Língua usbeque

língua turcomana, idioma oficial do Uzbequistão
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 Nota: "usbeque" e "uzbeque" redirecionam para este artigo. Para a etnia, veja Usbeques. Para outros significados, veja Usbeque (desambiguação).

O usbeque[1][2][3] ou uzbeque[a][4][5] (oʻzbek tilii ou oʻzbekcha no alfabeto latino; Ўзбек тили no alfabeto cirílico; أۇزبېك ﺗﻴﻠی no alfabeto árabe), é uma língua turcomana, idioma oficial do Usbequistão. Cerca de 52,5 milhões de pessoas usam a língua usbeque como idioma primário, entre eles a maior parte dos usbeques que vivem no Uzbequistão e em outros países da Ásia Central. O usbeque pertence à família carluca das línguas turcomanas, e, consequentemente, seu vocabulário e sua gramática estão mais ligados ao idioma uigur, ao mesmo tempo em que foi influenciado pelo persa, pelo árabe e pelo russo.

Usbeque • Uzbeque

O‘zbek / Ўзбек / أۇزبېك

Falado(a) em:  Uzbequistão
 Quirguistão
Cazaquistão
Tajiquistão
Turquemenistão
 Rússia
Região: Ásia Central
Total de falantes: 52,5 milhões
Posição: 46
Família: turcomana
 carluco
  Usbeque • Uzbeque
Escrita: alfabeto latino
alfabeto cirílico
alfabeto árabe (anteriormente)
Estatuto oficial
Língua oficial de: Usbequistão
Regulado por: O'zbekiston Respublikasi Fanlar akademiyasi Til va adabiyot instituti
(Instituto de Língua e Literatura da Academia de Ciências da República do Usbequistão)
Códigos de língua
ISO 639-1: uz
ISO 639-2: uzb
ISO 639-3: uzb

História

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Os falantes de idiomas turcomanos provavelmente se estabeleceram nas bacias dos rios Amu Dária, Sir Dária e Zarafexã desde pelo menos o século VII, gradualmente expulsando os falantes de idiomas indo-europeus que habitavam anteriormente a Sogdiana, a Báctria e a Corásmia, ou alterando seus falares. A primeira dinastia turcomana na região foi a dos caracânidas, entre os séculos IX e XII.

O usbeque pode ser considerado como um descendente direto ou uma forma tardia do chagatai, o idioma do grande desenvolvimento literário turcomano ocorrido na Ásia Central durante o reino de Chagatai Cã, Tamerlão e os timúridas.[6] O idioma foi defendido por Alicher Navoi nos séculos XV e XVI. Baseado na variante carluque dos idiomas turcomanos, a língua usbeque continha diversas palavras emprestadas do persa e do árabe. Já no século XIX não era mais utilizado com frequência para composições literárias.

O termo "usbeque", quando aplicado a um idioma, teve diferentes significados ao longo do tempo. Antes de 1921 "usbeque" e "sarte" (não confundir com o gentílico homónimo) eram considerados como dialetos diferentes da mesma língua; o "usbeque" era um dialeto quipechaque com harmonia vocálica falado pelos descendentes daqueles que chegaram na Transoxiana com Xaibani Cã no século XVI, e que viviam principalmente em torno de Bucara e Samarcanda, embora o idioma turcomano falado em Tasquente também tenha harmonia vocálica; "sarte" era o dialeto carluco falado pelas populações assentadas anteriormente na região do vale de Fergana e na região de Casca Dária, e em algumas partes da atual província de Samarcanda, que continha uma presença mais pesada de influências persas e árabes, e não utilizava a harmonia vocálica. Em Quiva os falantes do sarte utilizavam uma forma do turcomano oguz altamente persianizado. Depois de 1921, o regime soviético aboliu o uso do termo "sarte" considerando-o ofensivo, e decretou que a partir de então toda a população turcomana do Turquestão deveria ser conhecida como "usbeque", mesmo aqueles que não pertenciam ao grupo tribal usbeque. A língua escrita padrão que foi escolhida para a nova república em 1924, no entanto, não foi o "usbeque" pré-revolucionário, e sim o "sarte" da região de Samarcanda, apesar dos protestos de bolcheviques usbeques como Fayzulla Khodzhayev. Os três dialetos ainda continuam a existir dentro do atual usbeque oral.

