Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos
O Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos (IPA) foi uma instituição de ensino superior politécnico, situada na cidade de Lisboa, em Portugal. Fundada em 1990[1] e encerrada em 2016,[2] especializado na formação nas áreas das artes, engenharias e tecnologias.[1] Destacou-se por ser uma das principais entidades responsáveis pelo Festival de Cinema da Arrábida.[3]
Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos | |
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IPA | |
Lema | Saber Fazer |
Fundação | 1990 |
Dissolução | 2015 |
Tipo de instituição | Privado |
Localização | Lisboa |
Presidente | António Alves Vieira |
Descrição
editarNos seus últimos anos, o Instituto funcionou no Campus do Lumiar, em Lisboa.[1]
Fazia parte do grupo de educação Evolution, que desenvolvia o ensino de um ponto de vista empresarial, apostando, segundo o grupo, no conceito do "saber fazer" e na "vertente criativa".[4] Em 2009, o grupo incluía igualmente o Colégio Cesário Verde, a Escola Técnica de Imagem e Comunicação, e a Escola Profissional de Imagem.[4] Cada estabelecimento tinha uma função educativa específica, cabendo ao IPA a componente de ensino politécnico.[5] A proprietária do instituto era a Cooperativa Universitária de Ensino Científico e Técnico (CITE).[2]
Devido à sua natureza como estabelecimento politécnico, reforçou-se a aposta em vertentes mais práticas, com métodos de ensino que acompanhavam a evolução da estrutura empresarial portuguesa.[1] Ao longo da sua carreira, destacou-se como um estabelecimento nas áreas mais ligadas à tecnologia, como engenharia civil e mecânica, gestão e informática.[1] Também dava atenção às vertentes profissionais de teor mais criativo, como design.[1] A sua oferta formativa era composta por cursos de primeiro ciclo e de pós-graduação.[1]
História
editarO Instituto foi formado em 1990, originalmente com o nome de Instituto Politécnico Autónomo, tendo sido reconhecido como de Interesse Público pela Portaria n.º 894/90, de 25 de Setembro.[1] Foi criado por iniciativa de um grupo de docentes do ensino superior, que defendiam a ampliação e desenvolvimento da rede de ensino superior como um pilar do desenvolvimento nacional.[1] Originalmente funcionava na zona de Belém, nas antigas Oficinas Gerais de Material de Engenharia, e depois passou para Xabregas, onde ficou até 2008.[1] Instalou-se posteriormente na Rua da Boavista, em Santos, e finalmente no Lumiar.[1]
Em 2002 passou por um profundo processo de reestruturação, no sentido de se adequar às novas regras no sistema nacional de ensino, tendo mudado a sua denominação para Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos pelo Aviso n.º 2525/2002, de 22 de Fevereiro.[1] Desta forma, foi alterado o esquema dos ciclos de estudos e os graus disponibilizados, garantindo a sua adaptação às novas estruturas legais.[1] Em 2008 reforçou a sua oferta formativa com a introdução de cursos mais ligados à área da criatividade, acompanhando desta forma as novas tendências empresariais, que se estavam a desenvolver a nível global.[1]
Em Abril de 2010, o director do Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos, Diogo Teixeira, foi um dos promotores do colóquio Reinventar a sala de aula, onde se procurou discutir a introdução de novos métodos de organização das salas de aulas, no sentido de alterar a forma como interagiam os professores e alunos.[6] De acordo com Diogo Teixeira, a composição tradicional das salas de aula causava problemas de motivação nos alunos, e que entre aqueles que alcançavam o ensino superior, «já são muito poucos aqueles que conseguem ser estimulados».[6]
Em 2011, o Instituto foi responsável pela organização de uma conferência sobre a renovação e reabilitação das zonas do Cais do Sodré e Santos, em Lisboa, que contou com a participação de representantes da Câmara Municipal de Lisboa e de vários arquitectos que avançaram com planos de reabilitação urbana para aquelas áreas, como Carrilho da Graça, José Manuel dos Santos e Ricardo Carvalho.[7] Nesse ano, a cooperativa onde se inseria o estabelecimento de ensino foi uma das várias em território nacional onde se verificou uma grande redução no número de alunos, gerando uma quebra nas receitas.[8] Com efeito, perdeu cerca de 113 mil Euros de receitas em relação a 2010, tendo sido a cooperativa que teve o menor volume de negócios neste período.[8] Naquele ano lectivo, o Instituto tinha 227 alunos.[8] Em Novembro de 2012, a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior determinou o encerramento de vários cursos em instituições de ensino nacionais, por considerar que não reuniam as condições necessárias para a sua manutenção.[9] Um dos cursos que foram encerrados no âmbito deste processo foi o de design do IPA.[9]
