Lista de Patriarcas da Igreja do Oriente

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 Nota: Este artigo é sobre a lista de patriarcas. Para a história do ofício patriarcal, veja Patriarca da Igreja do Oriente.

O Patriarca da Igreja do Oriente, também conhecido como Patriarca da Babilônia, Patriarca do Oriente, Católico-Patriarca do Oriente ou Grande Metropolita do Oriente, é o patriarca ou líder e bispo principal (às vezes referido como Católico ou líder universal) da Igreja do Oriente.[1][2][3] A posição data dos primeiros séculos do cristianismo no Império Sassânida, e a Igreja é conhecida por vários nomes, incluindo a Igreja do Oriente, Igreja Nestoriana, Igreja Persa, Igreja Sassânida ou Igreja Síria Oriental.[4] Nos séc. XVI e XVII, a Igreja, agora restrita à sua pátria assíria original na Alta Mesopotâmia, experimentou uma série de divisões, resultando em uma série de patriarcas e linhagens concorrentes. Hoje, as três principais Igrejas que surgiram dessas divisões, Igreja Assíria do Oriente, Antiga Igreja do Oriente e a Igreja Católica Caldéia, têm cada uma seu próprio patriarca, Patriarca da Igreja Assíria do Oriente, Patriarca da Antiga Igreja do Oriente e Patriarca de Bagdá dos Caldeus, respectivamente.

Patriarcas até o cisma de 1552

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São Tomé, Apóstolo.

De acordo com a lenda da Igreja, o apostolado de Edessa (Caldéia) teria sido fundado por Shimun Keepa (São Pedro) (33–64), Thoma Shlikha (São Tomás), Tulmai (São Bartolomeu, o Apóstolo) e, claro, Mar Addai (São Tadeu) dos Setenta discípulos. São Tadeu foi martirizado c. 66.[5]

Bispos de Selêucia-Ctesifonte

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  • Abraão I de Kashker (148–171) - Supostamente um parente de Tiago, o Justo, filho de José;[7]
  • Mar Jacó I (Iaʿqob I) ( c. 172–190) - Filho de seu predecessor Abraão e, portanto, parente de José;[7]
  • Ebid M'shikha (191–203);
  • Ahadabui (Ahha d'Aboui) (204–220) - Primeiro bispo do Oriente a obter o status de Católico. Ordenado em 231 em Jerusalém;[8]
  • Shahaloopa de Kashker (Chalufa) (220–266).

Católicos de Selêucia-Ctesifonte

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Por volta de 280, bispos visitantes consagraram Papa bar Aggai como bispo de Selêucia-Ctesifonte, estabelecendo assim a sucessão. Com ele, os chefes da Igreja receberam o título de Católico.[11]

  • Papa bar Aggai (c. 280–316, morreu em 336);
  • Shemʿon bar Sabbaʿe (Simão de Barsaba) (coadjutor 317–336, Católico de 337–341);
  • Shahdost (Chalidoste) (341–343);[12]
  • Barbaʿshmin (Barbashmin) (343–346). A sé apostólica de Edessa é completamente abandonada em 345 devido às perseguições contra a Igreja do Oriente.
  • Tomarsa (Toumarsa) (346–370);
  • Qaiioma (Qaioma) (371–399).

Grandes Metropolitas de Selêucia-Ctesifonte

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Isaque foi reconhecido como Grande Metropolita e Primaz da Igreja do Oriente no Sínodo de Selêucia-Ctesifonte em 410. Os atos deste sínodo foram posteriormente editados pelo patriarca José (552–567) para conceder-lhe o título de Católico também. Este título para o patriarca Isaque, de fato, só entrou em uso no final do séc. V.

  • Isaque (399–410);
  • Ahha (Ahhi) (410–414);
  • Iahballaha I (Iab-Alaha I) (415–420);
  • Maʿna (Maana) (420);
  • Farbokht (Frabokht) (421).

Católicos-Patriarcas de Selêucia-Ctesifonte

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Com Dadisho, as divergências significativas sobre as datas dos Católicos nas fontes começam a convergir. Em 424, sob Mar Dadisho I, a Igreja do Oriente declarou-se independente de toda a Igreja do Ocidente (Pentarquia do Imperador Justiniano); depois disso, seus Católicos começaram a usar o título adicional de Patriarca.[11] Durante seu reinado, o Concílio de Éfeso em 431 denunciou o Nestorianismo.

