Lila Abu-Lughod (1952) é uma antropóloga palestina-americana. Ela é professora Joseph L. Buttenweiser de Ciências Sociais no Departamento de Antropologia da Universidade de Columbia em Nova Iorque. Ela é especializada em pesquisa etnográfica no mundo árabe, e seus sete livros cobrem tópicos como sentimento e poesia, nacionalismo e mídia, política de gênero e política de memória.

Lila Abu-Lughod

Nascimento 1952 (72 anos)
Nacionalidade Americana palestina
Alma mater
Ocupação
Website http://www.columbia.edu/cu/anthropology/fac-bios/abu-lughod/faculty.html

Primeiros anos e educação

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O pai de Abu-Lughod era o proeminente acadêmico palestino Ibrahim Abu-Lughod. Sua mãe, Janet L. Abu-Lughod, nascida Lippman, foi uma importante socióloga urbana americana.[1] Ela se formou no Carleton College em 1974 e obteve seu doutorado na Universidade de Harvard em 1984.[2]

Carreira

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O corpo de trabalho de Lughod é baseado em pesquisas etnográficas de longo prazo no Egito e está especialmente preocupada com as interseções de cultura e poder, bem como gênero e direitos das mulheres no Oriente Médio.[3]

Entre o final dos anos 1970 e meados dos anos 1980, enquanto ainda era estudante de pós-graduação, Lughod passou um tempo morando com a tribo beduína Awlad 'Ali no Egito.[2] Ela ficou com o chefe da comunidade e viveu em sua casa ao lado de sua grande família por dois anos cumulativos.[4] Seus dois primeiros livros, Veiled Sentiments: Honor and Poetry in a Bedouin Society e Writing Women's Worlds, são baseados neste trabalho de campo. Ambos os livros baseiam-se em suas experiências de vida com as mulheres beduínas e sua pesquisa sobre sua poesia e narrativa.[2] Explora a forma como ghinnawas, canções de forma poética que compara ao haicai e ao blues, expressam a "padronização" cultural da sociedade, especialmente no que diz respeito às relações entre mulheres e homens.[4] Abu-Lughod descreveu um grupo de leitura que ela frequentou enquanto lecionava no Williams College – seus outros membros incluíam Catharine A. MacKinnon, Adrienne Rich e Wendy Brown – como um envolvimento formativo com o campo dos estudos femininos e uma grande influência nesses primeiros livros.[5]

Abu-Lughod passou algum tempo como acadêmica no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, com Judith Butler, Evelyn Fox Keller e Donna Haraway. Ela também lecionou na Universidade de Nova Iorque, onde trabalhou em um projeto, financiado por uma bolsa da Fundação Ford, destinado a promover um foco mais internacional nos estudos das mulheres.[5]

Seu livro de 2013 intitulado Do Muslim Women Need Saving?, investiga a imagem da mulher muçulmana na sociedade ocidental. É baseado em seu artigo de 2002 com o mesmo nome, publicado na American Anthropologist.[6] O texto examina as discussões pós-11 de setembro sobre o Oriente Médio, o Islã, os direitos das mulheres e a mídia. Abu-Lughod reúne exemplos da narrativa ocidental das mulheres muçulmanas "abusadas" que precisam ser salvas e explica como o foco internacional em "salvar" essas mulheres perpetua ideias racistas das sociedades muçulmanas como bárbaras.[7] Abu-Lughod explica ainda como a narrativa de salvar mulheres muçulmanas tem sido usada como forma de justificar intervenções militares em países muçulmanos. Ela habilmente questiona os motivos das feministas que acham que as mulheres muçulmanas devem ser salvas do Talibã ao mesmo tempo em que apoiam as injustiças que ocorrem em escala estrutural em seus próprios países. Ela argumenta que as mulheres muçulmanas, como as mulheres de outras religiões e origens, precisam ser vistas dentro de seus próprios contextos históricos, sociais e ideológicos.[8] O livro sugere que a religião não é o principal fator na desigualdade global, sugerindo, em vez disso, que as fontes mais significativas são a pobreza e os abusos governamentais, juntamente com as tensões globais.[7] O artigo de Abu-Lughod e o livro subsequente sobre o assunto foram comparados a Edward Said e Orientalism.

