João Afonso de Albuquerque
João Afonso de Albuquerque (em castelhano: Juan Alfonso de Alburquerque; Lisboa, c. 1304 — Medina del Campo 28 de setembro de 1354)[1] apelidado o do Ataúde,[a] 6º senhor de Albuquerque,[2][3] era um membro da mais alta nobreza, descendente das casas reais de ambos os reinos de Portugal e Castela, embora através de linhas ilegítimas. Seu pai, Afonso Sanches, filho primogénito e predileto do rei Dinis I, que o teve de Aldonça Rodrigues Telha,[4] casou com Teresa Martins de Meneses, filha de João Afonso Teles de Meneses, 1.º conde de Barcelos, e de Teresa Sanches, filha ilegítima do rei Sancho IV. Foi alferes do rei Afonso XI, mordomo-mor do infante Pedro, depois Pedro I, e seu chanceler-mor.[b][2]
João Afonso de Albuquerque, | |
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Rico-homem nos reinos de Portugal e de Castela | |
Nascimento | (n. ca. 1304 ) |
Lisboa | |
Morte | 1354 |
Medina del Campo | |
Sepultado em | Mosteiro de Santa Maria de la Santa Espina, Castromonte, (Valladolid) |
Cônjuge | Isabel Teles de Meneses |
Descendência | Ver descendência |
Casa | Teles de Meneses |
Pai | Afonso Sanches |
Mãe | Teresa Martins de Meneses |
Biografia
editarPor volta de 1330 já estava em Castela, onde era alferes-mor de seu primo, Alfonso XI, e depois foi mordomo-mor e aio do infante Pedro.[5] Também foi chanceler-mor do rei Alfonso e durante parte do reinado de seu filho, o rei Pedro I. "O homem-chave na preparação da criança» — ou seja, do infante Pedro, que tinha apenas 15 anos de idade quando seu pai morreu[6] — tornou-se o favorito do jovem rei e um dos mais influentes políticos do reino. Convocou as Cortes de Valladolid em 1351 e foi um dos artífices — como forma de fortalecer os laços políticos, criando uma aliança entre Castela e França — e o padrinho do casamento do rei Pedro e de Branca de Bourbon em 3 de junho de 1353.[7]
As relações entre o rei e o seu favorito foram-se deteriorando devido tanto ao apoio de Albuquerque a uma aliança com a França num momento em que o rei começou a considerar uma aproximação à Inglaterra, como ao seu excesso de peso nos assuntos da cúria régia. Albuquerque retirou-se para sua terra em Extremadura "por medo de ser vítima de ira real" e, em seguida, voltou para Portugal. Os homens próximos a Albuquerque foram demitidos pelo rei Pedro, para colocar em seu lugar os parentes de sua amante Maria de Padilla.[8]
Naquela época, Alburquerque chegou a um acordo com o infante, Henrique, o futuro rei Henrique II de Castela, que com outros nobres formou uma coalizão contra o seu meio-irmão, o rei Pedro. Em suas crónicas, Pedro López de Ayala relata que Albuquerque "se vio com o Conde Dom Henrique é com o Mestre Dom Fadrique, e se avinieron" e os três foram para as terras de Albuquerque.[9] Os seguidores de Albuquerque e os irmãos bastardos, filhos de Alfonso XI, "estragaron toda a terra de Badajoz" e ocuparam Ciudad Rodrigo. Poucos dias depois do sucesso, quando os rebeldes se apoderadam de Medina del Campo, João Afonso de Albuquerque morreu naquela cidade em 1354, provavelmente envenenado por ordem de Pedro I, segundo comenta López de Ayala que disse que o rei ordenou a seu médico "que diera hierbas a don Juan Alfonso (...) e el físico fízolo asídio las hierbas a don Juan Alfonso en un jarope de que morió."[10]
Após sua morte, não foi enterrado imediatamente e os rivais do rei "tornou-se uma bandeira da sua causa." Seu ataúde, daí o seu apelido, acompanheu ao exército e não foi enterrado até a vitória contra o rei castelhano. Finalmente, foi depositado no Mosteiro de Santa Maria de la Santa Espina,[11] onde também foram enterrados posteriormente a sua esposa e seu filho Martim.