Número de falantes

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Nos países que fizeram parte da União Soviética, existem cerca de 24,7 milhões de pessoas que falam dialetos do usbeque. No Usbequistão, 21 milhão de pessoas falam o idioma como língua nativa. Existem cerca de 1,2 milhões de falantes no Tajiquistão, 1 milhão no Afeganistão, 550 096 no Quirguistão, 332 017 no Cazaquistão e 317 333 no Turcomenistão. De acordo com o censo realizado em 1990, cerca de 3 000 pessoas falam o idioma na região do Xinjiang, na China.

Empréstimos

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A influência do islã e, por extensão, do árabe, é evidente no usbeque, assim como influências residuais do russo, pelo tempo que o Usbequistão esteve sob o domínio czarista e soviético. A maior parte das palavras árabes chegaram ao usbeque através do persa. O usbeque compartilha muito dos seu vocabulário de origem persa e árabe com o tajique e o dari.

Dialetos

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A língua usbeque tem diversos dialetos, que variam bastante de região a região. Existe, no entanto, um dialeto compreendido comumente por todos, que é utilizado na mídia impressa e em boa parte de todo material impresso. Alguns linguistas consideram o idioma falado pelo povo usbeque no norte do Afeganistão como um dialeto do usbeque.

Sistemas de escrita

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Antes de 1924, o idioma usbeque, assim como a maioria dos idiomas da Ásia Central, era escrito nas diversas formas do alfabeto árabe pela pequena parte da população que era alfabetizada. Entre 1924 e 1940, como parte dos programas que visavam educar (e influenciar politicamente) o povo usbeque que possuía então, pela primeira vez, sua própria região administrativa delineada cartograficamente, o usbeque passou a ser escrito no alfabeto latino. A latinização do usbeque foi realizada no contexto da latinização de todos os idiomas turcomanos, sob influência das reformas realizadas por Kemal Atatürk no idioma turco, e não teria ocorrido se os outros idiomas turcomanos não tivessem sido igualmente latinizados.[7]

Em 1940, sob o regime de Josef Stalin, o usbeque passou a ser forçosamente grafado no alfabeto cirílico, o que durou até 1992, quando, com a independência do país, o alfabeto latino foi reintroduzido. O uso do cirílico ainda é difundido, devido à influência cultural que a Rússia ainda exerce no país. Há um prazo para que a mudança total ao alfabeto latino seja efetuada no país, porém o prazo vem sendo alterado repetidamente.

A educação, em diversas áreas do Usbequistão, já é feita no alfabeto latino[8] e, em 2001, o alfabeto latino passou a ser usado na impressão de notas do país (som). Desde 2004, os websites oficiais foram alterados para o alfabeto latino, quando escritos em usbeque.[9][10] A maior parte das placas nas ruas também já estão no alfabeto latino.

Na província chinesa de Xinjiang o usbeque não possui uma ortografia oficial. Alguns falantes utilizam-se do alfabeto cirílico, enquanto outros utilizam o alfabeto uigur.

Esta tabela mostra a versão usbeque dos alfabetos cirílico e latino, e seus sons correspondentes:[11]

Latino Cirílico AFI
A a А а /a, æ/
B b Б б /b/
D d Д д /d̪/
E e Е е, Э э /e/
F f Ф ф /ɸ/
G g Г г /g/
H h Ҳ ҳ /h/
I i И и /i, ɨ/
J j Ж ж /dʒ/
K k К к /k/
L l Л л /l/
M m М м /m/
N n Н н /n/
O o О о /ɒ, o/
P p П п /p/
Q q Қ қ /q/
R r Р р /r/
S s С с /s/
T t Т т /t̪/
U u У у /u, y/
V v В в /w/
X x Х х /χ/
Y y Й й /j/
Z z З з /z/
O’ o’ Ў ў /ɤ̟/
G’ g’ Ғ ғ /ʁ/
Sh sh Ш ш /ʃ/
Ch ch Ч ч /tʃ/
' ъ /ʔ/

