Grupo Gilberto Huber
Grupo Gilberto Huber foi um conglomerado empresarial brasileiro dos setores gráfico e editorial, dedicado principalmente à edição de listas telefônicas. Sob o comando de Gilberto Huber desde 1957, a empresa se expandiu para o setor de publicações especializadas e formou um grupo que incluía uma gráfica e três editoras.[1]
Principais empresas
editarListas Telefônicas Brasileiras
editarA LTB foi fundada em 1947 pelo empresário G. J. Huber,[2] antigo diretor do departamento de listas da Companhia Telefônica Brasileira. A empresa começou suas atividades como fornecedora dos guias telefônicos do Rio de Janeiro. À época, não havia um catálogo comercial de números telefônicos. Huber, em troca dos direitos exclusivos de vender anúncios nas Páginas Amarelas, ofereceu-se para publicar gratuitamente a lista de assinantes e as Páginas Amarelas.[3]
A LTB passou a produzir guias para quase todo o país, além de editar publicações especializadas.[4] O grupo empresarial passou a incluir uma gráfica e três editoras.
Sob o comando de Gilberto Huber (filho do fundador) desde 1957, a LTB se expandiu notavelmente. Em 1962 a LTB tinha 97% de seus empregados como acionistas.[5] Na mesma década, mudou sua razão social para Editora de Guias LTB S.A.
Ao longo dos anos 1970 a LTB teve dificuldade crescente de competir com outras editoras nas licitações de listas telefônicas promovidas por várias operadoras. Pressionada pela defasagem entre a inflação elevada e os valores dos contratos com a Telerj e a Telesp - principais sucessoras da CTB na operação de redes telefônicas - o grupo chegou a ser considerado "virtualmente insolvente" em 1977[6], o que levou Gilberto Huber a pedir ajuda aos ministérios da Fazenda e das Comunicações[7] e estudar uma forma de permitir ao Banco do Brasil assumir o controle da holding das empresas.[6]
Ebid Editora Páginas Amarelas
editarNo início da década de 1980, o grupo rescindiu seus contratos com as principais operadoras de telefonia por considerá-los lesivos à empresa.[8] Na reorganização da sociedade, a Ebid sucedeu a LTB como empresa líder do Grupo Gilberto Huber.[9]
A Ebid começou a publicar guias classificados sob a marca Páginas Amarelas, distribuindo-os paralelamente às listas telefônicas oficiais ou suprindo a falta destas em várias grandes cidades. Legislação de 1983 obrigava as operadoras de telefonia a licitar as listas telefônicas, mas Giberto Huber criticou a Telesp por selecionar os participantes por meio de cartas-convite.[10] Telesp e Telerj contestaram na justiça a legalidade da atividade da Ebid por considerarem que os guias telefônicos da editora concorriam ilegalmente com as listas oficiais. Em 1987 a Justiça de São Paulo concluiu que as Páginas Amarelas da Ebid não eram listas telefônicas, mas "guias comerciais". O recurso da Telesp foi rejeitado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo; mais tarde, o Superior Tribunal de Justiça ratificou os fundamentos da rejeição.[8]
Com a privatização do sistema de telecomunicações do Brasil, em 1997, uma nova lei liberou a criação de listas telefônicas por qualquer agente privado,[11] o que aumentou a concorrência sobre a Ebid. O grupo combateu na justiça as supostas imitações de Páginas Amarelas por outras empresas; porém, em 2007 a Oesp Gráfica, empresa do Grupo Estado voltada à produção de guias telefônicos, teve assegurado na Justiça Federal o direito de registrar a marca "Classificadas Amarelas" como claramente distinta de "Páginas Amarelas".[12]
A popularização da internet, porém, provocou um declínio acentuado do setor de guias impressos.[13] A Ebid encerrou suas atividades quando foi decretada a falência do Grupo Gilberto Huber.[14]
Fundada como Artes Gráficas Gomes de Souza, era a divisão gráfica do grupo. Imprimiu a revista Senhor em sua primeira fase, quando a revista passou ao Grupo Gilberto Huber.[15] Passou a se chamar AGGS Indústrias Gráficas S.A.
