Luís Barbalho Bezerra

Luís Barbalho Bezerra (Olinda, 1584 - Rio de Janeiro, 1644) foi um governante da capitania do Rio de Janeiro, estado do Brasil, no tempo colonial.[1][2]

Luís Barbalho Bezerra.

História

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Em 2 de junho de 1643, ao regressar de São Paulo, Salvador Correia de Sá e Benevides encontrou este novo governador no Rio de Janeiro: Luís Barbalho Bezerra era homem honesto, descrito como «ponderado e íntegro». Deu-lhe posse Salvador, então, e partiu para Lisboa, defender-se das acusações contra ele.

Como Barbalho Bezerra era pobre, tendo gasto sua fortuna e a saúde na luta contra os holandeses, a Câmara do Rio resolveu lhe conceder «aposentadoria», o que significava pagar os aluguéis de suas casas, inaugurando assim essa prática na cidade («o que veio mais tarde a onerar excessivamente as minguadas rendas municipais»).

O nome de Barbalho Bezerra, está intimamente ligado à história das lutas na Bahia e Pernambuco contra os holandeses, nas quais se cobrira de honra e adquirira justo renome.[3] Dada a reputação «de homem ponderado e íntegro, de inatacável honestidade, de que vinha precedido o novo governador, a população o acolheu com muita esperança e grande satisfação, entre vivas demonstrações de júbilo.»

Sob Barbalho, a cidade progrediria muito, sobretudo porque chegou nesse mesmo ano, a mando do rei D. João IV, o engenheiro francês Michel d'Escolle, rebatizado em Portugal Michel de Lescol. Projetou o plano da cidade e o traçado das ruas, prolongamentos, declives para valas, padrões para as construções, fortificações - foi seu primeiro urbanista.

Uma das providências do governador foi, tendo encontrado a guarnição da praça reduzida a 260 soldados, cujos soldos havia nove meses não eram pagos, elevar a tropa a 600 homens, o que lhe parecia o mínimo necessário à defesa. Dirigiu-se à Câmara em 5 de julho de 1643 e pediu que decretasse impostos que lhe parecessem justos e mais suaves, para atender a necessidades militares. A guarda do produto seria confiada à Câmara, que não o poderia desviar para outro fim.

Barbalho morreu, porém, em 15 de abril de 1644 e foi sepultado na igreja do Colégio dos Jesuítas. Diz Vivaldo Coaracy, na sua obra O Rio de Janeiro no século XVII: «No curto período do seu governo, fizera-se altamente estimado pela integridade e espírito de justiça, sendo a sua morte muito lamentada. O prestígio de que gozava entre a população foi herdado pelos filhos, Jerónimo Barbalho Bezerra e Agostinho Barbalho Bezerra, então ainda jovens, mas que mais tarde desempenhariam papel saliente na história do Rio de Janeiro.»[4]

Não havendo «vias de sucessão» e não tendo ele designado sucessor antes de morrer, assumiu o governo interino, eleito pela Câmara, Duarte Correia Vasqueanes, tio do anterior governador Salvador Correia de Sá e Benevides. Com isso, provocaram a impugnação dos militares que alegavam caber o governo a Simão Dias Salgado, Sargento-mor do presídio, de mais alta patente, e que se recusou a obedecer ao governador. Os fatos chegaram ao conhecimento do governador-geral e este da Bahia expediu, em 7 de maio de 1644, ordem a Francisco de Souto-Maior, que se encontrava no Rio de Janeiro de passagem para Angola, assumir o governo «para privar que os soldados e mais gentes entrem em altercações, pela diferença de obediência.» A Câmara do Rio representou à Coroa que então baixou o alvará de 26 de setembro de 1644 em que «para atalhar desordens e inquietações e evitar os danos que delas se podem seguir», determinou que «sucedendo falecer o Capitão-Mor e Governador da dita Capitania, e não havendo vias por que eu declare a pessoa que lhe há de suceder no dito Governo, possam os oficiais da Câmara da dita cidade eleger a pessoa que mais idônea lhes parecer que sirva o dito cargo, enquanto eu ou o dito Governador-Geral do dito Estado não prover.»

Ver também

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Referências

  1. Seguro), Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto (1953). História geral do Brasil: antes da sua separação e independência de Portugal. São Paulo: Edições Melhoramentos. p. 260 
  2. «1643 – 1644: Luís Barbalho Bezerra». Identidades do Rio. UFF. Consultado em 10 de março de 2021 
  3. Coaracy 1944, p. 117
  4. Coaracy 1944, p. 112

Bibliografia

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  • Coaracy, Vivaldo (1944). O Rio de Janeiro no. século 17. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora 

Precedido por
Jorge de Mascarenhas
Junta governativa provisória do Brasil
com Pedro da Silva Sampaio e Lourenço de Brito

16411642
Sucedido por
Antônio Teles da Silva
Precedido por
Duarte Correia Vasqueanes (interino)
Governador do Rio de Janeiro
16431644
Sucedido por
Francisco de Souto Maior
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