Jacinto Ramos
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Jacinto da Silva Ramos (Lisboa, 3 de outubro de 1917 — Lisboa, 4 de novembro de 2004) foi um ator, realizador e guionista português.[1]
Jacinto Ramos | |
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Nascimento | 3 de outubro de 1917 Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | português |
Morte | 4 de novembro de 2004 (87 anos) Lisboa, Portugal |
Ocupação | Ator, realizador e guionista |
Ao longo da sua carreira dedica especial atenção ao teatro amador,[2] criando e/ou dirigindo vários grupos de teatro, entre os quais: CITAC de Coimbra,[2] CITAC da Faculdade de Direito de Lisboa,[2] o da Faculdade de Medicina de Lisboa, Instituto Superior Técnico, Instituto Superior de Agronomia, Banco de Angola, Banco Fonsecas & Burnay e Tabaqueira. De Igual forma cria inúmeras companhias de teatro, entre outras: Grupo de Teatro da Cossoul,[2] Teatro d’Hoje,[2] Teatro de Novos para Novos,[2] Teatro Experimental de Lisboa,[2] Teatro de Todos os Tempos (T.T.T.), Teatro do Nosso Tempo (T.N.T.), Comediantes do Porto e A Nossa Gente (companhia em digressão).
No cinema, onde trabalhou como ator, realizador e argumentista, participou em diversos filmes, entre os quais O Pátio das Cantigas, O Pai Tirano, Ladrão Precisa-se[carece de fontes], Chaimite[3], A Costureirinha da Sé, Benilde ou a Virgem Mãe ou Manhã Submersa,[2] Vidas sem Rumo, A Traição Inverosímil, Ruínas do Interior, Fruto Proibido, Passagem de Nível. Realizou ainda Nocturno, uma curta-metragem em 16 mm que é transmitida na RTP e selecionada para passar na BBC. Por esta curta-metragem recebe, em 1962, o Prémio Nacional de Cinema de Sintra, além de quatro guiões baseados nas seguintes obras: O Convidado, de José de Lemos, A Forja, de Alves Redol, Alegria Breve, de Vergílio Ferreira, A Ponte sobre a Vida, de Mário Braga.
Na televisão, realizou as seguintes peças: A Partida de Bridge, O Xadrez do Diabo, Querida Ruth, Frei Luís de Sousa,[2] Volpone, Diário de um Louco, Adorável Mentiroso, Sarah Bernhardt, Henrique IV e O Porteiro, tendo igualmente encenado as últimas quatro. Integra o elenco das telenovelas Origens,[2] Palavras Cruzadas (ao lado de Eunice Muñoz),[2] Ricardina e Marta, A Banqueira do Povo[2] e Filhos do Vento.
Biografia
editarO interesse pelo mundo artístico manifesta-se desde cedo.
Em 1937 iniciou-se na rádio como locutor, após vencer um concurso.[1] No Rádio Clube Português, apresenta, em conjunto com Maria Leonor, Nuno Fradique e Graça Maria, o jornal diário, Diário do Ar. Este programa, inovador na época, contou com inúmeros colaboradores, entre os quais se salienta Alves Redol e José Cardoso Pires.
Ao longo da sua passagem pela rádio, Jacinto Ramos dirige e interpreta numerosas peças e folhetins radiofónicos na Emissora Nacional/Radiodifusão Portuguesa e no Rádio Clube Português, colaborando igualmente no Rádio Peninsular e no Rádio Continental.
A sua estreia no Teatro, ainda como amador, dá-se na Sociedade Guilherme Cossoul, onde, em 1945, juntamente com José Viana, funda o Grupo de Teatro da Guilherme Cossoul.[2] Levada à cena no Carnaval, Cravas de Todo o Ano foi um dos primeiros espetáculos apresentados e consistia numa paródia à peça Rosas de Todo o Ano, de Júlio Dantas, em que Jacinto Ramos e José Viana interpretavam em travesti.
Na Cossoul, entre outras peças, Jacinto Ramos interpreta e/ou encena: Laurinda, de Romeu Correia, O Urso, de Tchekov, Maria Emília, de Alves Redol, O Doido e a Morte, de Raul Brandão, Catão, de Garrett e O Monta-Cargas, de Harold Pinter. Pela Guilherme Cossoul passaram muitos dos futuros atores profissionais, tais como Raul Solnado, Varela Silva, Henrique Viana, Luís Alberto, Gilberto Gonçalves, Glicínia Quartin, entre outros.
