Kogda my byli na voine...
Kogdá my býli na voiné... (em russo: Когда́ мы бы́ли на войне́…, pronúncia russa: [kɐɡˈda mɨ ˈbɨlʲɪ nə vɐjˈnʲe], em português: "Quando estávamos na guerra..."), originalmente chamado Pésenka gusára (em russo: Пе́сенка гуса́ра, pronúncia russa: [ˈpʲesʲɪnkə ɡʊˈsarə], em português: "Canção do hussardo"), é um poema de David Samoilov de 1982, publicado originalmente em sua coleção "Golosa za kholmami". Foi notoriamente musicado por Viktor Stoliarov, em versão popularizada entre cossacos, e, apesar de sua recentidade, é hoje folcloricamente conhecida como tradicional desta etnia.[1]
"Kogda my byli na voine..." | |
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Canção | |
Gênero(s) | Música folclórica russa, música militar |
Idioma(s) | Russo |
Letra | David Samoilov |
Composição | Viktor Stoliarov |
Texto original
editarA letra da música é:
Russo[1][2] | Transliteração | Português |
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Когда мы были на войне, И я бы тоже думать мог, Как ты когда-то мне лгала, А я не думал ни о ком, Когда мы будем на войне, Я только верной пули жду, |
Kogda my byli na voine, I ia by toje dumat mog, Kak ty kogda-to mne lgala, A ia ne dumal ni o kom, Kogda my budem na voine, Ia tolko vernoi puli jdu, |
Quando estávamos na guerra, E eu poderia pensar também, Como você um dia mentiu para mim, Mas eu não pensei nisso, Quando nós estivermos na guerra, Eu só estou esperando a bala certa, |
Eu-lírico
editarO texto do poema, estilizado como canção folclore, é um monólogo interno de um soldado de cavalaria, especificado no título como hussardo, apesar de nada no texto indicar esta afiliação particular. Em verdade, Samoilov escolheu a figura do hussardo como eu-lírico por sugestão de seu editor, para evocar uma imagem mais clara e deixar o texto menos vulnerável à censura. Nesta reflexão, o hussardo ostenta a indiferença com a qual encara o adultério de sua mulher amada, expressando a esperança de que seja morto em combate.[1]
Crítica poética
editarO poeta russo Stanislav Minakov, analisando o poema, chama a atenção para o fato de que o único termo utilizado no diminutivo é "cachimbinho" (em russo: трубочка, transl. trubotchka), para o qual o eu-lírico heroico transfere toda sua ternura. Minakov faz analogia com o estereótipo de que o cossaco "deve trocar a mulherzinha por tabaco e cachimbinho", além do grande número de outras músicas na qual o tabaco tem papel semelhante, como a marcha da Segunda Guerra Mundial "Davai zakurim" (em russo: Давай закурим) ou "Okurotchka", canção de Iuz Aleshkovski sobre os gulagues.[1]
No último verso do poema, Minakov percebe o uso da expressão neologística "minha inimizade" (em russo: моя вражда, transl. moia vrajda), conotando que apenas o eu-lírico, e não a adúltera à qual o poema se refere, sentia inimizade, tanto em relação a ela quanto a si próprio. Esta expressão encontra paralelismo com "acabar com minha tristeza" (em russo: утолит мою печаль, transl. utolit moiu pechal) no verso anterior, uma clara referência à expressão corrente da Ortodoxia russa "acabe com minha tristeza" (em antigo eslavo eclesiástico: утоли моя печали, transl. utoli moia petchali), nome de ícone da Teótoco. Ainda, as sílabas tônicas -tchot e -du (em russo: -чёт e -ду) no último verso, que fala sobre o desejo do eu-lírico em ser alvejado e morto, imitariam o som de um tiro.[1]
Notas e referências
Notas
Referências
- ↑ a b c d e Minakov 2010.
- ↑ Samoilov 2010.
Bibliografia
editar- Samoilov, David (2010). «Песенка гусара» Pesenka gusara. Счастье ремесла Stchastie remesla. Moscou: Vremia. pp. 565–566
- Minakov, Stanislav (2010). ««Когда мы были на войне»» "Kogda my byli na voine". Neva (em russo) (7). Consultado em 1 de novembro de 2018