Ilha de Santo Aleixo
A ilha de Santo Aleixo é uma ilha brasileira localizada no litoral sul do estado de Pernambuco, região Nordeste do Brasil. Possui duas praias, com piscinas naturais: a Praia dos Pernambucanos, que é a mais visitada pelos turistas, com serviços de bares, além da Praia da Holanda, que possui um ambiente mais sossegado e, para se chegar até lá, é realizada uma pequena trilha.[3]
Ilha de Santo Aleixo | |
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Localização no estado de Pernambuco, Brasil | |
Coordenadas: | |
Características físicas da ilha de Sto. Aleixo | |
8° 36′ 47,3″ S, 35° 01′ 18,4″ O | |
Geografia física | |
País | Brasil |
Localização | Pernambuco |
Altitude média | 5 m |
Área | 30,49 hectares ou 0,30[1] km² |
Geografia humana | |
População | 0[2] |
Vista aérea da ilha com destaque, no sudoeste, para a Praia dos Pernambucanos e, ao nordeste, a Praia da Holanda, junto à Enseada Espanha e França. |
Há ainda, a Enseada Espanha e França que está geograficamente unida à segunda praia.
Administrativamente, faz parte do município de Sirinhaém, embora seja de propriedade particular.
Está situada entre Porto de Galinhas e a Praia dos Carneiros.[4]
História
editarEm 1527 o navegador espanhol Rodrigo Acuña, que estava de retorno à Espanha, naufraga na costa pernambucana e aporta com alguns companheiros na ilha, onde se restabelece após achar comida e se prover de utensílios essenciais.[5]
Sobre tal desventura, há na historiografia a seguinte narração:
Entregues à providência [divina] seguiram pelos mares durante vinte dias, nutrindo-se apenas de algum marisco e de pouca fruta que acertavam de colher pela costa, até que na ilha de Santo Aleixo lhes deparou Deus porto, onde puderam refazer-se. Nessa ilha tiveram a fortuna de encontrar alguma farinha de trigo, uma pipa de bolacha molhada, um forno (...).[6][nota 1]
Também foi na ilha de Santo Aleixo que se passou a primeira invasão francesa no Brasil, de março a dezembro de 1531, tendo estes sido expulsos por militares portugueses.[8] Quando da ocupação francesa, a ilha foi denominada «île Saint-Alexis».[8]
Essas invasões, que viriam a se tornar sucessivas, tinham como principal objetivo a coleta de «pau-de-tinta», como então era conhecido o pau-brasil.[7]
No fim do século XVII, ao mesmo tempo em que faziam campanhas contra os quilombolas de Palmares, o governo de Pernambuco tentava desestabilizar os muitos piratas que ainda assolavam a região.
Em 1687 as autoridades locais estavam muito preocupadas com um grupo de corsários neerlandeses que estavam estabelecidos na Ilha de Santo Aleixo e que, de lá, partiam para saquear a costa pernambucana.[9]
Características
editarSituada em mar aberto, a cerca de dois quilômetros a leste de barra do Sirinhaém, a Ilha de Santo Aleixo tem forma ligeiramente semelhante a uma ferradura. Na parte oeste apresenta uma praia arenosa, enquanto ao sul uma enseada protegida por rochedos de pedra e uma praia onde se forma uma grande piscina aberta de águas calmas, mornas e transparentes de tom esverdeado.[2] A leste existe um costão rochoso pouco acessível.