Abu-Lughod atua nos conselhos consultivos de várias revistas acadêmicas, incluindo Signs: Journal of Women in Culture and Socie ty e Diaspora: A Journal of Transnational Studies.[9][10]

Honrarias e prêmios

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Em 2001, Abu-Lughod discursou na Palestra Lewis Henry Morgan na Universidade de Rochester, considerada por muitos como a mais importante série de palestras anuais no campo da antropologia.[11] Ela foi nomeada Carnegie Scholar em 2007 para tratar de uma pesquisa deste assunto: "As mulheres muçulmanas têm direitos? A Ética e Política dos Direitos das Mulheres Muçulmanas em um Campo Internacional." Ela recebeu bolsas para elaboração de pesquisas do Fundo Nacional para as Humanidades, da Fundação Memorial John Simon Guggenheim, do Programa Fulbright, da Fundação Mellon, entre outros.

Um artigo da Veiled Sentiments recebeu o Stirling Award for Contributions to Psychological Anthropology. Writing Women's Worlds recebeu o Prêmio Victor Turner.[12] Carleton College concedeu-lhe um doutorado honorário em 2006.

Vida pessoal

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Abu-Lughod é uma defensora do movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções. Ela é casada com Timothy Mitchell.[13]

Obras publicadas

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Ver também

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Referências

  1. Seikaly, Sherene (13 de fevereiro de 2014). «Commemorating Janet Abu-Lughod». Jadaliyya. Consultado em 3 de maio de 2022 
  2. a b c «IMEU: Lila Abu-Lughod: Professor and author» (em inglês). 28 de setembro de 2007. Consultado em 3 de maio de 2022. Arquivado do original em 28 de setembro de 2007 
  3. «Department of Anthropology: Lila Abu-Lughod». anthropology.columbia.edu (em inglês). Consultado em 3 de maio de 2022 
  4. a b Bushnaq, Inea (15 de fevereiro de 1987). «Songs from the nomadic heart». The New York Times (em inglês). Consultado em 3 de maio de 2022 
  5. a b «Columbia Center for Oral History Archives: Lila Abu-Lughod». findingaids.library.columbia.edu (em inglês). Consultado em 3 de maio de 2022 
  6. «Book Review: Do Muslim Women Need Saving? by Lila Abu-Lughod». LSE Review of Books (em inglês). 19 de fevereiro de 2014. Consultado em 3 de maio de 2022 
  7. a b «Do Muslim Women Need Saving? — Lila Abu-Lughod | Harvard University Press» (em inglês). hup.harvard.edu. Consultado em 3 de maio de 2022 
  8. Abu-Lughod, Lila (2002). «Do Muslim Women Really Need Saving? Anthropological Reflections on Cultural Relativism and its Others». American Anthropologist (em inglês). 104 (3): 783–790. JSTOR 3567256. doi:10.1525/aa.2002.104.3.783 
  9. «Masthead». Signs: Journal of Women in Culture and Society (em inglês). 22 de agosto de 2012. Consultado em 3 de maio de 2022 
  10. «Project MUSE - Diaspora: A Journal of Transnational Studies». muse.jhu.edu (em inglês). Consultado em 3 de maio de 2022 
  11. Kavoussi, Bonnie J. (16 de setembro de 2008). «The Harvard Crimson :: News :: Matory To Join Duke Faculty» (em inglês). Consultado em 3 de maio de 2022. Arquivado do original em 25 de outubro de 2008 
  12. «Past Victor Turner Prize Winners | Society for Humanistic Anthropology». sha.americananthro.org. Consultado em 3 de maio de 2022 
  13. Weiss, Bari (11 de setembro de 2008). «New Columbia Hire Backed Academic Boycott of Israel». New York The Sun» (em inglês). Consultado em 3 de maio de 2022 
Leitura adicional

Ligações externas

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