Igreja de São Cristóvão (Lisboa)

igreja em Lisboa
Igreja paroquial de São Cristóvão
Apresentação
Tipo
Diocese
Estilo
Religião
Estatuto patrimonial
Localização
Localização
Coordenadas
Mapa

A Igreja de São Cristóvão é uma igreja localizada no topo das Escadinhas de São Cristóvão, em Lisboa. Devido à forte necessidade de preservação, a Igreja entrou para a lista bienal do World Monuments Watch.[1]

Localização

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Situada no Largo de São Cristóvão[2], na antiga freguesia de São Cristóvão e São Lourenço, em Lisboa, a igreja paroquial de invocação do mártir São Cristóvão de Lícia, que se ergue na velha Mouraria de Lisboa, em sítio dominante na textura da Costa do Castelo de São Jorge, e que ocupa (segundo a tradição mais ou menos aceite) o local onde existiu uma anciana Ermida de Santa Maria de Alcamim, coeva da Reconquista cristã, é um dos raríssimos edifícios da capital que foi milagrosamente poupado pelo terremoto de 1755 na quase totalidade dos seus acervos artísticos. Nas traseiras, seguindo o Beco de São Francisco à esquerda da entrada, encontra-se o pequeno Largo da Achada com uma curiosa casa medieval.[3]

História

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A primitiva igreja foi edificada no 1º quartel do século XIII e toma o nome de Santa Maria de Alcamim.

Há notícia que durante o reinado de D. João I, este doa o padroado da igreja a D. Martinho de Miranda, que seria bispo de Coimbra, e aos sucessores do seu morgado.

Durante o reinado de D. Manuel I a igreja sofreu um incêndio que a deixou totalmente destruída, tendo sido reedificada outra, mais ampla.

Em 1551, segundo Cristóvão Rodrigues de Oliveira, a igreja tem um prior e cinco beneficiados, rendendo 225 cruzados e cada benefício tem 80 cruzados; tem várias capelas e missas por sufrágio, que rendem 155 cruzados; no templo estão sediadas as confrarias do Santíssimo, São Cristóvão e São Sebastião e a de Nossa Senhora dos Prazeres, que rendem de esmolas 45 cruzados.

 
Igreja de São Cristóvão em Lisboa

Em 1610 é restaurada e em 1671-72 dá-se a conclusão das obras. Entre 1699 e 1703, No seu interior, revestido a talha dourada, destacam-se as 36 telas da autoria de Bento Coelho da Silveira (1617-1708)[4]. Em 1701 é igualmente executada a pintura do tecto em brutesco por Estêvão Amaro Pinheiro, Miguel dos Santos e Lourenço Nunes Varela.

O Terramoto de 1755 causou poucos estragos, apenas nas torres, mantendo-se a fachada maneirista da igreja característica do século XVII.[5]

Em 10 de setembro de 1758, nas Memórias paroquiais, assinadas pelo pároco Joaquim Salter de Mendonça, é referido que a paróquia fica junto à Costa do Castelo; a igreja tem oito altares, o mor, com o Santíssimo Sacramento, e os colaterais de Nossa Senhora dos Prazeres, com uma imagem antiga, e o de São Cristóvão; no corpo da igreja, o Crucificado, onde surge uma Sagrada Família, e o de São Miguel, ladeado por São Sebastião e São Francisco Xavier; no lado da Epístola, os altares de Nossa Senhora da Esperança, o de Santo António, ladeado por São João Baptista e São Mamede, e o de Nossa Senhora da Conceição, ladeado por Santa Catarina e São Marcos; o pároco é prior apresentado pelos morgados de Miranda, D. José de Meneses, tendo de renda 500 a 600$000; tem cinco beneficiados com o mesmo rendimento do prior, sendo apresentados por este; tem as Irmandade do Santíssimo, a de São Miguel e Almas e a de Nossa Senhora da Conceição.