Amostra de texto

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Alfabeto latino   Alfabeto cirílico   Português
Barcha odamlar erkin, qadr-qimmat va huquqlarda teng bo'lib tug'iladilar. Ular aql va vijdon sohibidirlar va bir-birlari ila birodarlarcha muomala qilishlari zarur. Барча одамлар эркин, қадр-қиммат ва ҳуқуқларда тенг бўлиб туғиладилар. Улар ақл ва виждон соҳибидирлар ва бир-бирлари ила биродарларча муомала қилишлари зарур. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Notas e referências

Notas

  1. O Dicionário Aurélio somente aceita a forma "usbeque", não grafando a forma com "z", consoante o novo Acordo Ortográfico de 1990, cuja Base III, parágrafo, 4º, diz que, quando seguido de consoante, o "z" se tornará "s", sendo as únicas exceções a essa regra os advérbios terminados em -mente (por exemplo: felizmente); assim, em português deve-se grafar "asteca", não "azteca"; e "usbeque" (e Usbequistão); não "uzbeque").

Referências

  1. «usbeque». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia 
  2. «usbeque». Dicionário Caldas Aulete da Língua Portuguesa. www.aulete.com.br. Lexikon Editora Digital 
  3. «uzbeque». Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Michaelis 
  4. «usbeque». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia 
  5. «uzbeque». Dicionário Caldas Aulete da Língua Portuguesa. www.aulete.com.br. Lexikon Editora Digital 
  6. Allworth, Edward (1994), Central Asia: 130 Years of Russian Dominance, a Historical Overview, ISBN 0822315211, Duke University Press 
  7. Fierman, William (1991), Language Planning and National Development: The Uzbek, ISBN 3110124548, Walter de Gruyter 
  8. «Rights activist to contest Uzbek Presidency - Muslim Uzbekistan | English Section» (em inglês). Consultado em 28 de abril de 2008. Arquivado do original em 23 de julho de 2011 
  9. Gov.uz - O’zbekiston Respublikasi Davlat Hokimiyati Portali
  10. «Андижанский областной хокимият». Consultado em 28 de abril de 2008. Arquivado do original em 29 de setembro de 2007 
  11. «Título ainda não informado (favor adicionar)» (PDF) [ligação inativa] 

Bibliografia

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  • E. Allworth: Uzbek Literary Politics (Haia, Mouton 1964).
  • Vasily Bartold "Sart" Encyclopaedia of Islam Vol. IV S-Z (Leida & Londres) 1934 pgs. 175-6
  • Yuri Bregel "The Sarts in the Khanate of Khiva" Journal of Asian History Vol. 12 (1978) pgs. 146-9
  • András J. E. Bodrogligeti: Modern Literary Uzbek - A Manual for Intensive Elementary, Intermediate, and Advanced Courses (Munique, Lincom 2002), 2 vols.
  • William Fierman: Language planning and national development. The Uzbek experience (Berlim etc., de Gruyter 1991).
  • Khayrulla Ismatulla: 'Modern literary Uzbek (Bloomington, Indiana University Press 1995).
  • Karl A. Krippes: Uzbek-English dictionary (Kensington, Dunwoody 1996).
  • Andrée F. Sjoberg: Uzbek Structural Grammar (Haia, 1963).
  • A. Shermatov "A New Stage in the Development of Uzbek Dialectology" Essays on Uzbek History, Culture and Language Ed. Bakhtiyar A. Nazarov & Denis Sinor (Bloomington, Indiana) 1993 pp101–9
  • Natalie Waterson (ed.): Uzbek–English dictionary (Oxford etc., Oxford University Press 1980).
 
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