Leonildo de Mendonça e Costa
Leonildo Augusto Mendonça e Costa, mais conhecido como Leonildo de Mendonça e Costa (Lisboa, 5 de Novembro de 1849 - Lisboa, 18 de Março de 1923), foi um jornalista e ferroviário português.
Leonildo de Mendonça e Costa | |
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Nome completo | Leonildo Augusto Mendonça e Costa |
Conhecido(a) por | Fundar a Sociedade de Propaganda de Portugal |
Nascimento | 5 de novembro de 1849 Lisboa |
Morte | 18 de março de 1923 Lisboa |
Nacionalidade | Portugal |
Progenitores | Mãe: Maria Isabel de Mendonça Pai: José Fortunato da Costa |
Ocupação | Jornalista, ferroviário |
Prémios | Grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo |
Empregador(a) | Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, Sociedade de Propaganda de Portugal |
Cargo | Inspector-chefe |
Biografia
editarVida pessoal
editarNasceu na cidade de Lisboa, em 5 de Novembro de 1849, filho de Maria Isabel de Mendonça e de José Fortunato da Costa.[1]
Carreira profissional
editarFoi um autodidacta, algo que era considerado bastante incomum em Portugal.[2]
Os seus pais morreram quando tinha 21 anos de idade,[1] pelo que não pôde frequentar o Ensino Superior; trabalhou inicialmente num escritório de agências hipotecárias, tendo-se posteriormente empregado como redactor no jornal A Noite.[2] Porém, aquele periódico foi encerrado devido a dificuldades financeiras, pelo que, graças a uma recomendação do escritor António Augusto Teixeira de Vasconcelos, que também laborou no jornal, conseguiu entrar na Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses em 1 de Outubro de 1872, como praticante de estação em Santa Apolónia.[1][2] Foi posteriormente colocado nos escritórios da Companhia, e foi subindo na carreira, até atingir a posição de chefe de repartição.[1] Já nesta altura, colaborava no periódico madrileno Gaceta de los Camiños de Hierro, tendo os seus textos gerado sensação na capital.[1] Nessa altura, ocorreu na Companhia uma disputa entre dois grupos de influência, um português e outro francês, tendo Leonildo de Mendonça e Costa auxiliado a facção nacional, e colaborado na produção de um relatório sobre o conflito, para o conselho de administração; como recompensa pela sua dedicação, o director Manuel Afonso de Espregueira e os administradores intercederam para que recebesse o grau de cavaleiro da Ordem Militar de Cristo.[1]
Durante cerca de 10 anos, trabalhou como chefe de repartição na divisão do Tráfego da Companhia, e depois no Serviço dos Armazéns.[1]
Em 1887, requereu ao estado, junto com Júlio César de Miranda Monteiro, a concessão para a construção de uma linha ferroviária, para carros americanos, entre a Estação Ferroviária de Paialvo e a localidade de Tomar.[3] Nesse ano, assumiu a posição de empregado principal numa das duas repartições criadas após a cisão dos Serviços de Movimento e Tráfego.[1] Em 1888, estava empregado como inspector-chefe da Repartição do Tráfego da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses.[4]
Fundou e foi o primeiro director da Gazeta dos Caminhos de Ferro de Portugal e Hespanha, que se iniciou em 15 de Março de 1888.[4][1] Posteriormente, dirigiu também a sua continuação, Gazeta dos Caminhos de Ferro[1], existente entre 1899 e 1971.[5] Também colaborou nos periódicos Diário de Notícias, Jornal do Comércio, e Comércio do Porto, e participou, até à sua morte, na maioria dos congressos de imprensa.[1] Assistiu, igualmente, a diversos Congressos Internacionais dos Caminhos de Ferro, como o de 1922, em Roma, onde se dirigiu, contra as ordens do seu médico, uma vez que já se encontrava bastante doente.[1]
Defensor do desenvolvimento da indústria do turismo[6], fundou, em 1906, e colaborou na Sociedade de Propaganda de Portugal, tendo encetado várias viagens por todo o mundo, para reunir elementos e conhecimentos que podiam ser utilizados por aquela entidade.[7] Abandonou a organização em 9 de Novembro de 1910, devido às influências políticas que esta começou a mostrar, devido principalmente à Revolução de 5 de Outubro de 1910.[1]