Matrimónio e descendência
editarCasou entre 1323 e 1324 com sua prima Isabel Teles de Meneses, 10ª senhora de Meneses,[2][5][12] filha de Telo Afonso de Meneses e de Maria de Portugal,[13] filha de Afonso de Portugal e de Violante Manuel. Deste casamento nasceu:
- Martim Gil de Albuquerque (1325-1365), 7º senhor de Albuquerque e XI de Meneses, e adiantado-mor de Murcia.[2] Foi executado em 1365 por ordem de Pedro I de Castela e enterrado com seus pais. Morreu sem sucessão, apoderando-se a coroa de Castela dos senhorios de Albuquerque e de Meneses.[14][12][15]
Fora do matrimónio teve três filhos com Maria Rodrigues Barba,[16] filha de Rui Martins Barba e Iria Martins Alardo:[14][17]
- Fernando Afonso de Albuquerque, que foi mestre da Ordem de Santiago graças à intervenção de seu parente, a rainha Leonor Teles,[14][18] e senhor de Vila Nova de Anços. Faleceu antes de 1387 deixando descendência ilegítima.[15]
- Beatriz Afonso de Albuquerque, mulher de João Afonso Telo,[14] 6.º conde de Barcelos e almirante de Portugal, morto na Batalha de Aljubarrota, filho de Martim Afonso Telo de Meneses e de Aldonça Anes de Vasconcelos.[19][20]
- Maria Afonso de Albuquerque, foi legitimada em 1372 já estando casada com Gonçalo Teles de Meneses, 1.º conde de Neiva[14] e senhor de Faria, etc, irmão do marido de sua irmã Beatriz.
Con María Gil teve um filho:
- Pedro Gil de Albuquerque.[c]
Notas
editar- [a] ^ No cumprimento de um dos legados do seu testamento—para não o enterrar até que o Rei Pedro I desistisse de atacar os seus feudos—os seus vassalos asim o fizeram, tendo o seu ataúde percorrido o reino.
- [b] ^ Ver, na Edição de 1779 das Crónicas de López de Ayala, tomo I, p. 49, a nota 3 que redigiu Eugénio de Amírola.
- [c] ^ «Carta do rei João II de Portugal que legitima a Pedro Gil de Alburquerque, filho de Jõao Afonso de Albuquerque e Maria Gil e neto de Afonso Sanches.» Coleção Salazar y Castro, Real Academia de la Historia (Madrid). Signatura D-16, f. 85.
Referências
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 31, 109 e 231.
- ↑ a b c d Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 231.
- ↑ Costa 2004, p. 36.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 184 e 189.
- ↑ a b Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 193, Vol. I.
- ↑ Valdeón Baruque 2002, p. 47 e 56.
- ↑ Valdeón Baruque 2002, p. 64-67.
- ↑ Valdeón Baruque 2002, p. 67-68.
- ↑ Valdeón Baruque 2002, p. 68 e 119-120.
- ↑ Valdeón Baruque 2002, p. 70-71.
- ↑ Valdeón Baruque 2002, p. 71.
- ↑ a b Reglero de la Fuente 2001, p. 125.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 255.
- ↑ a b c d e Braamcamp Freire 1927, p. 196.
- ↑ a b Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 232.
- ↑ Fernandes 1972, p. 1454, sua nota 3.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 232 e 291.
- ↑ Fernandes 1972, p. 1454, nota 3.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 205, 232 e 241.
- ↑ Fernandes 1972, p. 1454, nota 3, e 1462.
Bibliografia
editar- Braamcamp Freire, Anselmo (1927). Brasões da Sala de Sintra, Livro Segundo. Coimbra: Imprenta da Universidade. OCLC 794223590
- Costa, Marisa (2004). «Poder e autoridade de fundar um mosteiro» (PDF). De arte: jornal de la historia del arte (4): 23–38. ISSN 1696-0319
- Fernandes, Fátima Regina (1972). «A extinção da descendência varonil dos Menezes de Albuquerque em Castela e suas implicações na administração do seu património em Portugal» (PDF). Revista da Faculdade de Letras, História, Universidade do Porto, Série I (1): 1453–1467. ISSN 0871-164X
- López de Ayala, Pedro (1780). Crónica de los Reyes de Castilla, Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III. Madrid: Imprenta de D. Antonio de Sancha. OCLC 2921347[ligação inativa]
- Reglero de la Fuente, Carlos Manuel (2001). «Señores y vasallos en una aldea castellana medieval: Fuenteungrillo (siglos XIII-XIV)» (PDF). Edad Media: jornal de historia (em espanhol) (4): 113-139. ISSN 1138-9621
- Sotto Mayor Pizarro, José Augusto (1997). Linhagens Medievais Portuguesas: Genealogias e Estratégias (1279-1325). I. Porto: Tese de Doutoramento, Edicão do Autor
- Sotto Mayor Pizarro, José Augusto P. (1987). Os Patronos do Mosteiro de Grijo: Evolução e Estrutura da Familia Nobre Séculos XI a XIV. Oporto: [s.n.]
- Valdeón Baruque, Julio (2002). Pedro I el Cruel y Enrique de Trastámara (em espanhol). Madrid: Santillana Ediciones Generales, S.L. ISBN 84-03-09331-4