Jorge Arrate

político chileno

Jorge Félix Arrate Mac Niven (Santiago, 1 de maio de 1941) é um advogado,[1] economista, professor universitário, escritor e político chileno. Foi ministro dos presidentes Patricio Aylwin, Eduardo Frei Ruiz-Tagle e Salvador Allende. Em 2009, foi designado como candidato à Presidência da República representando a coligação Juntos Podemos Más e outras forças da esquerda extraparlamentar do seu país, obtendo 6,21% dos votos.[2]

Jorge Arrate Mac Niven
Jorge Arrate
Jorge Arrate Mac Niven
Ministro(a) de Trabalho e Previdência Social do
 Chile
Período 11 de março de 1994
1º de agosto de 1998
Dados pessoais
Nascimento 1 de maio de 1941 (83 anos)
Santiago do Chile
Partido Partido Socialista do Chile
Profissão Advogado

Biografia

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Filho do ex-oficial de Marinha chilena, radical, maçom e funcionário municipal Juan Gabriel Arrate Ducoing e de Aileen Mac Niven Seymour, nasceu em Santiago,[3] morou em Viña del Mar (1945-1953) e posteriormente em Puente Alto (até 1965).

Começou a estudar economia na Universidade do Chile em 1958, graduando-se em 1964.[3] No ano seguinte iniciou seus estudos de pós-graduação em Desenvolvimento Econômico na Escuela de Estudios Económicos Latinoamericanos para Graduados (Escolatina) da Universidade do Chile.[3] Entre 1967 e 1969 estudou economia na Universidade Harvard,[4] obtendo o grau de mestre. Em seguida voltou ao Instituto de Economia da Universidade do Chile para escrever sua tese de doutoramento, a qual nunca terminou.[3]

No início de 1971 o Presidente Salvador Allende o nomeou assessor econômico e, em outubro do mesmo ano, presidente da Corporación del Cobre (Codelco), onde foi responsável pelo processo de nacionalização das minas de cobre. Entre junho e julho de 1972, exerceu, cumulativamente e em caráter interino, o cargo de ministro de Minas.

Em 19 de agosto de 1973, Jorge Arrate saiu do Chile com a tarefa de firmar acordos econômico-financeiros com a República Democrática Alemã. Chegou a Berlim em 29 de agosto de 1973. Posteriormente seguiu para Moscou, onde, a 8 de setembro, recebeu ordens de voltar imediatamente ao Chile. Durante a viagem, no dia 11 de setembro, soube do golpe de Estado e decidiu ficar em Montevidéu. Entre 1973 e 1987, Arrate viveu em diferentes países - da Argentina à Itália.[5] Esteve exilado em Roma, Berlim Oriental e Rotterdam.[6] Durante o exílio, foi secretário do Comitê de Chilenos no Exterior.[7]

Após o restabelecimento da democracia no Chile, foi ministro de Educação (1992-1994), no governo de Patricio Aylwin, e depois, ministro do Trabalho e Previdência Social (1994-1998) e secretário geral de Governo (1998-1999), durante a administração de Eduardo Frei Ruiz-Tagle.[8]

Entre 2000 e 2003, durante o governo de Ricardo Lagos, serviu como embaixador do seu país na Argentina.[3][9]

Atividades acadêmicas

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Desde 1966 exerceu funções docentes universitárias. Primeiro na Faculdade de Direito da Universidade do Chile, depois na Escolatina, na Escola de Sociologia da Universidade Católica e na Faculdade de Economia e Negócios da Universidade do Chile. Em 1970 foi diretor do Instituto de Economia e Planejamento desta última.

En 1977, já no exílio, fundou, juntamente com o ex ministro de Allende, Orlando Letelier, o Instituto para el Nuevo Chile, sediado em Rotterdam.[10] Dirigiu o instituto, que foi subsidiado por sucessivos governos neerlandeses, de diferentes partidos, desde a sua fundação até 1991. Arrate liderou também a organização das oito Escolas Internacionais de Verão ligadas ao Instituto - em Rotterdam, Mendoza (Argentina) e Santiago.

