Luiza Neto Jorge

Escritora portuguesa (1939-1989)

Luiza Neto Jorge (nascida Maria Luísa Neto Jorge, Lisboa, 10 de Maio de 1939 — Lisboa, 23 de Fevereiro de 1989) foi uma tradutora e poetisa portuguesa.

Luiza Neto Jorge
Nome completo Maria Luísa Neto Jorge
Nascimento 10 de maio de 1939
Lisboa, Portugal
Morte 23 de fevereiro de 1989 (49 anos)
Nossa Senhora de Fátima, Lisboa, Portugal
Nacionalidade Portugal Português
Cônjuge Manuel João Gomes (1987-1989)

António Barahona da Fonseca (1961-1965)

Filho(a)(s) Dinis Neto Jorge Gomes (1973)
Alma mater Universidade de Lisboa
Ocupação Poetisa e tradutora
Prémios Grande Prémio de Tradução Literária (1987)
Magnum opus Poesia 1960-1989

Biografia

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Infância e juventude

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Maria Luísa Neto Jorge nasceu em São Sebastião da Pedreira, Lisboa, a 10 de Maio de 1939, numa família burguesa.[1] Ainda na infância os pais separaram-se, tendo ido primeiro viver com o pai na antiga freguesia de Anjos, e depois com a mãe, na zona do Chiado.[1]

Devido a problemas de saúde, atrasou-se nos estudos, e aos dezoito anos matriculou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no curso de Filologia Românica, que não chegou a concluir, embora tenha tirado o bacharelato.[1] Durante a sua estadia na universidade, integrou-se no movimento estudantil de ideais de esquerda, e fez parte do Grupo de Teatro de Letras, que ajudou a fundar, e onde conheceu o futuro poeta Gastão Cruz.[1][2]

Esteve na faculdade até aos princípios da década de 1960, quando casou com o escritor António Barahona da Fonseca.[3] O casal mudou-se para o Algarve, onde residiu como hóspede de Gastão Cruz.[1] Em 1960 publicou o seu primeiro livro, Noite Vertebrada.[4][5]

Carreira profissional e artística

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Luísa Neto Jorge começou a sua carreira como professora no ano lectivo de 1961 para 1962, no Liceu de Faro. Naquela cidade, fez parte de um grupo de artistas que se reunia no Café Aliança, e que era frequentado especialmente por escritores e poetas, como José Afonso, Gastão Cruz, Casimiro de Brito e António Ramos Rosa.[1] Nessa altura, publicou a sua primeira obra, A Noite Vertebrada, e colaborava na revista Poesia 61.[1] Foi considerada a personalidade de maior destaque do grupo de poetas que se reuniu em torno do movimento Poesia 61, no âmbito do qual publicou a obra Quarta Dimensão.[5][6][7]

O casamento com António Barahona só durou cerca de dois anos, tendo este partido para Moçambique e Luísa Neto Jorge para Paris.[1] Na capital francesa, continuou a escrever enquanto trabalhava, tendo algumas das suas obras de poesia sido publicadas em Portugal.[1] Regressou a território nacional durante algumas vezes durante a sua estadia em França, embora só tenha voltado de forma definitiva a Portugal cerca de oito anos depois.[1] Em 1969 publicou a colectânea Dezanove Recantos , que foi principalmente inspirada na cidade de Silves, no Algarve.[1] Passou a viver com Manuel João Gomes (Coimbra, 1948 - 2007), tradutor, escritor, actor e crítico teatral[8][9] com quem teve o seu único filho, Dinis, nascido em 1973, e com quem se casaria em 1987.[1][3] Nesse ano publicou a obra Sítios Sitiados.[1] Embora não tenha deixado uma grande obra escrita, foi uma das mais conhecidas autoras portuguesa nas décadas de 1960 a 1980, tendo vários dos seus livros sido traduzidos em vários idiomas,[1] e publicada na maior parte das antologias de poesia portuguesa contemporânea.[carece de fontes?] Salvo poemas avulsos em algumas publicações, como é o caso da revista Colóquio-Letras, não publicou nenhum livro nos últimos dezasseis anos de vida.[carece de fontes?]

