Incoerência quântica
Incoerência quântica é o termo usado para descrever a perda de coerência em um sistema quântico. Em mecânica quântica, a coerência refere-se à capacidade de um sistema estar em uma superposição de estados, onde diferentes estados quânticos podem interferir entre si de forma previsível. Quando um sistema perde essa propriedade, diz-se que ele experimenta incoerência.
Causas
editarA incoerência quântica ocorre principalmente devido à interação do sistema quântico com o ambiente externo, um processo conhecido como decoerência quântica. A decoerência é responsável por degradar as propriedades quânticas de superposição e entrelaçamento quântico, fazendo com que o sistema se aproxime de um comportamento mais clássico, onde as características quânticas, como a interferência e a superposição, desaparecem.[1]
Descrição matemática
editarMatematicamente, a incoerência quântica pode ser descrita pela evolução temporal da matriz densidade ( ) do sistema. Para um estado quântico puro, a matriz densidade é representada como:
onde é o vetor de estado do sistema.
Quando o sistema interage com o ambiente, ele evolui para um estado misto, que pode ser modelado pela equação de Lindblad. Esta equação descreve a evolução temporal da matriz densidade em sistemas abertos (sistemas que interagem com seu ambiente), e é dada por:
Nesta equação:
- é o Hamiltoniano do sistema, representando sua energia total.
- são os operadores de Lindblad, que modelam os efeitos dissipativos do ambiente no sistema.[2]
- O termo descreve a evolução unitária (reversível) do sistema.
- O segundo termo, envolvendo os operadores de Lindblad, captura a dissipação e a perda de coerência, indicando como o sistema perde suas características quânticas ao longo do tempo.
Com o passar do tempo, a decoerência faz com que os elementos fora da diagonal da matriz densidade diminuam, refletindo a perda de coerência quântica. Isso leva à transição do sistema de um estado de superposição quântica para um estado clássico, onde as propriedades quânticas não são mais observáveis.[3]
Importância
editarA compreensão da incoerência quântica é fundamental para explicar por que os fenômenos quânticos são raramente observados em sistemas macroscópicos e como o mundo clássico emerge da natureza quântica subjacente do universo.[4]
Ver também
editarReferências
- ↑ Zurek, W. H. (2003). «Decoherence, einselection, and the quantum origins of the classical». Reviews of Modern Physics. 75 (3): 715–775. doi:10.1103/RevModPhys.75.715
- ↑ Breuer, H.-P.; Petruccione, F. (2002). The Theory of Open Quantum Systems. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780198520634
- ↑ Joos, E.; Zeh, H. D.; Kiefer, C.; Giulini, D. J. W.; Kupsch, J.; Stamatescu, I.-O. (2003). Decoherence and the Appearance of a Classical World in Quantum Theory. [S.l.]: Springer. ISBN 9783540003908
- ↑ Schlosshauer, M. (2007). Decoherence and the Quantum-to-Classical Transition. [S.l.]: Springer. ISBN 9783540237730
Bibliografia
editar- Zurek, W. H. (2003). "Decoherence, einselection, and the quantum origins of the classical". *Reviews of Modern Physics*, 75(3), 715-775. doi:10.1103/RevModPhys.75.715
- Joos, E., Zeh, H. D., Kiefer, C., Giulini, D. J. W., Kupsch, J., & Stamatescu, I.-O. (2003). *Decoherence and the Appearance of a Classical World in Quantum Theory*. Springer. ISBN 9783540003908.
- Schlosshauer, M. (2007). *Decoherence and the Quantum-to-Classical Transition*. Springer. ISBN 9783540237730.
- Breuer, H.-P., & Petruccione, F. (2002). *The Theory of Open Quantum Systems*. Oxford University Press. ISBN 9780198520634.
- Omnès, R. (1994). *The Interpretation of Quantum Mechanics*. Princeton University Press. ISBN 9780691036692.