Em 2013 já se tinha iniciado o processo para a fusão entre o Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos e o Instituto Superior de Educação e Ciências, tendo sido pedida autorização ao Ministério da Educação e Ciência para que o IPA passasse para o campus do ISEC.[10] Desta forma, o ISEC ampliaria a sua oferta formativa nas áreas de engenharia.[10]
Em 2015, o Instituto era um dos estabelecimentos privados de ensino que estavam em risco de encerrar devido à falta de procura, tendo nessa altura menos de cem alunos e uma redução superior a 50% na evolução nas inscrições de novos alunos.[11] Esta situação foi causada pela grande redução de alunos no ensino superior desde 2012, levando o Ministério da Educação a investigar a sustentabilidade financeira de várias instituições de ensino, no sentido de averiguar se tinham condições para funcionar ou deveriam ser encerradas.[11] A cooperativa CITE determinou o encerramento do Instituto em 31 de Dezembro de 2015,[1] decisão que foi confirmada por um Despacho do Secretário de Estado do Ensino Superior de 24 de Janeiro do ano seguinte.[2] O motivo apontado para o encerramento foi o reduzido número de alunos.[1] O estabelecimento foi definitivamente encerrado no final do mesmo ano.[2]
Em 2012, o Instituto Superior Autónomo foi responsável pela organização do Finisterra - Arrábida Film Festival, em conjunto com a empresa Falcão Azul, e com o apoio das Câmaras Municipais de Palmela, Sesimbra e Setúbal.[12] O propósito do festival era promover a região da Arrábida como destino turístico e de cinema, através da produção de filmes de publicidade e documentários.[13] O festival iniciou-se com uma sessão solene nas instalações do Instituto em 22 de Maio, evento que contou com a presença das embaixadas de Espanha, China, Itália, Macau, Indonésia e Marrocos, e representantes das autarquias envolvidas.[14] O festival também permitiu ao Instituto desenvolver a sua área formativa, principalmente nas pós-graduações em cinema documental, tendo sido considerado pelos participantes como uma "valiosa fonte de experiência" nas diversas áreas ligadas à produção cinematográfica, como a produção, realização, edição sonora, imagem e design gráfico.[15]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p «Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos». Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos. Consultado em 13 de Novembro de 2021. Arquivado do original em 22 de Setembro de 2017
- ↑ a b c d PORTUGAL. Aviso n.º 3194/2017, de 1 de Março. Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - Direcção-Geral do Ensino Superior. Publicado no Diário da República n.º 62/2017, de 28 de Março, Série II.
- ↑ «Arrábida Film Festival». Sesimbra Acontece. Sesimbra: Câmara Municipal de Sesimbra. Junho de 2012. p. 13. ISSN 2182-6315. Consultado em 16 de Novembro de 2021 – via Issuu
- ↑ a b «Grupo de educação investe meio milhão de euros». TVI 24. 4 de Agosto de 2009. Consultado em 13 de Novembro de 2021
- ↑ LIMA, Maria João (30 de Janeiro de 2009). «'Temos a oportunidade de tornar Lisboa numa capital criativa'». Meios e Publicidade. Consultado em 13 de Novembro de 2021
- ↑ a b VIANA, Clara (7 de Abril de 2010). «Mudando a sala de aula, podem mudar-se comportamentos». Público. Consultado em 13 de Novembro de 2021
- ↑ «Hoje é notícia». SIC Notícias. 28 de Abril de 2011. Consultado em 13 de Novembro de 2021
- ↑ a b c MARQUES, Marina; SIMÕES, Rui Marques; ANTUNES, Rui Pedro; FRECHES, Sílvia; SIMÕES, Sónia (12 de Novembro de 2012). «Receitas de cooperativas caíram 2,3 milhões». Diário de Notícias. Consultado em 13 de Novembro de 2021
- ↑ a b SILVA, Samuel; FERREIRA, Victor (4 de Novembro de 2012). «PÚBLICO divulga lista dos cursos superiores que terão de encerrar». Público. Consultado em 13 de Novembro de 2021
- ↑ a b «Formar profissionais de forma diferenciada». País Positivo. Vila Nova de Gaia: As - Agencia. Maio de 2013. p. 24. Consultado em 16 de Novembro de 2021 – via Issuu
- ↑ a b «Ensino Superior: Há dez instituições privadas em risco de fechar portas». Notícias ao Minuto. 16 de Novembro de 2015. Consultado em 13 de Novembro de 2021
- ↑ «Finisterra superou expectativas». Sesimbra Município (144). Sesimbra: Câmara Municipal de Sesimbra. 2012. p. 12. Consultado em 13 de Novembro de 2021 – via Issuu
- ↑ «Cinema revela território». Jornal Muncicipal de Setúbal. Ano 12 (45). Setúbal: Câmara Municipal de Setúbal. Junho de 2012. p. 19. Consultado em 13 de Novembro de 2021 – via Issuu
- ↑ SILVA, Teresa Carvalho da (31 de Maio de 2012). «Finisterra Film Festival». O Sesimbrense. Ano 86 (1162). Sesimbra: Liga dos Amigos de Sesimbra. p. 16. Consultado em 13 de Novembro de 2021 – via Issuu
- ↑ «Um festival que pretende motivar o turismo e a cultura: Finisterra chega à Antártida». O Sesimbrense. Ano 88 (1183). Sesimbra: Liga dos Amigos de Sesimbra. 1 de Março de 2014. p. 13. Consultado em 13 de Novembro de 2021 – via Issuu
Ligações externas
editar- «Página oficial do Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos». Arquivado do original em 22 de Setembro de 2017