Josefina Chantre

Combateu pelo fim do colonialismo português e pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde; presidente da RAMAO-CV, fundadora da Organização das Mulheres de Cabo Verde

Josefina Chantre (Paúl, Ilha de Santo Antão, 1942) combateu pelo fim do colonialismo português e pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Presidente da Renascença Africana – Associação das Mulheres da África Ocidental (RAMAO-CV) e fundadora da Organização de Mulheres de Cabo Verde.[1][2][3]

Josefina Chantre
Josefina Chantre
Nascimento 1942 (82 anos)
Ilha de Santo Antão
Cidadania Cabo Verde
Ocupação ativista

Biografia

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Josefina Chantre também conhecida como Zezinha Chantre nasceu no Paúl (Ilha de Santo Antão), em 1942, numa família de dez irmãos.[1][4]

Percurso

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Josefina estudou em São Vicente e, mais tarde, na década de 60 foi para Portugal, com uma bolsa do ministro do Ultramar, Adriano Moreira, onde frequentou o curso técnico de serviço social.[1][4][5]

Josefina muda-se paga Angola onde trabalhou no Instituto de Assistência Social de Angola. Enquanto trabalhadora deste Instituto Josefina exerceu funções em musseques e bairros degradados de várias províncias e afirma que é neste momento que começou a sentir a discriminação e a injustiça social, o que a faz ganhar uma maior consciencialização política.[4][5] Passado dois anos muda-se para Luanda onde se matriculou no Instituto Superior de Serviço Social de Luanda.[5] Mais tarde, muda-se para Portugal e estuda na Escola Superior de Serviço Social, em Lisboa onde conheceu jovens que já lutavam pela luta da independência das colónias e eram membros da resistência africana.[2][4]

Em 1970, Josefina vai para a Suécia, com o seu namorado de então, o moçambicano Joaquim Ribeiro Carvalho, militante da Frelimo[1] e posteriormente para Argel com o objetivo de ir para a Tanzânia, trincheira armada da luta em Moçambique. Apesar de ter sido impedida de ir, e já conhecendo a política do PAIGC muda-se para Conacri para ajudar nos movimentos de libertação nacionais. Em Conacri, trabalha no secretariado de Amílcar Cabral e é responsavel pela comunicação trabalhando na actualização do jornal Libertação e fazendo trabalhos de rádio em crioulo do Barvalento.[4][5]

Após a morte de Amílcar Cabral, Josefina é enviada com Inácio Semedo também membro do PAIGC para a Argélia, país que tinha dado apoio logístico na luta armada, na formação de camaradas do PAIGC e no apoio nas negociações de Londres, uma vez que havia  a necessidade de explicar os motivos para a morte de Amílcar Cabral.[5] Josefina participou na luta de libertação nacional, e após a independência de Cabo Verde, dedicou a sua vida à luta pela igualdade das mulheres em Cabo Verde para onde se muda em 1980.[5]

Josefina destaca o papel da mulher na construção de Cabo Verde afirmando que “a mulher cabo-verdiana foi duplamente colonizada: primeiro foi explorada pelo colonialista e depois pelo próprio homem”.[5] No início da construção de um Cabo Verde independente, o partido considerava que o desenvolvimento devia ser global, contudo Josefina considerava errado esse entendimento, uma vez que mais de metade da população era constituída por mulheres e é nesta conjuntura que nasce a a primeira organização das mulheres em Cabo Verde, a Organização das Mulheres de Cabo Verde . O objetivo da organização e de Josefina era o desenvolvimento de políticas e de projetos para a igualdade de géneros, tendo em vista a construção de um país pleno de igualdade. Josefina defende ainda o reforço na educação e formação, para que as cabo-verdianas, cuja maioria labora no mercado informal, tenham acesso ao emprego digno e salários justos.[5][6] Entre outros projetos desenvolveram o programa de proteção materno-infantil e planeamento familiar conhecida como PMI-PF e implementaram toda a rede de jardins infantins em Cabo Verde.[2]

Josefina é ainda uma ativista pela disponibilização de mais informação sobre a luta de libertação nacional especialmente para consciencializar os jovens e demonstrar a contribuição das mulheres na libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.[4]

Vida Pessoal

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Josefina foi casada com Honório Chantre, cabo-verdiano e companheiro de luta pela libertação das colónias.[1]

Referências

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  1. a b c d e Ataíde, Isadora (30 de agosto de 2008). «"Começaria tudo de novo"». Diário de Notícias. Diário de Notícias. Consultado em 25 de abril de 2021 
  2. a b c «"Penso que sou uma guerreira, uma mulher que viveu o seu tempo"». Santiago Magazine. Santiago Magazine. 20 de janeiro de 2018. Consultado em 25 de abril de 2021 
  3. «Zezinha Chantre / Mulher - Nha Terra Nha Cretcheu - Magazines - RTP». Rádio e Televisão de Portugal. Consultado em 25 de abril de 2021 
  4. a b c d e f «Mulheres de Luta». Expresso das Ilhas. Expresso das Ilhas. 20 de janeiro de 2020. Consultado em 25 de abril de 2021 
  5. a b c d e f g h «Josefina Chantre – O contributo das mulheres para a independência». NÓS GENTI. NÓS GENTI. 30 de setembro de 2012. Consultado em 25 de abril de 2021 
  6. «Mulheres combatentes debatem processo da luta e desafios actuais». VOA Português. VOA Português. 20 de março de 2018. Consultado em 25 de abril de 2021 

Ligações Externas

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Entrevista Semanal com Josefina Chantre Fontes na TIVER24