdia e Hospital, foram fundados pela rainha D. Leonor em 1485. Dez anos mais tarde o Papa autorizou a fundação de uma capela anexa, também ela sob a invocação de Nossa Senhora do Pópulo; em comunicação direta com o hospital através de um corredor abobadado, destinava-se ao acompanhamento espiritual dos doentes (no dia de chegada, era aí que se confessavam e comungavam para depois iniciarem os tratamentos).[2][1]
Os elementos essenciais da igreja (nave e capela-mor) ficaram concluídos em 1500; o templo seria elevado a Igreja Matriz em 1510, ano em que foi terminada a torre sineira e instalaram a pia batismal. Diversas obras de beneficiação e reabilitação teriam lugar ao longo dos anos, entre as quais a construção do coro-alto (1544-46), a inclusão de elementos decorativos em talha, pinturas e esculturas (1518, 1533, 1639, 1659, 1675, 1732, 1750, etc.), o revestimento em azulejo (1658-59), ou a instalação de um novo órgão, doado por D. João VI (1825).[2][1]
Em 1937 azulejos do século 17 de uma das alas do claustro grande do Convento da Graça (Lisboa), ocupada pelo Batalhão de Caçadores 7, foram aplicados no interior da igreja.
Reabilitação em 2023
editarDe 2021 a 2023 foi alvo de obras de conservação e restauro orçadas em meio milhão de euros, que contemplaram trabalhos de limpeza da estrutura do edifício, sendo ainda restauradas esculturas de madeira, altares laterais, o altar-mor, a pia batismal, o órgão de tubos, os bancos da igreja e outros bens móveis.
Vai reabrir no dia da cidade, 15 de maio de 2023, data que anualmente assinala a abertura da época termal.[3]
Características
editarA traça da igreja é de autoria do Mestre Mateus Fernandes (arquiteto do Mosteiro da Batalha durante mais de 25 anos). Neste edifício, pertencente ao ciclo pré-manuelino, as opções tipicamente góticas surgem complementadas por formas orgânicas e por uma gramática decorativa que prenunciam o estilo nascente.[2][1]
O interior, de nave única, é coberto por abóbada de artesões, comunicando com a capela-mor através de um arco triunfal policêntrico (a simular as dobras de uma cortina), encimado por escudo régio e tríptico de pintura quinhentista com episódios da Paixão de Cristo (atribuído a Cristóvão de Figueiredo[4] ou ao Mestre da Lourinhã[1]). Cobre a capela-mor uma abóbada de nervuras com decoração heráldica no fecho. O retábulo em pedra do altar-mor – de colunas clássicas, encimado por um baixo relevo que figura o Padre Eterno –, é uma obra tardo-renascentista e poderá datar do final do século XVI. As paredes da nave e da capela-mor são integralmente revestidas com azulejos do tipo padrão, azuis e amarelos (século XVII). Destaquem-se ainda os dois altares laterais, com retábulos de talha dourada barroca e frontais de azulejos quinhentistas, e a pia batismal, de planta octogonal e profusamente rendilhada, atribuída a Pedro (ou Pêro) e Filipe Henriques (escultores da antiga pia da Sé Velha de Coimbra; hoje na Sé Nova).[2][1][4]
Exteriormente destaca-se a torre sineira, com arcos policêntricos encimados por relógio; inclui gárgulas de teor zoomórfico e duas esculturas quinhentistas representando o Anjo Gabriel e a Virgem da Anunciação. Na fachada, ornada com ameias, abre-se o portal do início do século XVI, de arco de volta inteira e grande sobriedade decorativa.[2][1][4]
Galeria de imagens
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Torre sineira
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Torre sineira
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Interior; capela-mor ao fundo
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Capela-mor
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Púlpito e altar lateral esquerdo
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Coro alto
Ver também
editar- Hospital Termal Rainha D. Leonor, nas Caldas da Raínha
- Ermida de São Sebastião, nas Caldas da Raínha
- Igreja de Nossa Senhora da Conceição, nas Caldas da Raínha
- Igreja do Espírito Santo, nas Caldas da Raínha
- Património religioso no distrito de Leiria
- Lista de património edificado em Caldas da Rainha
Bibliografia
editar- AA. VV., Guia de Portugal, Vol. II, Coimbra, Fundação Calouste Gulbenkian, 1991.
- ALMEIDA, José António Ferreira de (dir.), Tesouros artísticos de Portugal, Porto, Selecções do Reader’s Digest, 1982.
- ATANÁZIO, M. C. Mendes, A arte do manuelino, Lisboa, Editorial Presença, 1984.
- BATORÉO, Manuel, “O triptíco da paixão da igreja do Pópulo das Caldas da Rainha. Entre as leituras e as contra-leituras”, Artis – Revista do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, N.º2 – Outubro de 2003, Braga, 2003.
- BATORÉO, Manuel. O triptíco da paixão da igreja do Pópulo das Caldas da Rainha: Problemas de leitura e contra-leitura.
- DIAS, Pedro, A arquitectura gótica portuguesa, Lisboa, Editorial Estampa, Lisboa, 1994.
- PEREIRA, Paulo (dir.), “A igreja do Pópulo e a obra de Mateus Ferandes”, História da arte portuguesa, vol. I, Temas e Debates, 1995.
- PESSANHA, José, “A igreja de nossa senhora do Pópulo das Caldas da Rainha em 1656”, sepª do Boletim da Real Associação dos Archeologos Portuguezes, Lisboa, Real Associação, 1910.
- RESENDE, Garcia de, Crónica de D. João II e miscelânia, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1973.
- SANTOS, Reinaldo dos, O estilo manuelino, Lisboa, Academia Nacional de Belas Artes, 1952.
- SEGURADO, Jorge, “Boytac e a capela de nossa senhora do Pópulo”, sep.ª de Belas-Artes N.º31, Lisboa, Academia Nacional de Belas-Artes, 1977.
- SILVA, José Custódio Vieira da, A igreja de nossa senhora do Pópulo das Caldas da Rainha, Caldas da Rainha, 1985.
- SILVA, José Custódio Vieira da, “A igreja de nossa senhora do Pópulo”, Terra de águas: Caldas da Rainha, história e cultura, Caldas da Rainha, Câmara Municipal das Caldas da Rainha, 1993.
Referências
- ↑ a b c d e f g «Igreja Paroquial das Caldas da Rainha / Igreja de Nossa Senhora do Pópulo». SIPA – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana
- ↑ a b c d e f AMartins. «Igreja matriz das Caldas da Rainha». Direção Geral do Património Cultural. Consultado em 19 de agosto de 2015
- ↑ «Monumento Nacional desde 1911. Igreja de Nossa Senhora do Pópulo reabre depois de restauro de meio milhão de euros»
- ↑ a b c Almeida, José António Ferreira de (coordenação) – Tesouros Artísticos de Portugal. Lisboa: Seleções do Reader's Digest, 1976, p.163
Ligações externas
editar- Igreja de Nossa Senhora do Pópulo na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural