Itarema

município brasileiro do estado do Ceará

Itarema é um município brasileiro do estado do Ceará. Sua população, conforme estimativas do IBGE de 2018, era de 41 445[3] habitantes.

Itarema
  Município do Brasil  
Símbolos
Bandeira de Itarema
Bandeira
Hino
Gentílico itaremense
Localização
Localização de Itarema no Ceará
Localização de Itarema no Ceará
Localização de Itarema no Ceará
Itarema está localizado em: Brasil
Itarema
Localização de Itarema no Brasil
Mapa
Mapa de Itarema
Coordenadas 2° 55′ 12″ S, 39° 54′ 54″ O
País Brasil
Unidade federativa Ceará
Municípios limítrofes Norte: Oceano Atlântico, Leste: Amontada, Sul: Acaraú Oeste: Acaraú
Distância até a capital 204 km
História
Fundação 6 de setembro de 1890 (134 anos)
Emancipação 5 de fevereiro de 1985 (39 anos)
Administração
Distritos
Prefeito(a) Elizeu Charles Monteiro[1] (PDT, 2021–2024)
Vereadores 13
Características geográficas
Área total [2] 720,668 km²
População total (estimativa IBGE/2018[3]) 41 445 hab.
 • Posição CE: 46º
Densidade 57,5 hab./km²
Clima Tropical atlântico (As)
Altitude 20 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
CEP 62590-000
Indicadores
IDH (PNUD/2000[4]) 0,600 médio
PIB (IBGE/2008[5]) R$ 171 793,481 mil
PIB per capita (IBGE/2008[5]) R$ 4 773,63
Sítio www.itarema.ce.gov.br (Prefeitura)
www.camaraitarema.ce.gov.br (Câmara)

Etimologia

editar

O topônimo Itarema é uma alusão ao nome dado pelos índios por causa de uma pedra com forma de obelisco em alto mar que só era visível em maré baixa. Este vem do tupi ita (pedra), rema (cheiro agradável) e significa pedra de cheiro agradável ou pedra cheirosa.

Sua denominação original era Tanque do Meio e, desde 1937, Itarema.[6][7]

História

editar
 
Mapa do costa do Ceará em 1629.

As terras às margens do rio Aracatiaçu eram habitadas pelos índios Tremembé,[8][9] antes da chegada das entradas de franceses e portugueses, bem como das missões religiosas portugueses que tinham como intuito a catequização dos indígenas.

Desta missões e seus remanejamentos dos indígenas surgiu a povoação, que no mapa Plano da costa do Brasil desde o Ceará até a Ilha de S. João, confeccionado por José Patrício de Souza, em 1790,[10] está indicada como Aldeia do Caju.

Os padres que dirigiam a missão eram da ordem de São Pedro, que com a expulsão dos jesuítas em 1759, por ordens do Marquês do Pombal, os padres da ordem de São Pedro e uma parte dos Tremembé deslocaram os índios para o Soure e poucos anos depois devido a não adaptação os índios retornam a vila.

No ano de 1870, uma nova capela foi construída, esta dedicada à Nossa Senhora dos Navegantes e entre 1908/1909 esta foi reconstruída como Igreja-Matriz de Nossa Senhora de Fátima. O seu primeiro pároco foi o padre Antônio Thomaz.[7]

Geografia

editar
 
Praia da Barra, na Ilha do Guajirú.

Tropical Atlântico com pluviometria média de 1.187,8 mm com chuvas concentradas de janeiro a maio.

Hidrografia e recursos hídricos

editar

As principais fontes de água fazem parte da bacia do Litoral, sendo eles os córregos Grande, da Catanduba e Mineiro e outros tantos. Existem ainda diversos áreas de drenagem do rio Aracatimirim.[11]

Relevo e solos

editar

A predominância de tabuleiros, dunas móveis sem grande elevações.[11][12]

Vegetação

editar

As vegetações predominantes são gramíneas, ervas e floresta, caatinga, mata serrana, cerrado, matas ciliares e mangue.[11]

Subdivisão

editar

O município é dividido em três distritos: Itarema (sede), Almofala e Carvoeiro.[6]

Bairros

editar

Itarema tem 11 bairros.

  • Centro
  • Riacho
  • Riacho Doce
  • Lagoa Seca
  • Gargoê
  • São Vicente
  • Lagamar (Várzea)
  • Farol do Itapajé
  • Guajirú
  • Corrégo Grande
  • Ilha do Guajirú

Economia

editar
 
Monteiro Pescados, uma das principais indústrias de Itarema.

A economia local é baseada na agricultura, com a produção de algodão arbóreo e herbáceo, caju, mandioca, milho e feijão. E na aquicultura, com destaque para peixe, camarão e lagosta, estes são exportados em grande escala para outros continentes como o europeu e asiático, e para a América do Norte.

Também se destaca no comércio varejista com supermercados, farmácias, depósitos de construção, lojas de roupas, boutiques, frigoríficos, lojas de móveis e eletrodomésticos e eletrônicos, mercadinhos, mercearias, padarias, lojas de variedades, lanchonetes e restaurantes.

