Lactarius deliciosus

Lactarius deliciosus, vulgarmente conhecido como sancha, tancha, pinheira, vaca-vermelha, lactário, cardela, cenoura, cortelha, laranja, ruivaca, telheira, verdete, míscaro ou níscaro[1], é um cogumelo comestível e um dos membros mais bem conhecidos do género Lactarius, na ordem Russulales. Pode ser encontrado na Europa e América do Norte, tendo sido acidentalmente introduzido noutras regiões, onde cresce debaixo de coníferas.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaLactarius deliciosus

Classificação científica
Reino: Fungi
Filo: Basidiomycota
Classe: Agaricomycetes
Ordem: Russulales
Família: Russulaceae
Género: Lactarius
Espécie: L. deliciosus
Nome binomial
Lactarius deliciosus
(L. ex Fr.) S.F.Gray
Sinónimos
Agaricus deliciosus L.

Galorrheus deliciosus (L.) P. Kumm.
Lactifluus deliciosus (L.) Kuntze

Um fresco na cidade romana de Herculano parece representar Lactarius deliciosus, sendo uma das mais antigas peças de arte que ilustra um fungo.[2]

Quando criado em cultura líquida, o micélio deste fungo produz uma mistura de ácidos gordos e vários compostos como croman-4-ona, ácido anofínico, 3-hidroxiacetilindolo, ergosterol, e dipéptidos cíclicos.[3]

Taxonomia

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Este fungo era conhecido por Lineu, tendo-o descrito no Volume Dois do seu Species Plantarum em 1753, dando-lhe o nome de Agaricus deliciosus;[4] o epíteto específico em latim, deliciosus, significa delicioso. O taxonomista sueco supostamente deu-lhe este epíteto específico após ter cheirado o cogumelo, tendo presumido que seria tão saboroso como um outro cogumelo aparentado muito apreciado pelo seu sabor.[5] Em 1801 o micologista neerlandês Christiaan Hendrik Persoon adicionou o epíteto varietal lactifluus, antes de o micologista inglês Samuel Frederick Gray ter colocado esta espécie no seu género atual, Lactarius, em 1821 na sua obra The Natural Arrangement of British Plants.[6]

Descrição

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Lactarius sanguifulus

Lactarius deliciosus tem chapéu cor de cenoura com forma que varia desde convexa à de taça, enrolado quando jovem, com 4 a 14 cm de diâmetro, frequentemente com linhas de tons alaranjados mais escuros na forma de círculos concêntricos; é grosso e pegajoso quando molhado. Apresenta lamelas compactas e decorrentes, e estipe curto, alaranjado e frequentemente oco, com 3 a 8 cm de comprimento e 1 a 2 cm de diâmetro. Quando manuseado apresenta manchas de cor verde; quando fresco exsuda um látex de cor vermelho-alaranjada.

Na América do Norte este cogumelo é frequentemente confundido com Lactarius rubrilacteus, um outro cogumelo comestível, que mancha com cor azul e exsuda um látex vermelho.

Distribuição e habitat

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Lactarius deliciosus cresce em solos ácidos debaixo de coníferas e forma uma relação micorrízica com a sua planta hospedeira. É nativo na Península Ibérica e grande parte da região do Mediterrâneo onde cresce debaixo dos pinheiros. É muito comum em Portugal, frutificando na primavera e outono.[7]

Pode também ser encontrado nos bosques da América do Norte além de ter sido introduzido no Chile, Austrália e Nova Zelândia, onde cresce em plantações de Pinus radiata.

Comestibilidade

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Sanchas fatiadas, podendo ver-se o látex alaranjado surgindo nas orlas dos cogumelos

Lactarius deliciosus é um cogumelo largamente colhido em partes de Portugal e Espanha e muito utilizado na culinária da Catalunha[8] e da Provença.[9] O consumo desta espécie pode colorar a urina de laranja/vermelho.[10]

Referências

  1. «Lactarius deliciosus». Museu Virtual Biodiversidade. Consultado em 19 de novembro de 2022 
  2. Ramsbottom J. (1953). Mushrooms & Toadstools. [S.l.]: Collins 
  3. Ayer, W. A.; Trifonov, L. S. «Aromatic compounds from liquid cultures of Lactarius deliciosus». Northbrook, IL: American Society of Pharmacognosy. Journal of natural products. Consultado em 16 de agosto de 2019. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  4. Linnaeus, C (1753). Species Plantarum: Tomus II (em latim). [S.l.]: Holmiae. (Laurentii Salvii). p. 1172 
  5. Wasson RG. (1968). Soma: The Divine Mushroom of Immortality. Harcourt Brace Jovanovick, Inc. ISBN 0-15-683800-1 p. 185.
  6. Gray, SF (1821). The Natural Arrangement of British Plants. London: [s.n.] p. 624 
  7. Guia de Campo Cogumelos Silvestres
  8. MacMiadhacháin, A (1976). Spanish Regional Cookery. Harmondsworth: Penguin. pp. 198–99. ISBN 0-14-046-230-9 
  9. Olney, Richard (1995). A Provencal Table. London: Pavilion. pp. 31–32. ISBN 1-85793-632-9 
  10. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/13072328