A Cossoul viria a tornar-se uma referência no meio teatral quer pelos dramaturgos divulgados, quer pelos atores que ia formando.
Ainda na década de 40, juntamente com José Viana, Maria Barroso, Carlos Wallenstein e Lopes Graça, forma um grupo artístico que percorre os arredores de Lisboa, apresentando espetáculos de teatro, poesia e música, com o objetivo de "agitar politicamente as pessoas", como o próprio afirmava. Matricula-se no curso noturno do Conservatório Nacional, de onde somente sairia em 1949,[1] após receber convite para atuar no Teatro Nacional.[1] A convite de Alves da Cunha, que sempre considerou seu Mestre, ingressa na sua Companhia, percorrendo, pela primeira vez, o país, como ator profissional.
No ano de 1950, foi convidado por Amélia Rey Colaço, a ingressar na companhia Rey Colaço/Robles Monteiro e estreia-se no Teatro Nacional D. Maria II,[1][2] como protagonista na peça Curva Perigosa.[2] de J. B. Priestley, ao lado de Mariana Rey-Monteiro. Neste período, entre outras peças, interpreta: Sonho de Uma Noite de Verão,[2] de Shakespeare, Casaco de Fogo, de Romeu Correia,[2] Madame Sans-Gêne, de Victorien Sardou/Émile Moreau, Menina Júlia, de Strindberg,[2] Os Maias, de Eça de Queiroz[2] /Bruno Carreiro, A Visita da Velha Senhora, de F. Durrenmatt, A Condessa, de Maurice Druon, Peraltas e Sécias, de Júlio Dantas, O Processo de Jesus, de Diego Fabbri, As Árvores Morrem de Pé, de Alejandro Casona, Filomena Marturano, de Eduardo de Filippo, O Leque de Lady Windermere, de Oscar Wilde, O Lugre, de Bernardo Santareno, Diálogos das Carmelitas, de Bernanos, etc.
Após o incêndio do Teatro D. Maria II em 1964 e antes da sua reconstrução em 1978, Jacinto Ramos atua nos principais palcos de Lisboa e do país, em peças dos mais variados géneros, algumas de extraordinário êxito e que viriam a tornar-se uma referência na história do teatro português. Participou, nomeadamente na peça Duas Pernas... Um Milhão no Teatro Capitólio em 1967.[4]
No Tivoli, no S. Luis, no Trindade, no Monumental, no Villaret, no Teatro Maria Vitória, no Laura Alves, no Avenida, no Capitólio, no Primeiro Acto, no Sá da Bandeira e no Teatro Experimental do Porto interpreta e/ou encena inúmeros espetáculos, dos quais se salienta: Adorável Mentiroso, de Jerome Kilty, Diário de um Louco, de Gogol, O Porteiro, de Harold Pinter, Tudo no Jardim, de Albee, Albergue Nocturno, de Gorki, As Três Irmãs, de Tchekov, Já Aqui Estive, de J. B. Priestley, Arsénico e Rendas Velhas, de Kesselring, Lourdes, de Alfredo Cortez, Quem tem medo de Virginia Woolf?, de Albee, Freud - o Princípio e o Fim, de Henry Denker, A Forja, de Alves Redol, O Príncipe e a Corista, de Terrence Rattingan, O Preço, de Arthur Miller, O Segredo, de Henry James, Antígona, de Anouilh, Caíram do Céu Três Anjos, de Albert Husson, Isaura, de Romeu Correia, o musical Duas Pernas, [[um Milhão, O Bem Amado, de Neil Simon, Os Ausentes, de Luz Franco, Descalços no Parque, de Neil Simon, A Severa, de Júlio Dantas, Jorge Dandin, de Molière.
Para muitas destas peças, Jacinto Ramos convida vários artistas plásticos e intelectuais da época que contribuíram com o seu talento para a qualidade dos espetáculos apresentados, nomeadamente Lima de Freitas, Sá Nogueira, João Vieira, Daniel Filipe, Conceição Silva, Jorge Listopad e tantos outros.
Após sua reabertura, em 1978, Jacinto Ramos regressa ao Teatro Nacional onde, na qualidade de ator e/ou encenador, participa em inúmeros espetáculos, tais como: Auto da Geração Humana, de Gil Vicente, O Rei Imaginário, de Raul Brandão, Dueto a Solo, de Tom Kempinski, Gin Game, de Donald Coburn, Sarah Bernhardt, de John Murrell, e O Jardim Zoológico de Cristal, de Tennessee Williams, Pedro o Cru, de António Patrício, Felizmente há Luar, de Luís de Sttau Monteiro e Longa Viagem para a Noite, de Eugene O’Neill.