A partir de 1987 foi professor visitante na Universidade Nacional de Cuyo, na Argentina, e nas universidades da Califórnia em Berkeley e da Virgínia, nos (Estados Unidos)

Em 1992 foi o primeiro diretor da Escola de Administração Pública da Universidade de Santiago do Chile. Em 2003-2006 presidiu a Universidade de Artes e Ciências Sociais (UARCIS). Em 2008, foi docente da Universidade de Talca.

Atividades políticas

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Em 1957 foi secretário geral da Federação de Estudantes Secundários de Santiago;[8] em 1961, presidente do Centro de Alunos da Faculdade de Direito da Universidade do Chile[3] e, em 1963, candidato a presidente da Federação de Estudantes do Chile, com apoio da Juventude Comunista e Socialista, ligada à coalizão Frente de Ação Popular (FRAP). Em 1963 ingressou no Partido Socialista do Chile.[3] No início de 1971, foi designado chefe dos Profissionais e Técnicos socialistas pelo Comitê Central.

Durante seus 14 anos de exílio, foi secretário executivo da Izquierda Chilena en el Exterior (agrupamento dos partidos da Unidade Popular, do MIR) e do Chile Democrático, entidade internacional, sediada em Roma, coordenadora da solidariedade com a democracia chilena. Entre 1975 e 1977 foi secretário de Relações Internacionais do Partido Socialista do Chile, cuja sede principal se encontrava em Berlim Oriental.

Em 1984, em três ocasiões, tentou entrar no Chile contra a vontade da ditadura e foi impedido no aeroporto de Santiago. Em 1987 conseguiu entrar legalmente no país e retomou a atividade política.[3] Em 1989 foi eleito secretário geral do Partido Socialista do Chile.[3]

Posteriormente, no Congresso da Unidade Salvador Allende, celebrado em Valparaíso, foi designado presidente do partido.

Foi candidato à presidência da República nas eleições presidenciais de 13 de dezembro de 2009, quando obteve apenas 6,21% dos votos válidos, no primeiro turno.[11][12] No segundo turno, apoiou Eduardo Frei, que foi derrotado por Sebastián Piñera.[13]

Além de artgos, entrevistas e discursos, publicou ensaios e obras de ficção. A mais recente (2007) é Pasajeros en tránsito - una historia real, texto de memórias sobre suas tentativas de regressar ao Chile durante o regime militar.

De seus onze livros publicados, destaca-se Memoria de la Izquierda Chilena (2003), em coautoria com Eduardo Rojas. No âmbito político, escreveu, com Paulo Hidalgo, Pasión y razón del socialismo (1989), sobre a história do socialismo no Chile. Entretanto La fuerza democrática de la idea socialista (1985), escrito durante seu período de exílio, foi o que teve maior influência política durante os últimos anos da ditadura e no início da transição chilena para a democracia.

Referências

  1. El Mercurio, 26 de janeiro de 2008, p.C5
  2. Elecciones.gov.cl Arquivado em 23 de janeiro de 2010, no Wayback Machine. Votación candidatos a nivel nacional, Presidente 2009
  3. a b c d e f g h i La Tercera, 27 de setembro de 2009, Reportajes, p.8
  4. Qué Pasa, 24 de dezembro de 2005, p.14
  5. La vida de chilenos en la RDA según los espías de la Stasi.
  6. El Mercurio, 5 de novembro de 1995, p.D2
  7. El Mercurio, 25 de janeiro de 2009, p.D6.
  8. a b Cosas, 20 de maio de 1999, p.38
  9. Estrategia, 12 de junnho de 2000, p.34
  10. Qué Pasa, 16 de mayo de 1998, p.28
  11. emol, 18 de junio de 2009, 13.39 horas
  12. El Mercurio, 20 de junho de 2009[ligação inativa]
  13. La Nación (Santiago), 23 de diciembre de 2009, p.5

Ligações externas

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