O artesanato também é uma outra fonte de renda, desde à confecção de bijuterias a redes e bordados.

Turismo

editar

Veja os principais pontos turísticos:

  • Praia do Farol
  • Farol de Itapajé
  • Praia do Guajirú
  • Praia da Barra
  • Ilha do Guajirú (composta por 4 praias: Praia do Farol, Praia do Guajirú, Praia da Barra e Praia das Dunas)
  • Praia do Porto
  • Praia da Tijuca
  • Praia de Almofala
  • Praia dos Torrões
  • Enseada dos Patos
  • Igreja de Almofala
  • Igreja Matriz de Itarema
  • Centro Administrativo José Maria Monteiro
  • Praça Pedra Cheirosa
  • Volta do Rio
  • Lagamar de Itarema
  • Museu Vicente de Paula Rios
  • Praça João Batista Rios
  • Mercado Público
  • Praça dos Feirantes
  • Praça da Matriz
  • Praça Pedro Penha
  • Porto dos Barcos
  • Porto dos Torrões
  • Praça dos Desportistas
  • Ginásio de Esportes João Damasceno Rios
  • Estádio Municipal
  • Mangue da Ilha
  • Manguezais do Porto dos Barcos
  • Rio Aracati-Mirim
  • Praça da Bandeira
  • Câmara dos Vereadores

Esportes

editar

O Estádio Dedezão é a sede dos principais clubes de futebol da cidade: o Itarema, o Vitória de Itarema, o Almofala e o Itarema. A cidade também conta com o Ginásio de Esportes João Damasceno Rios.

Cultura

editar
 
Apresentação teatral natalina.

Os principais eventos culturais são:

  • Festa da Padroeira Nossa Senhora de Fátima (12 e 13 de outubro),
  • Aniversário do município (5 de fevereiro),
  • Carnaval,
  • Festival de Quadrilhas (último final de semana de junho),
  • Torém, festa indígena da safra do Caju, outubro/novembro,
  • Festival da Cultura do Município (2ª quinzena de outubro),
  • Festa do Coco (2ª quinzena de janeiro).

Povos Indígenas de Itarema

editar

Desde os tempos imemoriais, o povo tapuia Tremembé residiu do Rio Trairi até o Rio Gurupi, ocupando a atual área de Itarema. Eram povos nômades, muito bem adaptados aos manguezais e praias, tendo vários elementos culturais ligados ao ambiente local, como o jenipapeiro, as tartarugas, os uçás e o principal, o cajueiro.[13] Os jesuítas aldearam os tremembés pela primeira vez em 1690, nomeando de "Missão do Cajueiro" na foz do Rio Acaraú e depois mudados apra a foz do Rio Aracatimirim (atual Almofala). O objetivo principal foi fixar os indígenas, pois sua "braveza" impedia os portugueses de colonizar o norte do Ceará, seus exércitos de centenas de indígenas eram responsáveis por afugentar as expedições portuguesas e atacar suas fortificações, como ocorrido em Jijoca de Jericoacoara, em 1614.[14] Durante o século XVIII e início do século XIX, os Tremembés tiveram alguma liberdade, até que o governo provincial do Ceará começou políticas de perseguição contra esses povos durante o Brasil Império, assim muitos pararam de se identificar como indígenas ou mesmo manter suas tradições, com medo de serem mortos ou perseguidos. A situação piorou em 1888, quando uma seca atinge o Ceará e na década seguinte, uma série de dunas começaram invadir o povoado indígena e estes fugiram para se abrigar em uma comunidade próxima, em Lagoa Seca. Passaram-se quase cinquenta anos com morros de areia cobrindo Almofala, até que no início dos anos 40, os indígenas começaram retornar, mas viram que várias famílias não-indígenas haviam chegado no povoado e alguns fazendeiros haviam expandido suas terras pela região, não demorando para que surgisse conflitos por terra entre essas comunidades. Um forte vestígio cultural que se manteve vivo por todos esses séculos entre os Tremembés, foi a dança do Torém, sendo esse o elemento responsável por unir as famílias indígenas que escondiam sua identidade devido a perseguição, agora voltando se reconhecer como Tremembé.[15][16] Durante os anos 60, os indígenas começaram se mobilizar lentamente em busca de reconhecimento, principalmente enquanto o Torém se tornava conhecido por pesquisadores de todo Brasil, mas no final do anos 70, a expansão das fazendas vizinhas em cima das comunidades indígenas e não-indígenas em Almofala e Tapera, foi o principal responsável para a mobilização desses grupos. No ano de 1979, incêndios criminosos, perseguição e espancamentos obrigam comunidades da região de Tapera abandonarem suas moradias, para dar espaço às plantações de coqueiro, após a empresa Ducoco Produtos Saudáveis chegar na região.[17][18] As tensões aumentaram na década de 80, quando os moradores e indígenas se organizam em sindicatos e ONGs para ter acesso aos seus direitos, com as questões indígenas sendo trazidas a tona principalmente nos anos 90, quando a FUNAI chega na região para demarcar o território, mas acaba sendo impedida por fazendeiros, empresários e políticos, deixando o processo estagnado desde 1993.[19] Paralelo a isso, os tremembés do Córrego João Pereira, uma outra comunidade no interior do município, conseguem ter sua terra reconhecida em 2003, sendo pioneiros no estado. Atualmente, os nativos das quatro comunidades locais (Almofala, Córrego João Pereira, Camundongo e Santo Antônio) continuam lutando por reconhecimento de suas terras e respeito aos seus direitos básicos, pois ainda ocorrem perseguições, espancamentos e ameaças.[20][21]

