Jihad
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A jiade[1][2] ou jihad[3][4] (em árabe: جهاد; romaniz.: jihād; "empenho", "luta"[5][6][7][8]) é um conceito do islão que é habitualmente entendido como "guerra santa" contra os inimigos da religião muçulmana.[9][10] Aquele que segue a jihad é conhecido como mujahid. Num segundo sentido, que surgiu posteriormente, pode significar "luta interior" mediante vontade pessoal de se buscar e conquistar a fé perfeita.[11]
Há duas formas de atualmente de entender a jihad, o modo "Jihad Maior" e o modo "Jihad Menor". Conforme Ahmed al-Dawoody a palavra jihād surge frequentemente no Alcorão, com e sem conotações militaresː dezassete derivados de jihad ocorrem quarenta e uma vezes em onze textos de Meca e trinta de Medina, com os seguintes cinco significados: esforço por causa da crença religiosa (21), guerra (12), pais não muçulmanos exercendo pressão, ou seja, jihad, para fazer seus filhos abandonar o Islã (2), juramentos solenes (5) e força física (1).[12]
A Jihad Maior é descrita como uma luta do indivíduo consigo mesmo, pelo domínio da alma; e a Jihad Menor é descrita como a luta armada que os muçulmanos fazem contra os adversários do islão.
Esta divisão apenas surgiu no século XI em um livro de al-Khatib al-Baghdadi, que transmite aquele referido dito de Maomé, ou seja: antes deste período apenas havia uma jihad e essa, de acordo com os textos fundacionais do islão, era a "Jihad Menor" como se pode ver na surah 4:95 do Alcorão. Com efeito, nenhuma das quatro escolas de jurisprudência sunitas, nem a tradição xiita, se referem à "Jihad Maior". Mas não só: nenhum dos Kutub al-Sittah (seis maiores colecções de hádices) — Sahih al-Bukhari, Sahih Muslim, al-Sunan al-Sughra, Sunan Abu Dawud, Sahih al-Tirmidhi e Sunan ibn Majah — que a seguir ao Alcorão são os textos mais importantes para a formação identitária e teológica do islão, se referem, nas 200 vezes que se reportam a jihad, à "Jihad Maior", mas apenas à jihad de luta exterior e conquista. Ou seja: dizer que a verdadeira jihad é uma luta interior é, não só, uma posição herética face àquelas escolas ortodoxas de jurisprudência, mas ir contra as próprias palavras do profeta muçulmano Maomé que, por exemplo, disse:
- «Está escrito que Amr bin Abasah disse: “fui ter com Maomé e perguntei: ‘Oh mensageiro de Alá, qual é a melhor jihad? Maomé disse: ‘A de um homem cujo sangue é derramado e o seu cavalo é ferido’”» (Sunan ibn Majah 2794)
- «Está escrito segundo a autoridade de Abu Huraira que Maomé disse: ‘Aquele que morreu mas não lutou no caminho de Alá nem expressou alguma determinação por lutar, morreu como morrem os hipócritas» (Sahih Muslim 2:4696)
Bandeiras
editarA jihad carrega consigo suas bandeiras com a escrita da Shahadah o primeiro dos cinco pilares do Islã, defendendo que não há deuses senão Alá.
São duas as bandeiras da jihad, a mais comum, a al-Raya, também escrita como ar-Rayah e comumente chamada Bandeira da Jihad, é a mais usada por grupos jiadistas modernos; a bandeira branca, al-Liwa não muito é referenciada pois refere-se ao Califado e não exatamente ao ato ou grupos em prol da jihad.
Referências
- ↑ Alves, Adalberto (2014), «jiade», Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa, ISBN 9789722721790, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Instituto Camões, p. 578, consultado em 31 de maio de 2014
- ↑ Correia, Paulo (Primavera de 2015). «Designações de entidades ligadas à Alcaida» (PDF). a folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. ISSN 1830-7809
- ↑ «Dicionário Priberam (de Portugal)»
- ↑ «Dicionário Aulete (do Brasil)»
- ↑ «Jihad». Oxford Islamic Studies OnLine. N.d.
- ↑ «Jihad». Priberam Dictionário
- ↑ «Jihad». Dicio - Dictinário OnLine de Português
- ↑ «Jihad». Cambridge Dictionary
- ↑ Naqib al-Misri, Ahmad ibn (1991). Reliance of the Traveler (Umdat al-Salik). [S.l.]: Amana Publications. pp. 599–600
- ↑ Team, Almaany. «Translation and Meaning of جهاد In English, English Arabic Dictionary of terms Page 1». www.almaany.com (em inglês). Consultado em 4 de janeiro de 2020
- ↑ «BBC - Religions - Islam: Jihad». www.bbc.co.uk (em inglês). Consultado em 4 de janeiro de 2020
- ↑ Al-Dawoody, Ahmed (2011). The Islamic Law of War: Justifications and Regulations. [S.l.]: Palgrave Macmillan. 56 páginas.
Dezessete derivados de jihad ocorrem quarenta e uma vezes em onze textos de Meca e trinta de Medina, com os seguintes cinco significados: esforço por causa da crença religiosa (21), guerra (12), pais não-muçulmanos exercendo pressão, ou seja, jihad, para fazer seus filhos abandonar o Islã (2), juramentos solenes (5) e força física (1).
Bibliografia
editar- Khadduri, Majid. War and peace in the law of Islam. Baltimore: Johns Hopkins University, 1958.
- Morabia, Alfred. Le gihad dans l’Islam médiéval. Paris: Albin Michel, 1993.
- Melis, Nicola. Trattato sulla guerra. "Il Kitab al-gihad di Molla Hüsrev". Cagliari: Aipsa, 2002.
- Melis, Nicola. Il concetto di ğihād, in P. Manduchi (a cura di), Dalla penna al mouse: Gli strumenti di diffusione del concetto di gihad. Milão: Franco Angeli, 2006, pp. 23–54.
- Melis, Nicola. A Hanafi treatise on rebellion and ğihād in the Ottoman age (XVII c.), in Eurasian Studies, Istituto per l’Oriente/Newnham College, Roma-Cambridge, Volume II; Number 2 (dezembro 2003), pp. 215–226.
- Peters, Rudolph. Islam and colonialism: The doctrine of Jihad in modern history. "Religion and Society", Mouton, Haia, 1979.