Leucoplasia ou leucoplaquia é uma mancha ou placa branca, com bordas irregulares, firmemente aderida a uma mucosa, geralmente na boca ou na vagina. É uma lesão pré-maligna, geralmente causada ao tabagismo e etilismo. A forma proliferativa (aumenta de tamanho) possui 70 a 100% de risco de se transformar em um carcinoma de células escamosas. A forma localizada (não aumenta de tamanho) possui 3 a 15% de se transformar em câncer.[1]

Leucoplasia
Leucoplasia
Leucoplasia
Especialidade estomatologia
Classificação e recursos externos
CID-10 K13.2, N48.0, N88.0
CID-11 417308277
DiseasesDB 7438
MedlinePlus 001046
MeSH D007971
A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 

Causas

editar
 
Leucoplasia com nódulos de células cancerígenas.

A leucoplasia tem múltiplas causas. A maioria das lesões são decorrentes do uso dos produtos do tabaco como cigarros, cachimbo e charutos, ou do uso do álcool sendo que a associação dos dois potencializa o surgimento das lesões. Acredita-se que ela é formada por irritação crônica dos tecidos bucais seja através de irritação mecânica, dentes quebrados ou parcialmente destruídos pela cárie e próteses mal adaptadas ou irritantes químicos como álcool e tabaco.

O álcool interfere na permeabilidade da membrana plasmática das células, fazendo com que as substâncias tóxicas do tabaco entrem com maior facilidade nas células e assim interferindo em suas características genéticas, e com o tempo essas células sofram uma mutação e desenvolvem as células cancerígenas.

Sinais e sintomas

editar

A aparência clínica varia enormemente, mas é indolor. É um tipo particular de metaplasia de um epitélio escamoso não-queratinizado contendo várias camadas de ceratina. As lesões se apresentam como placas ou manchas brancas localizadas em mucosas (colo uterino, oral, esofágica etc.). Não causa outros sintomas.

Diagnóstico

editar

Principalmente clínico, por sua aparência. Uma biópsia deve ser feita para investigar se sofreu transformação maligna. A presença de lesão branca não caracteriza uma lesão como leucoplasia pois existem outras lesões bucais que são lesões brancas similares sendo necessário um diagnostico diferencial, com candidíase, sífilis e o líquen plano. A leucoplasia pilosa, é uma doença muito diferente, que está associada a infecção por vírus (Eppstein-Barr ou HPV 16 ou 18) em pessoas com severa imunodeficiência, e não é considerada uma lesão pré-maligna.[2]

Epidemiologia

editar

Lesões leucoplásicas são encontradas em 1 a 5% da população mundial. Da mesma forma que a eritroplasia, a leucoplasia é encontrada com maior frequência em adultos entre 40 e 75 anos de idade e são duas vezes mais comuns em homens. A incidência é muito maior entre fumantes e etilistas. O consumo do tabaco e do álcool simultaneamente é o principal fator de risco para desenvolver uma leucoplasia.[3] A prevalência é maior em países com elevado consumo de álcool e tabaco, como França e Rússia, e muito menor no Oriente Médio (0,48%).[4]

Tratamento

editar

Entre 5% e 25% das leucoplasias evoluem para um câncer. Portanto todas as leucoplasias deveriam ser tratadas como lesões pré-malignas por dentistas e médicos, independente de serem proliferantes ou localizadas. Mesmo que a leucoplasia esteja regredindo, nenhum tratamento previne sua reincidência ou transformação maligna. Todas leucoplasias exigem biópsia para análise histológica.[3]

O tratamento da leucoplasia envolve principalmente a evitar e remover os fatores que predispõe a patologia tais como abstinência ao tabaco e álcool, e evitar irritantes crônicos tais como bordas cortantes de dentes e próteses mal adaptadas. Uma biópsia deve ser feita e a lesão cirurgicamente removida se alterações pré-cancerígenas ou câncer forem detectados.

Veja também

editar
 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Leucoplasia

Referências

  1. Villa, A; Woo, SB (26 October 2016). "Leukoplakia-A Diagnostic and Management Algorithm". Journal of Oral and Maxillofacial Surgery. PMID 27865803.
  2. Neville BW; Damm DD; Allen CM; Bouquot JE. (2002). Oral & maxillofacial pathology (2. ed.). Philadelphia: W.B. Saunders. pp. 337–345. ISBN 0-7216-9003-3.
  3. a b Lodi, G; Franchini, R; Warnakulasuriya, S; Varoni, EM; Sardella, A; Kerr, AR; Carrassi, A; MacDonald, LC; Worthington, HV (29 July 2016). "Interventions for treating oral leukoplakia to prevent oral cancer". The Cochrane Database of Systematic Reviews. 7: CD001829. PMID 27471845.
  4. Hassona Y, Scully C, Almangush A, Baqain Z, Sawair F. Oral potentially malignant disorders among dental patients: a pilot study in Jordan. Asian Pac J Cancer Prev. 2014;15(23):10427-31.