Política

editar

A administração municipal localiza-se no Centro Administrativo José Maria Monteiro.

Lista de prefeito do município:[6]

Ordem Nome Partido Mandato
José Stênio Rios PFL 1985 - 1988[22]
José Edson Rios PFL 1989 - 1992[23]
José Maria Monteiro PSDB 1993 - 1996[24]
José Stênio Rios PSD 1997 - 2004[25]
Marcos Robério Ribeiro Monteiro PMDB 2005 - 2012[26][27]
Benedito Monteiro dos Santos Filho PV/PSD 2013 - 2016[28]
Elizeu Charles Monteiro PDT 2017 - 2024[29][30]

Referências

  1. Prefeito de Itarema toma posse Portal G1 - acessado em 2 de janeiro de 2021
  2. IBGE (10 de outubro de 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010 
  3. a b «Estimativa populacional 2018 IBGE». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 29 de agosto de 2018. Consultado em 29 de outubro de 2018 
  4. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008 
  5. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 de dezembro de 2010 
  6. a b c http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/ceara/.pdf[ligação inativa]
  7. a b A República, Jornal do Ceará, Fortaleza - Ceará, 9 de novembro de 1898 - artigo microfilmado - Biblioteca Menezes Pimentel
  8. Sebok. Lou, Atlases published in the Netherlands in the rare atlas collection. Compiled and edited by Lou Seboek. National Map Collection (Canada), Ottawa. 1974
  9. Aragão, R. B, Índios do Ceará e Topônimios Indígenas, Fortaleza, Barraca do Escritor Cearense. 1994
  10. PLANO DA COSTA DO BRASIL DESDE O CEARÁ ATÉ A ILHA DE S. JOÃO – Feito por José Patrício de Souza, em 179. Acervo do Arquivo Histórico do Exército - Rio de Janeiro. Registro. 02.04.371
  11. a b c http://www.cprm.gov.br/
  12. «SIRH/Ce - Sistema de Informações dos Recursos Hídricos do Ceará». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  13. Filho, José Mendes Fonteles (2022). Povo Tremembé de Almofala: cultura e história. [S.l.]: Imprensa Universitária 
  14. Julio. «Jericoacoara». Consultado em 3 de outubro de 2023 
  15. «Tremembé - Povos Indígenas no Brasil». pib.socioambiental.org. Consultado em 3 de outubro de 2023 
  16. «Torém: A dança sagrada do povo Tremembé». Instituto Moreira Salles. Consultado em 3 de outubro de 2023 
  17. «Empresa Ducoco Agrícola S.A. impacta TI Tremembé». Um outro céu. 11 de dezembro de 2020. Consultado em 3 de outubro de 2023 
  18. «Justiça Federal reconhece legitimidade de demarcação de terra indígena em Itarema - PontoPoder». Diário do Nordeste. 13 de fevereiro de 2023. Consultado em 3 de outubro de 2023 
  19. «Ducoco: marca brasileira extrai coco em fazendas sobrepostas a Terra Indígena no Ceará». Rede NINJA. Consultado em 3 de outubro de 2023 
  20. «Tremembé Córrego João Pereira – Adelco». Consultado em 3 de outubro de 2023 
  21. «Tremembé de Almofala – Adelco». Consultado em 3 de outubro de 2023 
  22. «Eleições 85» (PDF). TRE. Consultado em 23 de novembro de 2014 
  23. «Eleições 88» (PDF). TRE. Consultado em 23 de novembro de 2014. Cópia arquivada (PDF) em 29 de abril de 2014 
  24. «Eleições 92» (PDF). TRE. Consultado em 23 de novembro de 2014 
  25. «Eleições 96». TSE. Consultado em 23 de novembro de 2014 
  26. «Eleições 2004». TSE. Consultado em 23 de novembro de 2014 
  27. «Eleições 2008». TSE. Consultado em 23 de novembro de 2014 
  28. «Eleições 2012». TSE. Consultado em 23 de novembro de 2014 
  29. «Eleições 2016». TSE. Consultado em 18 de outubro de 2016 
  30. TSE. «Eleições 2020». Resultados. Consultado em 25 de Agosto de 2023 

Ligações externas

editar