  • Dadishoʿ (Dadishu I) 421–456);
  • Babeu (Babowai ou Babwahi) (457–484);
  • Barsauma (484–485) contestado por
    • Acácio (Acaque-Acace) (485–496/8).
  • Babeu II (Babai) (497–503);
  • Cila (503–523);
  • Eliseu (524–537);
    • Narsai (524–537) - Intruso.
  • Paulo (539);
  • Aba I (540–552).

Em 544, o sínodo de Mar Aba I adotou as ordenações do Concílio de Calcedônia.[13]

  • José (552–556/567);
  • Ezequiel (567–581);
  • Ishoʿyahb I (582–595);
  • Sabrishoʿ I (596–604);
  • Gregório (605–609).
    • vago (609-628).
      • Babai, o Grande (coadjutor) 609–628; juntamente com Abba (coadjutor) 609-628.

A partir de 628, o Mafriano também passou a usar o título de Católico. Veja a Lista de Mafrianos para mais detalhes.

  • Ishoʿyahb II (628–645);
  • Maremmeh (646–649);
  • Ishoʿyahb III (649–659);
  • Jorge I (661–680);
  • João I (680–683);
    • vago (683-685).
  • Hnanishoʿ I (686–698);
    • João, o leproso ( 691–693 ) - Intruso.
    • vago (698-714).
  • Sliba-zkha (714–728);
    • vago (728-731).
  • Pethion (731–740);
  • Aba II (741–751);
  • Surin (753);
  • Iaʿqob II (753–773);
  • Hnanishoʿ II (773–780).

Em 775, a sé foi transferida de Selêucia-Ctesifonte para Bagdá, a capital recém-estabelecida dos califas abássidas.[14]

  • Timóteo I (780–823);
  • Ishoʿ Bar Num (823–828);
  • Jorge II (828–831);
  • Sabrishoʿ II (831–835);
  • Abraão II (837–850);
    • vago (850-853).
  • Teodósio (853–858);
    • vago (858-860).
  • Sérgio (860–872);
    • vago (872-877).
  • Israel de Cascar (877) - Intruso;
  • Enos (877–884);
  • João II bar Narsai (884–891);
  • João III (893–899);
  • João IV Bar Abgar (900–905);
  • Abraão III (906–937);
  • Emanuel I (937–960);
  • Israel (961);
  • Abdisho I (963-986);
  • Mari (987–999);
  • João V (1000–1011);
  • João VI bar Nazuque (1012–1016);
    • vago (1016-1020).
  • Ishoʿiahb IV bar Ezequiel (1020–1025);
    • vago (1025-1028).
  • Elias I (1028–1049);
  • João VII bar Targal (1049–1057);
    • vago (1057-1064).
  • Sabrishoʿ III (1064–1072);
  • ʿAbdishoʿ II ibn al-ʿArid (1074–1090);
  • Makkikha I (1092–1110);
  • Elias II Bar Moqli (1111–1132);
  • Bar Sawma (1134–1136);
    • vago (1136-1139).
  • ʿAbdishoʿ III Bar Moqli (1139–1148);
  • Ishoʿiahb V (1149–1176);
  • Elias III (1176–1190);
  • Iabolá II (1190–1222);
  • Sabrisho IV Bar Qaiioma (1222–1224);
  • Sabrishoʿ V ibn al-Masihi (1226–1256);
  • Makkikha II (1257–1265);
  • Denha I (1265–1281);
  • Iahballaha III (1281–1317) - A cátedra patriarcal é transferida para Maragha;
  • Timóteo II (1318– c. 1332);
    • vago (c. 1332–c. 1336).
  • Denha II (1336/7–1381/2);
  • Simão II (c. 1385 - c. 1405) (datas incertas);
  • Elias IV (c. 1405 – c. 1425) (datas incertas);
  • Simão III (c. 1425 – c. 1450) (existência incerta);
  • Simão IV Basidi (c.1450 – 1497);
  • Simão V (1497–1501);
  • Elias V (1502-1503);
  • Simão VI (1504–1538);
  • Simão VII Ishoʿiahb (1539–1558).

