José Reis Borges
José António Borja Santos dos Reis Borges, mais conhecido como José Reis Borges (Praia, Cabo Verde, 28 de Novembro de 1933 - Lisboa, 10 de Setembro de 2006), foi um político e engenheiro português. Foi deputado, e exerceu como conselheiro de Obras Públicas e Transportes, e como presidente do Conselho Superior de Obras Públicas e Transportes.[1] Destacou-se por ter defendido a instalação do novo aeroporto de Lisboa em Rio Frio em vez da Ota, em meados da década de 2000.[1]
José Reis Borges | |
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Deputado à Assembleia da República | |
Período | 1983 - 1985 |
Dados pessoais | |
Nome completo | José António Borja Santos dos Reis Borges |
Nascimento | 28 de Novembro de 1933 Praia, Cabo Verde |
Morte | 10 de Setembro de 2006 Lisboa |
Nacionalidade | Portugal |
Alma mater | Instituto Superior Técnico |
Cônjuge | Maria Celeste Mendonça de Carvalho |
Partido | Partido Socialista |
Ocupação | Político e engenheiro |
Biografia
editarNasceu em 28 de Novembro de 1933.[2]
Ficou conhecido pela sua ligação aos transportes em território português, principalmente o aéreo.[3] Entre 1998 e 2004 foi presidente da Secção de Estradas, Caminhos de Ferro e Aeródromos, no Conselho Superior de Obras Públicas e Transportes.[3] Nos princípios da década de 1990, participou num concurso para os estudos relativos à instalação de uma escola de pilotos, que a operadora TAP pretendia construir em Évora.[3] Na sequência da apresentação pública para o projecto do Aeroporto da Ota, em Novembro de 2005, fez várias declarações à comunicação social, onde se assumiu como uma fonte independente do ponto de vista da engenharia sobre este tema, apesar da sua militância pelo Partido Socialista.[3] Por exemplo, foi um dos primeiros a criticar a validade de um estudo de impacto ambiental que tinha sido feito por uma universidade para o governo socialista, e insinuou abertamente que existiam motivos ulteriores para a opção de Rio Frio ter sido rejeitada pelos estudos ambientais, e a insistência em instalar o futuro aeroporto de Lisboa na Ota.[3] O próprio avançou a teoria de que esta escolha tinha sido causada pela intenção de urbanizar a zona de Rio Frio.[3] Segundo uma entrevista que deu ao programa Portugal Diário, «Foi engendrada a questão ambiental, com a alegação de que a União Europeia não financiaria parte do projecto».[4] Reis Borges classificou a opção da Ota como «um bebé coxo e raquítico», e recordou que aquela localização tinha sido rejeitada até pelos militares, tendo sido palco de «variadíssimos incidentes [...] e um trágico acidente, a Julho de 1955».[1] Reis Borges referiu-se ao desastre que ocorreu na Serra do Carvalho, que envolveu aviões F-84 da Força Aérea Portuguesa, e no qual faleceram oito pilotos.[1] Terá sido causado pelo nevoeiro, o que Reis Borges considerou como exemplo das más condições metereológicas naquela zona.[1] Explicou igualmente que existiam outros motivos de ordem técnica e de segurança para não fazer o aeroporto na Ota, incluindo a proximidade da Serra de Montejunto, que impedia o uso das duas pistas em simultâneo, de forma independente.[1] Além disso, afirmou que «Rio Frio é cem milhões de contos mais barato», segundo as informações presentes nos estudos que foram encomendados pela empresa NAER, e que foram divulgados durante o evento da apresentação do Novo Aeroporto de Lisboa, no final de 2005.[4] Também criticou a circunstância que nenhum dos governos tinha pedido um modelo de risco de colisão para a Ota à NAV Portugal, entidade que era responsável pelo controlo do tráfego aéreo no país, e que não tenha sido pedido um parecer ao Instituto Nacional de Aviação Civil, que era a organização responsável pela certificação da infraestrutura.[1] Em Abril de 2006, participou na conferência O novo Aeroporto Internacional de Lisboa: vantagens e desvantagens da sua localização na Ota, organizado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário.[3] No Verão desse ano, por motivos de doença não pôde participar num debate organizado pela autarquia de Lisboa sobre o novo aeroporto, mas enviou um texto para ser lido durante o evento.[3]
Envolveu-se igualmente no transporte ferroviário, tendo por exemplo sido um dos apoiantes da integração da engenharia e da mais-valia nacional, composta por consultores e empreiteiros, durante a discussão do programa para a introdução de comboios de alta velocidade em Portugal.[3]
Tornou-se militante do Partido Socialista em 1975, e entre 1977 e 1982 liderou a banca socialista da Assembleia Municipal de Lisboa.[3] Exerceu como deputado à Assembleia da República entre 1983 e 1985,[3] durante a III Legislatura da Terceira República Portuguesa, tendo sido eleito pelo círculo de Lisboa.[5]
Faleceu em 10 de Setembro de 2006.[2]
Referências
- ↑ a b c d e f g FRANÇA, Judite; PIRES, Patrícia (6 de Janeiro de 2006). «Ota é «um bebé coxo e raquítico»». TVI 24. Consultado em 29 de Janeiro de 2022
- ↑ a b PORTUGAL. Édito n.º 12/2007, de 25 de Janeiro de 2007. Cofre de Previdência dos Funcionários e Agentes do Estado. Publicado no Diário da República n.º 26/2007, Série II, de 6 de Fevereiro.
- ↑ a b c d e f g h i j k PEREIRA, Jorge Paulina (Abril de 2007). «In Memoriam: Engenheiro José Reis Borges (1933-2006)». FER XXI. Lisboa: Associação Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário. p. 6. Consultado em 29 de Janeiro de 2022 – via Issuu
- ↑ a b FRANÇA, Judite; PIRES, Patrícia (9 de Janeiro de 2006). «Rio Frio «ganhou» sempre à Ota». TVI 24. Consultado em 29 de Janeiro de 2022
- ↑ «Biografia: José Borja Borges». Assembleia da República. Consultado em 29 de Janeiro de 2022