Após o seu falecimento, a família publicou várias obras em seu nome, baseadas em rascunhos deixados pela autora.[1] Em 1993, foi coligida a obra completa.[carece de fontes?] Começou a trabalhar como tradutora, tendo trabalhado nas obras de Paul Verlaine, Marguerite Yourcenar, Boris Vian, Paul Éluard,[1] Marquês de Sade, Goethe (Fausto]), Jean Genet, Witold Gombrowicz, Apollinaire, Karl Valentin, Garcia Lorca, Ionesco, Oscar Panizza, entre outros.[5][10] Destacou-se nesta actividade, tendo recebido o prémio de tradução do PEN Clube Português[1] pela sua interpretação da obra Morte a Crédito de Louis-Ferdinand Céline.[11]

Também trabalhou na adaptação de textos para o teatro, baseada em obras de vários autores, incluindo Denis Diderot.[1][5]

Auxiliou vários cineastas nacionais na produção de diálogos para filmes,[1] incluindo Paulo Rocha e Solveig Nordlund, elaborou os argumentos de Os Brandos Costumes, de Alberto Seixas Santos, em 1975, e fez assistência literária em Relação Fiel e Verdadeira, de Margarida Gil, em 1989.[12][13][14] Destacou-se igualmente como artista plástica em desenho e cerâmica, e especialmente em pintura, tendo feito exposições no Círculo de Artes Plásticas, entidade onde também foi directora.[1] Também fez várias ilustrações para capas de livros.[1]

Luíza Neto Jorge morreu em 23 de Fevereiro de 1989, na cidade de Lisboa, vítima de uma doença pulmonar.[1][15]

Homenagens

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O nome de Luísa Neto Jorge foi colocado em ruas nas localidades de Leça da Palmeira, Carnaxide, Famões e Lisboa,[1] numa escola básica em Marvila, na cidade de Lisboa[16] e ainda numa Praça na Freguesia da Brandoa.

Entre as suas obras encontram-se:[10][17][18]

  • A Noite Vertebrada (1960)
  • Quarta Dimensão
  • Terra imóvel : poemas (1964)
  • O Seu a Seu Tempo
  • Dezanove recantos : epopeia sumária (1969)
  • Os sítios sitiados (1973), poesia
  • A lume (1989)
  • Poesia : 1960-1989 : os sítios sitiados : a lume : dispersos (1993) [19]
  • Par le feu (1996)
  • Corpo insurrecto e outros poemas (2008)
  • Poesia traduzida (2011)

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w Marreiros, Glória (2015). Algarvios pelo coração, algarvios por nascimento. Lisboa: Edições Colibri. ISBN 978-989-689-519-8 
  2. «GTL - Grupo de Teatro de Letras». FATAL - Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa 
  3. a b «luiza neto jorge». www.relampago.pt. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  4. «Informação Detalhe sobre uma Obra - Noite Vertebrada». livro.dglab.gov.pt. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  5. a b c d «Biografia - Luiza Neto Jorge». livro.dglab.gov.pt. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  6. Infopédia. «Poesia 61 - Infopédia». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  7. «"Poesia 61"». Centro Nacional de Cultura. 12 de julho de 2021. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  8. «Manuel João Gomes Um crítico de teatro diferente». Público. 12 de Fevereiro de 2007. Consultado em 20 de Janeiro de 2019 
  9. «Morreu Manuel João Gomes, ex-crítico de teatro do PÚBLICO». Público. 6 de Fevereiro de 2007. Consultado em 20 de Janeiro de 2019 
  10. a b «Biblioteca Nacional de Portugal - Luíza Neto Jorge». catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  11. «Prémios». livro.dglab.gov.pt. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  12. «Relação Fiel e Verdadeira - Filmes». cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  13. «Brandos Costumes - Filmes». cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  14. Nascimento, Frederico Lopes / Marco Oliveira / Guilherme. «Cinema Português - Luiza Neto Jorge». CinePT-Cinema Portugues. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  15. «"O Poema ensina a cair", de Luiza Neto Jorge». www.bertrand.pt. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  16. «Escola Básica Luíza Neto Jorge». Câmara Municipal de Lisboa. Consultado em 20 de Janeiro de 2018 
  17. «Luíza Neto Jorge». www.goodreads.com. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  18. «Bibliografia». livro.dglab.gov.pt. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  19. Jorge, Luiza Neto; Martins, Fernando Cabral (1993). Poesia 1960 - 1989: Os sítios sitiados, A lume, dispersos. [S.l.]: Assirio & Alvim 

Bibliografia

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  • MARREIROS, Glória Maria (2015). Algarvios pelo coração, algarvios por nascimento. Lisboa: Edições Colibri. 432 páginas. ISBN 978-989-689-519-8 

Ligações externas

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