A Ilha de Santo Aleixo tem 30,49 hectares de superfície e é formada por rochas vulcânicas cobertas originalmente por vegetação litorânea arbustiva, que foi paulatinamente suplantada por coqueirais introduzidos.[4] Em virtude da qualidade de suas águas — despoluídas e cristalinas devido à distância do litoral —, a ilha é muito buscada por praticantes de mergulho livre (apneia).[4]
Sem habitantes fixos ou infraestrutura turística,[2] nela há apenas uma casa de quatro quartos, que era alugada, ocasionalmente, pelos proprietários.[4] A Ilha de Santo Aleixo também tem sido utilizada por pescadores e agências, que fazem o translado de turistas em barcos e lanchas, embora tal prática tende a cessar caso o projeto para a construção de um resort no local seja concretizado.[10][2]
Desenvolvimento
editarA Ilha de Santo Aleixo se localiza na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guadalupe, o que motivou a criação de uma força-tarefa para sua preservação. A ONG Andrade Brasil, desde o inicio de 2015, pesquisa e mapeia as principais necessidades da Ilha para o desenvolvimento, junto com a gestão da APA, Ibama e a SPU a preservação do espaço, ordenando ações voluntárias com o apoio do poder público e da comunidade local.[11]
A instituição pretende, com o apoio da iniciativa privada, União, Governo Estadual e Prefeitura de Sirinhaém – município que a ilha faz parte – capacitar a população da Barra de Sirinhaém/PE e monitorar as atividades no local, do mergulho à atracação das embarcações, incluindo a forma como se comercializa os passeios turísticos e se manipula alimentos e bebidas no local.[12]
A organização não governamental tem, em seu quadro de voluntários, profissionais qualificados como advogado, turismólogo, assistente social, profissionais da saúde e do meio ambiente e desenvolve, permanentemente, ações de conscientização, com a oferta de palestras e cursos de capacitação profissional gratuitos para a comunidade do litoral sul do Estado do Pernambuco. A iniciativa mobiliza moradores, veranistas e os empresários interessados em colaborar com o desenvolvimento sustentável do turismo local, afim de evitar os impactos no meio ambiente.[13]
Os programas desenvolvidos em conjunto são vistos como a solução, à curto prazo, para preservação da Ilha de Santo Aleixo. Com o apoio da Prefeitura Municipal de Sirinhaém, Agencia Estadual do Meio Ambiente (CPRH), Superintendência do Patrimônio da União (SPU), Ibama e a Marinha do Brasil, espera, a organização não governamental, com o apoio da comunidade e gestão pública, o desenvolvimento de ações para coibir a depredação natural, como a regulamentação do fluxo de embarcações e controle visitantes na Ilha de Santo Aleixo, assim como a conscientização para intensificar a limpeza e conservação do patrimônio natural.[12]
Ver também
editarNotas
Referências
- ↑ Marcus Brasil (2017). «Secretaria do Patrimônio da União»
- ↑ a b c d Renata Gama (2013). «Feliz combinação em Pernambuco». Uol Viagem. Consultado em 28 de janeiro de 2014
- ↑ a dos «Santo Aleixo: uma ilha deserta e repleta de surpresas em Sirinhaém» Verifique valor
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(ajuda). qualviagem.com.br. Consultado em 28 de agosto de 2021 - ↑ a b c d «A calmaria e a beleza da Ilha de Santo Aleixo em Sirinhaém». Jornal do Commercio. Consultado em 31 de dezembro de 2019
- ↑ Antonio Carlos Peixoto (2009). Porto Belo Santa Catarina 1500-1600. [S.l.]: Edição própria. ISBN 9788590951605
- ↑ Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto Seguro), João Capistrano de Abreu e Rodolpho Garcia (1975). História geral do Brasil: antes da sua separação e independência de Portugal, Volume 1. [S.l.]: Edições Melhoramentos,
- ↑ a b Moacyr Soares Pereira (1985). O São Miguel histórico da costa oriental do Brasil. [S.l.]: UC Biblioteca Geral 1. 15 páginas
- ↑ a b Stéphane Mouette (1997). «Les balbutiements de la colonisation française au Brésil (1524-1531)» (PDF). Cahiers du Brésil Contemporain. Consultado em 28 de janeiro de 2014
- ↑ Décio Freitas (2004). República de Palmares: pesquisa e comentários em documentos históricos do século XVII. [S.l.]: Editora da UFAL. 291 páginas. ISBN 9788571772021
- ↑ Lucrécia Morais (21 de setembro de 2012). «Contribuições e desafios das organizações sociais na mobilização e ação dos pescadores artesanais do litoral sul de Pernambuco» (PDF). VI Encontro Nacional da Anppas. Consultado em 28 de janeiro de 2014
- ↑ «Ilha de Santo Aleixo». Consultado em 22 de outubro de 2023
- ↑ a b Ribeiro, Wellington (11 de março de 2017). «Ilha de Santo Aleixo é alvo de Operação envolvendo Marinha, IBAMA e outros órgãos». Ponto de vista. Consultado em 22 de outubro de 2023
- ↑ Maria, Raquel (21 de setembro de 2021). «As secretarias de Saúde e de Turismo realizou uma ação de vigilância da saúde na Ilha de Santo Aleixo». Prefeitura de Sirinhaém. Consultado em 22 de outubro de 2023