Acervo Artístico

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Penetrando no seu espaço, observamos quanto o imóvel é revelador das directrizes artísticas operadas a partir do reinado de D. Afonso VI, quando, sob novos influxos de gosto ítalo-francês, mercê da influência régia de D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, a cultura portuguesa se abria mais ao figurino do Barroco internacional. Ecos artísticos romanos, designadamente berniniescos, eram nesta época, enfim, aceites e reinterpretados, ao invés das severas programações estéticas da geração precedente. Embora ainda tradicionalista no que se refere à estrutura geral, o templo de São Cristóvão constitui, desta nova conjuntura artística protobarroca, um excelente testemunho do espírito renovador que se empreendia.[6]

Bastante decorado interiormente, apresenta os espaços livres das paredes revestidos por quadros a óleo sobre tela, emoldurados a talha dourada. As capelas têm os arcos emoldurados a cantaria e são revestidas por silhares de azulejos policromados formando xadrez. Os altares possuem banqueta e frontal de mármore branco e rosa e, ao fundo, revestimento a talha dourada com colunas pseudo-salónicas, envolvidas em parras e uvas. O tecto da nave tem pintura ornamental exuberante, apresentando 15 quadrelas desenvolvendo-se em torno do painel central, composto por figuração de anjos ao redor de uma custódia barroca. Os quadros a óleo sobre tela são atribuídos à oficina de Bento Coelho da Silveira. Nas actuais capelas mortuárias (corpo S.), encontram-se, embutidas na parede e sob um arco, os túmulos da família Miranda, contendo inscrição gótica. No portal da fachada N. existe a seguinte inscrição: CHRISTOPHORUM / SENET ONERI SEDES TENET IPSE / SONANTEM / EST ONERI SEDES UTRAOP RVQS VO. Junto á Capela-Mor existem 2 lápides, uma no lado esquerdo e outra no direito com a seguinte inscrição " ESTA CAPELLA HE DA / IRMANDADE DO SANTI- / SSIMO SACRAMENTO / DESTA IGREJA E A FIZE / RAM A SVA CVSTA OS IR- / MAOS DELLA E SE ACA- / BOU NO ANNO DE 1671". " A QUAL CAPª LHES DERAO / OS RDOS POR E BENDOS DES- / IGRA COM AS CLAVSV- / LAS E CONDOCOES DA / ESCRITRA FTA NAS NOT- / TAS DO TAM AVRELIO DE / MIRANDA EM OS 13 DE SETBRO DE 1672 ANNOS". Os quadros a óleo sobre tela são atribuídos à oficina de Bento Coelho da Silveira.[7]

Bibliografia

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  • ALMEIDA, Fernando de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 1º Tomo, Lisboa, 1973;
  • ANDRADE, Ferreira de, A Freguesia de S. Cristóvão, Vol.I, Lisboa, 1944;
  • ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Livro III, Lisboa, s.d.;
  • ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fascículo X, Lisboa, 1944 - 1956;
  • COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.;
  • FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; Guia Laranja, Lisboa e Costa de Lisboa, Lisboa, 1985;
  • MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; Monumentos, n.º 10 a n.º 11, n.º 16, Lisboa, DGEMN, 1999 e 2002;
  • OLIVEIRA, Cristóvão Rodrigues de - Sumário em que brevemente se contém algumas coisas (assim eclesiásticas como seculares) que há na Cidade de Lisboa. 2.ª ed. Lisboa: Edições Biblion, 1938;
  • PEREIRA, Luiz Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 1927;
  • SERRÃO, Vítor, O Programa Artístico da Igreja de São Cristóvão de Lisboa. O retábulo quinhentista e a campanha de obras protobarrocas (1666-1685), in separata do Boletim Cultural da Junta Distrital de Lisboa, série IV, n.º 92, 1998, pp. 12–13;
  • SERRÃO, Vítor, Os Silva Paz, uma família de pintores em obra, in A Cripto-História de Arte, Lisboa, Livros Horizonte, 2001, pp. 101–124;
  • SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003;
  • SMITH, Robert, A Talha em Portugal, Lisboa, 1963.

Referências

  1. https://www.wmf.org/project/church-s%C3%A3o-crist%C3%B3v%C3%A3o
  2. http://www.arteporsaocristovao.org
  3. http://www.rtp.pt/play/p2366/e229689/visita-guiada
  4. http://ppl.com.pt/pt/causas/arte-por-sao-cristovao
  5. SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, 1.ª ed., Sacavém, Carlos Quintas & Associados – Consultores, 1994, pp. 793-794.
  6. Vitor Serrão, in "Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa", n.º 92 - 1.º tomo, 1990/1998
  7. http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6462

Ligações externas

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