Il barbiere di Siviglia
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Il barbiere di Siviglia, Alma Viva o sia l'inutile precauzione[1] (O barbeiro de Sevilha, Alma Viva ou a inútil precaução) é uma ópera-bufa em dois atos do compositor italiano Gioachino Rossini, com um libreto de Cesare Sterbini, baseado na comédia Le Barbier de Séville, do dramaturgo francês Pierre Beaumarchais.
Il barbiere di Siviglia | |
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O barbeiro de Sevilha | |
Idioma original | italiano |
Compositor | Gioacchino Rossini |
Libretista | Cesare Sterbini |
Tipo do enredo | Cômico |
Número de atos | 2 |
Número de cenas | 3 |
Ano de estreia | 1816 |
Local de estreia | Teatro Argentina, Roma |
A estreia da ópera, com o título de Alma Viva, ou a inútil precaução, ocorreu no Teatro Argentina, em Roma, em 20 de fevereiro de 1816. Sua abertura foi composta originalmente para outra obra do compositor, Aureliano in Palmira, e usada posteriormente em Elisabetta, regina d'Inghilterra.
História
editarUma ópera, Il barbiere di Siviglia, baseada na mesma peça, já havia sido composta por Giovanni Paisiello, e outra ainda foi composta em 1796, por Nicolas Isouard. Embora a obra de Paisiello tenha feito sucesso por algum tempo, a versão de Rossini é a única a perdurar no repertório operático.
A ópera de Rossini segue a primeira das peças da "trilogia de Figaro" do dramaturgo francês Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, enquanto Mozart, em sua ópera Le nozze di Figaro (As bodas de Fígaro), composta 30 anos mais cedo, em 1786, baseou-se na segunda parte da trilogia. A versão original de Beaumarchais foi encenada pela primeira vez em Paris no ano de 1775, na Comédie-Française, no Palácio das Tulherias.
Rossini era célebre por seu ritmo rápido de composição, e toda a música do Barbiere di Siviglia foi completada em menos de três semanas. A estreia da obra deu-se em 20 de fevereiro de 1816, e foi um fracasso retumbante: a plateia vaiou e gracejou durante todo o espetáculo, e diversos incidentes prejudiciais ocorreram no palco. Partidários de rivais de Rossini, infiltrados na plateia, incitaram muitas destas manifestações. A segunda performance teve um destino muito diferente, e fez com que a obra se tornasse um grande sucesso. A peça original teve um destino semelhante; odiada a princípio, tornou-se um sucesso depois de uma semana em cartaz.
Personagens
editarPersonagem | Voz | Estreia, 20 fevereiro 1816 (Maestro: Gioachino Rossini) |
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Rosina (Está presa na casa de Bartolo, seu tutor que quer casar-se com ela) | soprano | Geltrude Righetti |
Bartolo (tutor de Rosina, é um médico charlatão, velho, ciumento e avarento) | baixo | Bartolomeo Botticelli |
Conde de Almaviva (um jovem rico e elegante que está enamorado de Rosina) | tenor | Manuel García |
Fígaro (o barbeiro da cidade que sempre dá um jeito de participar de todos os planos e intrigas) | barítono | Luigi Zamboni |
Fiorello (o músico pago pelo Conde para fazer uma serenata à Rosina) | baixo | Paolo Biagelli |
Basílio (o professor de canto de Rosina e cúmplice de Bartolo) | baixo | Zenobio Vitarelli |
Berta (Marcellina), (empregada de Bartolo) | soprano | Elisabetta Loiselet |
Ambrogio (empregado de Bartolo) | não canta | |
Um sargento | baixo | Victorio Matarazzo |
Sinopse
editarÓperas de Gioacchino Rossini |
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La cambiale di matrimonio (1810) |
Ato I
editarAmanhece. O Conde Almaviva faz uma serenata diante da janela da jovem Rosina, mesmo desconhecendo o nome da donzela a quem canta. Rosina não lhe responde. O Conde ouve ao longe a voz de um homem a cantar: é o barbeiro Fígaro, seu amigo, que estranha vê-lo longe de casa àquela hora. Almaviva explica ao Fígaro o seu intento de cortejar a "filha do médico" que ali mora (embora Rosina seja tutelada e não filha do médico). Prestativo, Fígaro coloca-se à disposição do conde, para ajudá-lo. Ambos ouvem quando Don Bartolo, o tutor de Rosina, diz que vai sair e que no caso de Don Basílio - o professor de música de Rosina e casamenteiro - chegar, devem fazê-lo esperar até a sua volta. Dom Bartolo sonha casar-se com Rosina. Fígaro propõe ao conde que use um disfarce, para entrar na casa de Rosina.
Enquanto isso, o Dr. Bartolo e Basílio discutem uma forma de ficarem livres do conde e chegam à conclusão que o melhor é elaborar um contrato de casamento, já naquele mesmo dia. Fígaro, que ouviu tudo, avisa a Rosina das intenções de Dom Bartolo e informa que o seu primo Lindoro, um estudante está apaixonado por ela - "Lindoro" é, na verdade, o pseudônimo que o conde Almaviva vai usar para aproximar-se de Rosina. Ansiosa, Rosina escreve um bilhete ao conde. Dom Bartolo entra e surpreende o encontro entre o Fígaro e Rosina. Muito desconfiado, Dom Bartolo decide-se por manter Rosina presa em casa.