O interesse pela divulgação da poesia e dos poetas portugueses, leva-o, em conjunto com Eunice Muñoz e Luz Franco, a apresentar em Goa, em 1981, o espetáculo Portugal e os seus Poetas.[2]
Em 1985, um novo espetáculo de poesia, Cantando Espalharei,[2] estreado na Fundação Gulbenkian, é levado em digressão por oitenta localidades de Portugal,[2] Macau, Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela, e posteriormente a Macau. Em 1989, o espectáculo é transformado numa série de televisão para a RTP com realização de Lauro António.[5]
Em 14 de fevereiro de 1994 Jacinto Ramos é condecorado pelo Presidente da República com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[6]
Morreu em sua cidade natal, na Casa do Artista, onde residia, pela madrugada, após ter sofrido uma queda que lhe gerou complicações de saúde.[2]
Outros trabalhos
editarTem os seguintes discos editados: Uma Campanha Alegre, A Forja, em colaboração com Norberto de Sousa, Esta é a Ditosa Pátria Minha Amada, em conjunto com Luz Franco, A Caravela e Cantando Espalharei.
Ator, encenador, realizador e muitas vezes coreógrafo, ainda traduz várias peças de teatro, participa em numerosos colóquios e cursos de formação teatral e colabora na imprensa, escrevendo regularmente para o Jornal de Notícias do Porto uma crónica sobre teatro. Publicou ainda o livro Esta é a Ditosa Pátria Minha Amada, em colaboração com Luz Franco.
Faz parte da Comissão Instaladora do SIARTE - Sindicato das Artes do Espectáculo e é um dos fundadores da APOIARTE - Associação de Apoio aos Artistas.
Prémios
editar- Prémio Carlos Poffer (da Federação das Sociedades de Recreio, 1944)[7]
- Arte Dramática (Encenação, 1953)[7]
- Robles Monteiro (Encenação, 1959,[7] por Menina Júlia)
- Voz do Operário (Interpretação, 1960)[7]
- Prémio Nacional de Cinema de Sintra (Realização, 1962,[7] pelo filme Nocturno)
- Imprensa (interpretação, 1963, por Adorável Mentiroso),[7] (Interpretação, 1966, por Diário de um Louco)[7]
- Eduardo Brazão (Interpretação, 1968, por O Porteiro)
- SNI (interpretação), por O Porteiro, em 1967[7]
- SEIC (encenação), em 1971.[7]
Carreira
editarCinema
editarComo ator:
- O Pai Tirano (1941)
- O Pátio das Cantigas (1942)
- Ladrão Precisa-se (1946)
- Chaimite[3] (1953)
- Vidas sem Rumo (1956)
- A Costureirinha da Sé (1958)
- Passagem de Nível (1965)
- A Traição Inverosímil (1971)
- Benilde ou a Virgem Mãe (1975)
- Fruto Proibido (1976)
- Ruínas do Interior (1977)
- Manhã Submersa[2] (1980)
Como realizador:
- Nocturno
Televisão
editarComo realizador:
- A Partida de Bridge
- O Xadrez do Diabo
- Querida Ruth
- Frei Luís de Sousa[2]
- Volpone
- Diário de um Louco
- Adorável Mentiroso
- Sarah Bernhardt
- Henrique IV
- O Porteiro
Como ator:
- Origens (1983)[2]
- Palavras Cruzadas(1987)[2]
- Ricardina e Marta (1989)
- A Banqueira do Povo[2] (1993)
- Telhados de Vidro (1993)
- Filhos do Vento (1997).
Referências
- ↑ a b c d e Jacinto Ramos. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-10-30].Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$jacinto-ramos>
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab Rádio Notícias (4 de novembro de 2004). «Morreu Jacinto Ramos». sítio tsf.com.br. Consultado em 26 de outubro de 2012
- ↑ a b RTP, Chaimite [em linha]
- ↑ http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06577.115.21267#!6
- ↑ https://www.caminhos.info/equipa/lauro-antonio/
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Jacinto da Silva Ramos". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 9 de agosto de 2019
- ↑ a b c d e f g h i Biblioteca Universal (n.d.). «Jacinto Ramos». sítio universal.pt. Consultado em 26 de outubro de 2012[ligação inativa]