No entanto, já tinha começado as suas viagens em 1882, com uma excursão a Espanha[1]; foi considerado um dos portugueses mais viajados do seu tempo[2], tendo sido o primeiro nacional a viajar no Caminho-de-ferro Trans-Siberiano[8], em 1903.[1] Em 1907, navega até ao Polo Norte, tendo realizado a sua última viagem em 1922, ano anterior à sua morte, que teve como destino França e Itália.[1]
Produziu, igualmente, as obras Guia Oficial dos Caminhos de Ferro e Manual do Viajante em Portugal.[9] Também fundou a Empreza de Anuncios nos Caminhos de Ferro.[1] Dedicou-se, igualmente, ao teatro, tendo redigido várias comédias, a maioria das quais levadas à peça no Teatro Gymnasio.[1]
Construiu um edifício de apartamentos com 6 andares, no n.º 10 da Rua Braamcamp, tendo um dos apartamentos sido ocupado por ele, e os outros, alugados, de forma a assegurar o seu rendimento na velhice.[10]
Morte
editarFaleceu em Lisboa, no dia 18 de Março de 1923.[2][11]
Leonildo de Mendonça e Costa teve uma filha, que faleceu pouco depois dele.[10]
Distinções e homenagens
editarFoi distinguido com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo.[1]
Após a sua morte, foram publicadas várias homenagens na Gazeta dos Caminhos de Ferro.[11] Em 24 de Novembro de 1932, Carlos de Ornellas conseguiu que a Câmara Municipal de Lisboa colocasse o nome de Mendonça e Costa num dos largos da cidade, tendo a correspondente inauguração tido lugar em 1 de Março do ano seguinte.[11] Em 1966, foram colocadas flores neste espaço, em sua homenagem, no âmbito das celebrações do sexagésimo aniversário da Sociedade de Propaganda de Portugal.[9]
No centenário do seu nascimento, foi homenageado pela imprensa, tendo sido realizada uma missa especial em 5 de Novembro de 1949, na Igreja dos Mártires.[12]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s «Há 100 anos nasceu L. de Mendonça e Costa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1485): (suplemento). 1 de Novembro de 1949. Consultado em 3 de Fevereiro de 2016
- ↑ a b c d e AGUILAR, Busquets de (16 de Março de 1952). «História da "Gazeta dos Caminhos de Ferro"» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 65 (1542). 9 páginas. Consultado em 3 de Fevereiro de 2016
- ↑ «Payalvo a Thomar» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (354). 274 páginas. 16 de Setembro de 1902. Consultado em 3 de Fevereiro de 2016
- ↑ a b «Collaboradores» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro de Portugal e Hespanha. 1 (1). 1 páginas. 15 de Março de 1888. Consultado em 3 de Fevereiro de 2016
- ↑ Gazeta dos Caminhos de Ferro (1899-1971) [cópia digital, Hemeroteca Digital]
- ↑ «Centenário do nascimento de L. de Mendonça e Costa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1485). 653 páginas. 1 de Novembro de 1949. Consultado em 3 de Fevereiro de 2016
- ↑ «71 anos ao serviço dos caminhos de ferro: Algumas palavras de homenagem à memória de Mendonça e Costa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1685): 111, 112. 11 de Março de 1958. Consultado em 3 de Fevereiro de 2016
- ↑ «As "Bodas de Diamante" da "Gazeta dos Caminhos de Ferro" e a Imprensa portuense» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 76 (1806). 11 páginas. 16 de Março de 1963. Consultado em 3 de Fevereiro de 2016
- ↑ a b MOREIRA, Mimoso (1 de Abril de 1966). «No 60.º Aniversário da Sociedade de Propaganda de Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 79 (1879): 67, 68. Consultado em 3 de Fevereiro de 2016
- ↑ a b MAIO, Guerra (1 de Junho de 1965). «Mendonça e Costa: Notas sobre a sua vida e a sua obra» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 78 (1859). 130 páginas. Consultado em 3 de Fevereiro de 2016
- ↑ a b c AGUILAR, Busquets de (16 de Março de 1953). «História da "Gazeta dos Caminhos de Ferro"» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 66 (1566): 12, 13. Consultado em 3 de Fevereiro de 2016
- ↑ «Centenário do fundador da «Gazeta dos Caminhos de Ferro»» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1486). 675 páginas. 16 de Novembro de 1949. Consultado em 3 de Fevereiro de 2016