Linhas patriarcais do cisma de 1552 até 1830

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Pelo cisma de 1552, a Igreja do Oriente foi dividida em muitos fragmentos, mas duas facções principais, das quais uma entrou em plena comunhão com a Igreja Católica Romana (Linhagem de Simão) e a outra permaneceu independente (Linhagem de Elias). Uma divisão na Linhagem Simão em 1681 resultou em uma terceira facção (Linhagem de José).

1. Linhagem de Elias 2. Linhagem de Simão
Elias VI (VII) (1558-1591);[15][16] Simão VIII Sulaqa (1553–1555);
Elias VII (VIII) (1591-1617);[15][16] Abdisho IV Maron (1555–1570);
Elias VIII (IX) Simão (1617-1660)[15][16] Simão Iahballaha IV (1570–1580);[16]
Elias IX (X) João Marogin (1660-1700)[15][16] Simão IX Dinkha ( 1580–1600);[16]
Simão X Elias (1600–1638);[16]
Simão XI Eshuiow (1638–1656);[16]
Simão XII Ioalaha (1656–1662);[16]
Simão XIII Dinkha (1662-1692);[16]

A Linhagem de Simão reintroduziu a sucessão hereditária em 1600, não reconhecida por Roma. Em 1692, a Linhagem de Simão rompeu formalmente a comunhão com a Igreja Católica Romana e mudou-se para Qochanis. Em 1681, a linhagem de José de Amid foi estabelecida, dividida da Linhagem de Elias.

1. Linhagem de Elias em Alqosh 2. Linhagem de Simão em Qochanis 3. Linhagem de José em Amid
Elias X  (XI)  Marogin (1700–1722)[15][16] Simão XIII Dinkha (1692–1700);[16] José I (1681–1696);
Elias XI  (XII)  Denha (1722–1778)[15][16] Simão XIV Shlemon (1700–1740);[16] José II Sliba Maruf (1696–1713);
Elias XII  (XIII)  Ishoʿ iahb (1778–1804)[15][16] Simão XV Mikhaʿil Mukhtas (1740–1780);[16] José III Timóteo Maroge (1713–1757);
Em 1780, um grupo se separou da linhagem Elias e elegeu: Simão XVI João (1780–1820);[16] José IV Lázaro Hindi (1757–1780).
João VIII Hormizd (1780–1838) - Sediado em Mosul. Simão XVII Abraão (1820–1861).[16] José V Augustinho Hindi (1780-1827) - (Administrador patriarcal).

A Linhagem de Elias (1) em Alqosh terminou em 1804, tendo perdido a maior parte dos seus seguidores para João VIII Hormizd, membro da mesma linhagem, que se tornou Católico e em 1828, após a morte do candidato rival e sobrinho do último patriarca reconhecido da linha de José em Amid (3), o administrador patriarcal de Amid, Augustinho Hindi, foi escolhido como patriarca Católico e, em 1830, reconhecido pelo Vaticano como Patriarca da Babilônia dos Caldeus e os patriarcados de Mosul e Amid foram unidos sob sua liderança. Este evento marcou o nascimento da ininterrupta linha patriarcal da Igreja Católica Caldeia.[4][1] Mosul então se tornou a residência do chefe da Igreja Católica Caldeia até a transferência para Bagdá em meados do séc. XX. Para os patriarcas católicos caldeus subsequentes, consulte Lista de patriarcas católicos caldeus de Bagdá

A Linhagem de Simão (2) permaneceu a única linha que não estava em comunhão com a Igreja Católica Romana. Em 1976 adotou oficialmente o nome "Igreja Assíria do Oriente".[1][17] Para patriarcas subsequentes nesta linhagem, veja Lista de patriarcas da Igreja Assíria do Oriente.

Patriarcas a partir de 1830

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Em 1830, o Papa Pio VIII uniu as linhagens de José e Elias para formar o Patriarcado Caldeu da Babilônia. Da linhagem de Simão vêm os patriarcas da Igreja Assíria do Oriente.

Igreja Assíria do Oriente

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  • Simão XVIII Ruwil (1860/61-1903);
  • Simão XIX Benjamin (1903-1918) - Em Salamas;
  • Simão XX Paulo (1918-1920) - Em Mosul;
  • Simão XXI Iszaj (1920-1975) - Em San Francisco.

