Lia Viegas
Lia Viegas (Faro, 5 de abril de 1931 – Faro, 27 de dezembro de 2016) foi uma advogada feminista e antifascista portuguesa. Pioneira no apoio e defesa jurídica das mulheres, fez parte do grupo de fundadoras do Movimento de Libertação das Mulheres. Defendeu a jornalista Maria Antónia Palla, quando esta foi alvo de um processo-crime, por ter realizado a reportagem Aborto não É Crime, transmitida pela RTP em 1976.
Lia Viegas | |
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Nascimento | 5 de abril de 1931 Faro |
Morte | 27 de dezembro de 2016 (85 anos) Faro |
Cidadania | Portugal |
Alma mater | |
Ocupação | advogada, poeta, ativista pelos direitos das mulheres |
Biografia
editarMarília Viegas, conhecida pelo diminutivo Lia, nasceu no dia 5 de Abril de 1931 em Faro, onde veio a morrer em 2016, no dia 27 de Dezembro.[1][2][3]
Licenciou-se em Direito na Universidade Clássica de Lisboa.[1] Enquanto advogada defendeu, a título pro-bono, várias mulheres que viram os seus direitos ameaçados, durante após o Estado Novo. Anti-fascista foi uma das poucas advogadas, a defender vários presos políticos nos Tribunais Plenários, durante a ditadura.[4][5][3][6][1]
Após a revolução do 25 de Abril, assume um papel de destaque na defesa da despenalização do aborto em Portugal, que apesar de ilegal continuava a ser efectuado de forma clandestina, o que em muitos casos era a causa de graves problemas de saúde e de morte de muitas mulheres.[4] Lia Viegas defendia que o facto deste ser ilegal desde 1886, não impedia que fosse prática comum, logo a lei devia ser alterada.[6][7]
Defendeu a jornalista Maria Antónia Palla quando esta foi alvo de um processo-crime, por ter realizado a reportagem, Aborto não É Crime, transmitida pela RTP em 1976, no âmbito do programa Nome de Mulher.[6][8] A jornalista que fora acusada de incitar ao crime e de ofensa ao pudor, acabaria por ser absolvida em 1979.[6][9][1]
Fez parte do grupo de fundadoras do Movimento de Libertação das Mulheres e integrou o Movimento Democrático de Mulheres, tendo sido eleita para o conselho nacional em 1977, 1980 e 1984.[4][10] A UMAR - União das Mulheres Alternativa e Resposta foi outra das organizações não governamentais de que fez parte.[3][11]
Paralelamente à sua actividade profissional e activista, escreveu vários livros de poesia e colaborou com vários periódicos, entre os quais se destacam a revista Mulheres, o suplemento Artes e Letras do jornal Diário de Lisboa e a revista Mulheres Magazine.[4][12]
Reconhecimento e prémios
editarEm 2014, a Ordem dos Advogados e o Movimento Cívico Não Apaguem a Memória homenageou na Assembleia da República portuguesa, os advogados que durante a ditadura defenderam os presos políticos, e Lia Viegas foi uma das pessoas homenageadas.[13][1]
Bibliografia
editarReferências
- ↑ a b c d e Soares, Manuela Goucha (28 de dezembro de 2016). «Morreu Lia Viegas». Expresso. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ Coelho, Alexandra Prado (28 de dezembro de 2016). «Morreu a advogada feminista Lia Viegas». PÚBLICO. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ a b c Pato, Helena (17 de março de 2019). «Lia Viegas». Jornal Tornado. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ a b c d «Mulheres pela Igualdade». Iniciativas Nacionais. Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ «Morreu Lia Viegas, advogada e defensora dos direitos das mulheres». Sul Informação. 28 de dezembro de 2016. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ a b c d Tavares, Manuela (2008). Feminismos em Portugal (1927-2007) (Tese). Universidade Aberta. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ «Pratica-se por ano em Portugal 150 mil abortos clandestinos». Diário de Lisboa. 23 de abril de 1975. Consultado em 27 de setembro de 2024 – via Casa Comum
- ↑ Cerqueira, Marta (10 de fevereiro de 2017). «Maria Antónia Palla: "Há quem não escolha fazer um aborto, mas não assuma a liberdade de ser mãe"». Jornal SOL. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ Cabrera, Ana (2021). «Feminismo, poder e representações mediáticas ao longo dos 40 anos da democracia portuguesa.». RIHC. Revista Internacional de Historia de la Comunicación. 1 (16): 179–203. doi:10.12795/RiCH.2021.i16.09
- ↑ «Movimento Democrático de Mulheres lamenta morte de Lia Viegas». Sul Informação. 30 de dezembro de 2016. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ «Ferro Rodrigues lamenta morte da poeta e advogada farense Lia Viegas». Postal do Algarve. 29 de dezembro de 2016. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ Feminae: dicionário contemporâneo. [S.l.]: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. 2013. pp. 745, 755. ISBN 978-972-597-373-8
- ↑ «Homenagem aos advogados dos presos políticos nos Tribunais Plenários (1945-1974)» (PDF). Ordem dos Advogados
- ↑ «Obras de Lia Viegas presentes no catalogo da Biblioteca Comum». B.Comum - Biblioteca Comum. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ «Obras de Lia Viegas presentes no catalogo da Biblioteca Nacional de Portugal». Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ «A Pulso o Horizonte / Lia Viegas». Biblioteca Municipal de Sines. Consultado em 27 de setembro de 2024
- ↑ «Árvore de fogo / Lia Viegas». Biblioteca Municipal de Sines. Consultado em 27 de setembro de 2024