Entra um soldado (que, na verdade, é o conde Almaviva, disfarçado), e desafia Bartolo para uma luta de espadas. Notando que um pedaço de papel está sendo passado a Rosina, Dom Bartolo exige vê-lo. Rosina troca os papéis e o que ela passa a Dom Bartolo é uma lista de roupas para a lavanderia. Dom Bartolo e o "soldado" discutem acaloradamente, enquanto Fígaro tenta apaziguar os ânimos, dizendo que tamanhos berros podem ser ouvidos pela cidade inteira. Entra um verdadeiro policial que, não conseguindo apurar o que está havendo, retira-se.
Ato II
editarDom Bartolo suspeita de que o policial seja um espião mandado pelo conde. Entra um jovem cognominado "Don Alonso" (novamente, o conde disfarçado), avisando que Basílio estava doente e não podia dar aulas a Rosina, por isso, mandava-o em seu lugar. Avisa a Dom Bartolo que alguém, chamado "Conde Almaviva", o está enganando, mostra-lhe a carta de Rosina como prova, e solicita falar a sós com ela. Dom Bartolo consente. Rosina reconhece Lindoro apesar do disfarce e inicia-se a aula de música, enquanto Dom Bartolo descansa.
O Fígaro chega logo após a aula, e Dom Bartolo exige explicações. O Fígaro diz que ali estava para fazer a barba a Dom Bartolo. Dom Bartolo entrega as chaves para que o Fígaro vá buscar a navalha e o restante material para a feitura da barba. Às escondidas, o Fígaro subtrai uma das chaves do molho que Dom Bartolo lhe entregou. O professor de música Dom Basilio aparece, para espanto de todos. O Fígaro e o conde (disfarçado) passam a afirmar que Basílio está com escarlatina e deve permanecer em repouso. O conde suborna Basílio que acaba por sair.
O Fígaro faz a barba a Dom Bartolo, enquanto o conde e Rosina simulam uma aula de música. O conde combina uma fuga com Rosina. Avisa que o Fígaro já tem a chave da janela e que ambos lá estarão, à meia-noite, para buscá-la. Dom Bartolo ouve a conversa, expulsa o Fígaro e o conde, e procura Don Basílio para avisá-lo de que o tal Dom Alonso que ele mandou para substituí-lo é um farsante. Terminam por deduzir que tanto Dom Alonso quanto Lindoro são disfarces do conde e vão apressar a feitura do contrato de casamento.
Dom Bartolo diz a Rosina que Lindoro brinca com seus sentimentos, e para provar o que lhe diz, mostra-lhe a carta em que Lindoro expõe os planos para a sequestrar e a entregar ao conde Almaviva. Para vingar-se Rosina aceita casar com Dom Bartolo. Cai uma chuva torrencial quando o conde e o Fígaro entram no quarto de Rosina. Rosina quer expulsá-los mas o conde logo se identifica e explica-lhe que Lindoro jamais existiu.
Chega o juiz de paz para celebrar o casamento de Rosina com o conde. Basilio é forçado a ser testemunha do casamento. Dom Bartolo chega com um policial, para prender o Fígaro e o conde, mas Almaviva identifica-se e Dom Bartolo dá-se finalmente por vencido. O Fígaro, o conde e Rosina comemoram.
Orquestração
editar- 1 cravo (para recitativo secco)
- 1 oboé (2 oboés usados somente na abertura)
- 1 flautim
- 2 flautas
- 2 clarinetes
- 2 fagotes
- 2 trompas
- 2 trompetes
- Instr. de cordas: violinos (primeiros e segundos), violas, violão, violoncelos (para recitativo secco) e contrabaixos (para recitativo secco).
- Instr. de percussão: tímpano, bumbo e sistro
Árias famosas
editarAto I
editar- Abertura
- Cavatina - "Largo al factotum (Abram caminho para o factotum da cidade.)" - Fígaro
- Cavatina - "Una voce poco fa (A voz que eu ouvi há pouco)" - Rosina
- Ária - "La calunnia è un venticello (A calúnia é uma brisa)" - Basilio
- Aria -''A un Dottor della mia sorte (A um doutor do meu tipo)''- Bartolo
- Dueto - "Dunque io son (Então eu ... Você não está zombando de mim?)" - Fígaro e Rosina
- Finale - "Ehi di casa… buona gente… (Maldição, ninguém está em casa! Ei...)" - Rosina, Berta, Conde, Figaro, Basilio e Coro
Ato II
editar- Dueto - "Pace e gioia sia con voi (Paz e felicidade estar com você.)" - Conde e Bartolo
- Ária - "Contro un cor che accende amore (Contra um coração inflamado de amor,)" - Rosina
- Quinteto - "Don Basilio! (Don Basílio!)" - Rosina, Conde, Figaro, Bartolo, Basilio
- Terceto - "Ah! qual colpo inaspettato (Oh, que choque!)" - Fígaro, Conde e Rosina
- Finale - "Di sì felice innesto (Tão feliz uma reunião)" - Rosina, Berta, Conde, Figaro, Bartolo, Basilio e Coro
Talvez a ária mais famosa desta ópera seja "Largo al factotum (Abram caminho para o factotum da cidade.)", cantada por Fígaro, logo no 1º ato - onde, a um certo ponto, ele começa a repetir seu próprio nome de forma rápida e exaustivamente ("Figaro, Figaro, Figaro…")
Tornou-se bastante conhecida através de um episódio do desenho Pica Pau, além de um episódio especial do personagem Pernalonga, onde uma sátira de tal ato é realizada.