Igreja Católica Caldeia

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Em 1975, com a morte de Simão XXI, expirou a linha hereditária de Simão. Patriarcas sucessivos são escolhidos por eleição. Anteriormente, em 1964, houve um cisma dentro da Igreja e a separação da Antiga Igreja do Oriente. Isso foi causado pela oposição à herança do trono patriarcal e às reformas do calendário.

Igreja Assíria do Oriente

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Antiga Igreja do Oriente

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  • Thoma Darmo (1968-1969) - Em Bagdá;
  • Addai II Jorge (1972-2022) - Em Bagdá;
  • Jacó III Daniel (2022);[19]
  • Gewargis III Younan (2022).[20]

Igreja Católica Caldeia

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Ver também

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Referências

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  1. a b c Baum, Wilhelm (2003). The Church of the East : a concise history. Dietmar W. Winkler. London: RoutledgeCurzon. OCLC 53881184 
  2. After Bardaisan : studies on continuity and change in Syriac Christianity in honour of Professor Han J.W. Drijvers. H. J. W. Drijvers, G. J. Reinink, Alexander Cornelis Klugkist. Leuven: Uitgeverij Peeters en dép.oosterse Studies. 1999. OCLC 50665583 
  3. Walker, Williston (1985). A history of the Christian church 4th ed ed. New York: Scribner. OCLC 11443782 
  4. a b Wilmshurst, David (2000). The ecclesiastical organisation of the Church of the East, 1318-1913. Lovanii: [s.n.] OCLC 43195236 
  5. I Pedro, 1:1 e 5:13
  6. «Resources - Patriarchs». web.archive.org. 3 de dezembro de 2008. Consultado em 17 de novembro de 2022 
  7. a b c d Broadhead, Edwin Keith (2010). Jewish ways of following Jesus : redrawing the religious map of antiquity. Tübingen: Mohr Siebeck. OCLC 698255222 
  8. a b Burleson, Samuel; Rompay, Lucas Van. «List of Patriarchs: I. The Church of the East and its Uniate continuations». Gorgias Encyclopedic Dictionary of the Syriac Heritage: Electronic Edition. Consultado em 17 de novembro de 2022 
  9. "Histoire nestorienne inédite: Chronique de Séert. Première partie."
  10. Baumer, Christoph (2016). The church of the east : an illustrated history of Assyrian Christianity. London: [s.n.] OCLC 1099791164 
  11. a b Stewart, john (1928). Nestorian Missionary Enterprise. [S.l.: s.n.] 
  12. «Saint Sadoth, Bishop of Seleucia and Ctesiphon, with 128 Companions, Martyrs. February 20. Rev. Alban Butler. 1866. Volume II: February. The Lives of the Saints». www.bartleby.com. Consultado em 17 de novembro de 2022 
  13. Meyendorff, John (1989). Imperial unity and Christian divisions : the church, 450-680 AD. Crestwood, N.Y.: St. Vladimir's Seminary Press. OCLC 17210037 
  14. Vine, Aubrey Russell (1937). The Nestorian churches [microform] ; a concise history of Nestorian Christianity in Asia from the Persian schism to the modern Assyrians. Internet Archive. [S.l.]: London : Independent Press 
  15. a b c d e f g Berg, Heleen H. L. Murre-van den (1 de fevereiro de 2010). «The Patriarchs of the Church of the East from the Fifteenth to Eighteenth Centuries». Hugoye: Journal of Syriac Studies (em inglês) (1): 235–264. ISSN 1097-3702. doi:10.31826/hug-2010-020119. Consultado em 17 de novembro de 2022 
  16. a b c d e f g h i j k l m n o p q r Wilmshurst, David (2011). The martyred church : a history of the Church of the East. London: East & West Publishing Ltd. OCLC 759006513 
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  18. «A Igreja Assíria do Oriente elege novo patriarca em Erbil». www.rudaw.net. 8 de setembro de 2021. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  19. SyriacPress (4 de junho de 2022). «New patriarch elected for the Ancient Church of the East». SyriacPress (em inglês). Consultado em 18 de novembro de 2022 
  20. SyriacPress (15 de novembro de 2022). «Mor Gorgis Younan elected as new Patriarch of Ancient Church of the East». SyriacPress (em inglês). Consultado em 18 de novembro de 2022 

Ligações externas

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