João de Almeida Bruno

Militar português

João de Almeida Bruno OPmTEMPPmVMMPCGMSCGMPMMMOCE (Lisboa, Santa Isabel, 30 de julho de 1935 – Lisboa, Lumiar, 10 de Agosto de 2022) foi um General da Exército Português, membro do Regimento de Comandos e Presidente do Supremo Tribunal Militar.[1][2]

General do Exército
João de Almeida Bruno
Presidente do Supremo Tribunal Militar
Período 4 de Maio de 1994
4 de Maio de 1998
Dados pessoais
Nome completo João de Almeida Bruno
Nascimento 30 de julho de 1935
Lisboa, Portugal
Morte 10 de agosto de 2022 (87 anos)

Lisboa, Portugal
Alma mater Academia Militar
Profissão Militar
Serviço militar
Anos de serviço 1952 até 1998
Graduação General
Unidade Comandos
Comandos Academia Militar, Supremo Tribunal Militar
Conflitos Guerra Colonial
Condecorações Ordem Militar da Torre e Espada, Medalha de Valor Militar, Medalha da Cruz de Guerra

Enquanto Major de Cavalaria Comando, depois promovido por distinção a Tenente-Coronel, distinguiu-se na Guerra Colonial, na Guiné, integrado no Regimento de Comandos. Pelos seus feitos de bravura recebeu as 3 mais altas condecorações nacionais: Ordem Militar da Torre e Espada, Medalha de Valor Militar e Medalha da Cruz de Guerra. Foi condecorado pelo Presidente Américo Thomaz com o grau de Oficial com Palma da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a mais alta condecoração portuguesa. Já anteriormente lhe tinha sido outorgada a Medalha de Prata de Valor Militar com Palma e duas Medalhas da Cruz de Guerra, respectivamente, de 1.ª e 2.ª Classes.[3]

Foi Comandante da Academia Militar de 1989 a 1993. Promovido ao posto de General (4 estrelas), foi Presidente do Supremo Tribunal Militar de 1994 até 1998, quando passou à reserva após 46 anos de serviço militar.[3]

Carreira

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Fazendo parte do estado-maior do então governador militar António Spínola, em 8 de Março de 1972, comanda a Operação Ametista Real cujo objectivo era desarticular e destruir as forças do PAIGC, em Kumbamori, no Senegal. Para isso, dividiu o seu batalhão em 3 agrupamentos, comandados respectivamente pelo capitão Matos Gomes, Raul Folques e capitão António Ramos. Neste último grupo participou também, o então Alferes Marcelino da Mata. A operação foi um sucesso resultando em danos elevados nas instalações e armamento do PAIGC e reduzidas baixas Portuguesas.[4]

Em 16 Março de 1974, fez parte do Levantamento das Caldas, cujo objectivo era o derrube do regime. O seu ex-comandante Spínola, cujo livro Portugal e o Futuro estimulara os golpistas, diria sobre o seu falhanço "os rapazes precipitaram-se".[5] Foi então preso pela PIDE, que tinha ordens para o matar caso houvesse resistência à ordem de prisão.[6] Foi libertado aquando a Revolução de 25 de Abril de 1974.[7]

Em 1975, toma parte na Intentona de 11 de Março, a comando de António Spínola. Dirige-se ao comandante do Batalhão de Comandos na Amadora, o coronel Jaime Neves, comunicando-lhe o ataque iminente ao RAL-1, fase inicial do golpe, atribuindo-lhe as missões de ocupação da Ponte 25 de Abril e das instalações do Rádio Clube Português e bloqueio a qualquer movimento de tropas do Regimento de Infantaria Operacional de Queluz. Mas o interpelado decide não participar no golpe depois de saber que a Escola Prática de Cavalaria de Santarém não se envolveria, e entra em contacto com o COPCON. Almeida Bruno ficará do lado de Jaime Neves, passando então a recusar-se falar com Spínola no demais decorrer da intentona. Declararia posteriormente não estar a par da conspiração, tendo-se deslocado à Amadora para assuntos relacionados com a constituição da Associação de Comandos, no que foi desmentido pelo próprio Jaime Neves.[8] Perante indicação dada por Otelo Saraiva de Carvalho, comandante do COPCON, apresenta-se de novo no regimento de Comandos da Amadora, onde é detido. É libertado a 25 de Novembro de 1975 e reintegrado nas forças armadas.[9]

Condecorações e Homenagens

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Ordens e Condecorações Nacionais

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Ordens e Condecorações Internacionais

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Homenagens

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A biblioteca da Academia Militar da Amadora foi, em 29 de maio de 2023, baptizada como Biblioteca “General João de Almeida Bruno”.[10]

Referências

  1. Expresso (10 de Agosto de 2022). «Morreu o General Almeida Bruno» 
  2. «Falecimento do General João de Almeida Bruno». www.portugal.gov.pt. Consultado em 6 de novembro de 2024 
  3. a b Agência Lusa, Cátia Andrea Costa (17 de agosto de 2022). «Morreu o militar de Abril João de Almeida Bruno. General tinha 87 anos». Observador 
  4. Poças, Nuno Gonçalo (2022). O fenómeno Marcelino da Mata : o herói, o vilão e a história. Lisboa: Casa das Letras. OCLC 1334365560 
  5. «"Disseram que tínhamos de voltar para trás"». Diário de Notícias. Consultado em 13 de dezembro de 2024 
  6. «Tentativa de assassinato de Almeida Bruno». RTP. 11 de abril de 1994. Consultado em 17 de agosto de 2022 
  7. «Visão | Otelo Saraiva de Carvalho: Auto-retrato em entrevista com o 25 de Abril em fundo». Visão. 25 de julho de 2021. Consultado em 17 de agosto de 2022 
  8. Noronha, Ricardo (30 de dezembro de 2016). «Anatomia de um golpe de Estado fracassado: 11 de março de 1975». Ler História (69): 71–87. ISSN 0870-6182. doi:10.4000/lerhistoria.2487. Consultado em 3 de outubro de 2023 
  9. «O PREC segundo Otelo - Repositório Instituto Camões 1998-2002». sites.google.com. Consultado em 17 de agosto de 2022 
  10. «HOMENAGEM AO GENERAL JOÃO DE ALMEIDA BRUNO». Academia Militar. Consultado em 6 de novembro de 2024