Expansão Editorial
editarA Expansão Editorial (Exped) era uma editora de livros de interesse geral que operava com as marcas Expressão e Cultura e Liceu.
Outras atividades
editarEm vários fóruns Gilberto Huber se destacou como porta-voz da classe empresarial, defensor do livre mercado e da democratização do capital através do mercado de ações,[16]. Huber também participou do Comitê de Política Comercial, instituído em 1963 pelo Ministério da Indústria e Comércio.[17]
Controvérsia sobre influência no golpe de 1964
editarO Grupo Gilberto Huber foi copatrocinador do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), organização não-governamental fundado em 1961 como um dos principais catalisadores do pensamento de oposição ao presidente João Goulart, o que teria influenciado a execução do golpe de 1964. O IPES tinha como função integrar movimentos sociais de direita para deter o "avanço do comunismo soviético no ocidente".[18] O jornalista Milton Coelho da Graça ainda citou Gilberto Huber como "líder aparente" do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), entidade coirmã do IPES.[19]
Declínio e falência
editarNa década de 2000, a redução do mercado de guias telefônicos impressos levou o Grupo Gilberto Huber a uma crise da qual não se recuperaria. Na organização corporativa da época, a Ebid controlava 23 empresas e acumulava dívidas milionárias com a Previdência Social.[20][21] A situação levou o grupo à falência.
Referências
- ↑ Gente (janeiro de 1970). «G. J. Huber». Jornal do Brasil. 1º Caderno (233). 7 páginas. Consultado em 30 de março de 2014
- ↑ «Gilbert Huber - Ancestry.com». www.ancestry.com. Consultado em 30 de março de 2022
- ↑ http://www.capital-flow-analysis.com/investment-tutorial/case_1m.html
- ↑ Jornal do Brasil, 7 de janeiro de 1970
- ↑ Jornal do Brasil, 23 de setembro de 1962
- ↑ a b «O caso LTB». Veja. 137 páginas. 12 de outubro de 1977
- ↑ Jornal do Brasil, 6 de novembro de 1976
- ↑ a b «Justiça garante direito das Páginas Amarelas». Jornal do Brasil. 1º Caderno. 13 páginas. Julho de 1991. Consultado em 30 de março de 2014
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 8 de agosto de 2014. Arquivado do original em 31 de março de 2014
- ↑ «Números Furados». Veja. 91 páginas. 12 de junho de 1985
- ↑ «Pronews». www.revistapronews.com.br. Consultado em 30 de março de 2022
- ↑ http://www.conjur.com.br/2007-abr-30/oesp_registrar_marca_classificadas_amarelas
- ↑ http://www.terra.com.br/istoedinheiro-temp/edicoes/609/imprime140926.htm
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 8 de agosto de 2014. Arquivado do original em 31 de março de 2014
- ↑ «Uma senhora revista». Folha de S. Paulo. Ilustríssima. Maio de 2012. Consultado em 30 de março de 2014
- ↑ «Democratização do capital para preservação do regime». Correio da Manhã. 1º Caderno. 13 de dezembro de 1961
- ↑ «O que vai pelo Comércio... e na Indústria». Correio da Manhã. 1º Caderno: 6. 2 de junho de 1963
- ↑ Birkner, Walter Marcos Knaesel. O realismo de Golbery. Itajaí, Ed. Univali. 2002. pág. 20.
- ↑ http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/comuniquese__31793
- ↑ http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/36598/dono+da+%93paginas+amarelas%94+esta+foragido.shtml
- ↑ http://www.douradosnews.com.br/arquivo/decretada-prisao-de-um-dos-maiores-devedores-do-inss-29feeed08fe35d55bce25531fdffecc3