Igreja Positivista do Brasil
A Igreja Positivista do Brasil foi fundada no dia 11 de maio de 1881 por Miguel Lemos. Sua sede é o Templo da Humanidade, onde ocorria a celebração da Religião da Humanidade, ou Positivismo Religioso, doutrina criada pelo, filósofo francês Auguste Comte (1798–1857).
Localiza-se na atual rua Benjamin Constant, n. 74, - antiga rua Santa Isabel - no bairro da Glória, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro.
História
editarMiguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes tinham 26 anos quando realizaram o primeiro culto da Igreja Positivista do Brasil, entidade que se tornou um centro de reunião de republicanos e abolicionistas. As ideias de Auguste Comte para uma interpretação científica da realidade eram atraentes para a juventude brasileira que se opunha à cultura verborrágica da elite dominante, representada pelos bacharéis das faculdades de Direito.
Há sedes da Igreja Positivista no Rio de Janeiro, e também em Porto Alegre. O Clube Positivista também funcionou regularmente no Rio de Janeiro até os anos 90.
No seu auge, nos primeiros anos após a proclamação da República brasileira, os cultos positivistas costumavam lotar o Templo da Humanidade, que comporta mais de 200 pessoas. Os integrantes eram também homens influentes do novo regime.
Na Igreja Positivista, presta-se culto de adoração à "Trindade Positivista", que é composta por:
- "Humanidade" ou "Grande Ser" (entidade coletiva, real e abstrata, formada pelo conjunto de seres humanos convergentes do passado que contribuíram para o progresso da civilização, do futuro e do presente);
- "Grande Fetiche" (o planeta Terra com todos os elementos que o compõe: vegetais, animais, água, terra etc.) e
- "Grande Meio" (o espaço, os astros, o Universo).
Esses três grandes seres são objetos de culto juntamente com as "leis naturais" que os regem e regulam, compondo assim a "Ordem Universal" que se constitui do conjunto formado pela "ordem natural" e pela "ordem humana".
O culto positivista muito tem em comum com o culto fetichista, com a diferença de que os positivistas sabem que os fetiches não possuem "inteligência", sendo percebidos como dotados apenas de "vontade" e "sentimento" que estão por sua vez regulados e subordinados às leis naturais (isto é, científicas).
O positivistas religiosos acreditam na imortalidade subjetiva da alma, cultuando a memória dos mortos pelo legado que deixaram para a cultura humana: "Os vivos são sempre e cada vez mais governados necessariamente pelos mortos" é a máxima de Auguste Comte que se refere a "ordem humana" formulada por Auguste Comte, o criador do Positivismo. Quem vai ao templo pode lê-la logo no pórtico da Igreja e também em seu interior.
Nas laterais da grande nave,[qual?] há bustos dos 13 grandes tipos humanos glorificando os nomes mais importantes da religião, literatura, filosofia, ciência e política: Moisés (Teocracia Inicial), Homero (Poesia Antiga), Aristóteles (Filosofia Antiga), Arquimedes (Ciência Antiga), César (Civilização Militar), São Paulo (O Catolicismo), Carlos Magno (Civilização Católico-Feudal), Dante (Poesia Moderna), Gutenberg (Indústria Moderna), Shakespeare (Drama Moderno), Descartes (Filosofia Moderna), Frederico II (Política Moderna) e Bichat (Ciência Moderna), mais Heloísa (representante das "Santas Mulheres" ou "A glorificação feminina").
Esses filósofos, cientistas e artistas foram apontados por Comte como as grandes expressões do pensamento humano.
No altar, há a imagem de uma mulher, representada como tendo 30 anos e tendo ao colo um bebê. É a personificação da Humanidade, ou o "Grande Ser" na qual encontram-se incorporados todos os seres convergentes do passado, do presente e do futuro que contribuíram, contribuem e contribuirão com o aperfeiçoamento humano. Aos seus pés há um busto do seu idealizador Auguste Comte. Abaixo destes, fica o púlpito.
O Templo da Humanidade faz parte memória nacional. Nele, em 1903, foi celebrada a confirmação do casamento do então major Cândido Rondon (1865 a 1958), futuro Marechal do Exército Brasileiro, célebre pelos seus trabalhos para a integração das regiões remotas do país e em defesa dos índios.
Em salas anexas à nave principal, estão guardados objetos de importância histórica, entre eles uma cama que pertenceu a Tiradentes e o primeiro exemplar da atual bandeira nacional republicana, porém, este tesouro da história nacional foi furtado. Também, há uma biblioteca de livros antigos e raros, além de utensílios pessoais de Miguel Lemos e Teixeira Mendes, os dois fundadores da Igreja.
Ver também
editarBibliografia
editar1. COMTE IN: VALENTIM, Oséias Faustino. O Brasil e o Positivismo. Rio de Janeiro: Publit, 2010. ISBN 9788577733316