Mário da Veiga Abreu

Mário da Veiga Abreu (Porto Alegre, 20 de junho de 1882Rio de Janeiro, 1º de março de 1960) foi um general-de-brigada do Exército Brasileiro e comandante na Revolução Constitucionalista.

Mário da Veiga Abreu
Mário da Veiga Abreu
Ao centro, o então tenente-coronel Abreu na Revolução de 1932.[1]
Dados pessoais
Nome completo Mário da Veiga Abreu
Nascimento 21 de junho de 1882
Porto Alegre, RS, Brasil
Morte 1 de março de 1960 (77 anos)
Rio de Janeiro, DF, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Esposa Maria Amália Peixoto Abreu
Progenitores Mãe: Anna Velho da Veiga Abreu
Pai: Miguel Lins de Moraes Abreu
Vida militar
País República Federativa do Brasil
Força Exército Brasileiro
Anos de serviço 18991944
Hierarquia General-de-Brigada
Batalhas

Biografia

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Mário da Veiga Abreu nasceu em 20 de junho de 1882, na cidade de Porto Alegre, filho de Miguel Lino de Moraes Abreu e de Anna Arcelina Velho da Veiga Abreu. Teve os irmãos: Matilde, Miguel, Margarida, José Ricardo e Renato. Esses dois também seguiram carreira militar e atingiram o generalato do Exército Brasileiro. Desde 1907 era casado com Maria Amália Peixoto de Abreu, uma descendente direta do Presidente da República, o Marechal Floriano Peixoto, com quem teve uma filha, Berenice de Abreu.[2][3][4][5]

Em 1899 assentou praça no Exército Brasileiro e alguns anos depois entrou para a Escola de Oficiais pela antiga Escola de Guerra de Porto Alegre, onde foi declarado aspirante em fevereiro de 1908. Ao longo dos anos foi galgando promoções: 2º tenente em março de 1910; 1º tenente em fevereiro de 1918; capitão em 1922; major em 1929; tenente-coronel em 1931; e, finalmente, coronel em 30 de agosto de 1934. Realizou cursos de infantaria e cavalaria, além de cursos de aperfeiçoamento para oficiais e de Estado-Maior. Ao longo da sua carreira exerceu vários comandos, como o da 2ª Cia do 8º B.C. de São Leopoldo-RS em 1927.[6][7]

Atuou na campanha militar de repressão a Revolta do Contestado, entre 7 de novembro de 1914 a 28 de abril de 1915.[6]

Tomou partido dos rebeldes na revolta tenenista de 1922 e, mais tarde, na Revolução de 1930. Integrou o "Clube 3 de outubro" até junho de 1932, quando pediu desligamento da associação, juntando-se a outros dissidentes do tenentismo.[6][8]

Em 1932 o então tenente-coronel comandava o 4º B.C., unidade então sediada no bairro de Santana na cidade de São Paulo. Em 9 de julho, na ocasião da deflagração da Revolução Constitucionalista, tomou partido dos revolucionários paulistas, sendo na sequência destacado para comandar tropas no Vale do Paraíba, na chamada "Frente Norte" de combate, respondendo diretamente ao Estado-Maior do comando supremo do Exército Constitucionalista, chefiado pelo general Bertoldo Klinger. Seu irmão, o então major José Ricardo, combateu pelo lado federal no setor sul do conflito.[6][9][10][11]

O "Destacamento Mario da Veiga Abreu" reunia, além das tropas regulares, batalhões de voluntários e era responsável pela defesa da região de Cunha, Campos de Cunha, Campos do Jordão, São Bento do Sapucaí e, mais tarde, em Guaratinguetá, onde suas tropas atuavam dividias entre Serra da Quebra Cangalha e na região de Campos do Jordão.[9][12]

Em Cunha, sob sua chefia, as suas tropas exerceram notável atuação, tendo sido responsável por repelir diversas vezes o adversário, composto por tropas dos fuzileiros navais e as polícias do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.[9][12]

Naquela frente de combate, o então tenente-coronel foi responsável pela ofensiva ocorrida em 20 de agosto de 1932, cuja uma manobra tática fez as tropas constitucionalistas desbaratarem as tropas governistas na altura do bairro do Divino Mestre, a cerca de 8 km a sudeste do centro de Cunha. O destacamento do tte-cel. Abreu deixou a posição de Cunha somente após ordem do comando geral do setor, que visava a rearticular toda a linha de defesa do Vale do Paraíba, resultando no recuo da linha de defesa previamente preparada em Guaratinguetá. Por conta desse e de outros seus triunfos no conflito, ganhou o codinome informal de "Duque de Cunha" entre os paulistas.[6][13][12]

Segundo Armando de Salles Oliveira, ex-governador de São Paulo, sobre o papel do coronel Abreu na Revolução de 1932:

Com a rendição dos paulistas e o consequente fim do conflito, ocorrido em 2 outubro de 1932, à princípio o tenente-coronel ficou recolhido em sua residência na capital paulista. Porém, no final de novembro de 1932 foi preso e no dia 15 de dezembro foi enviado para o exílio na Europa, em viagem no vapor Cuiabá, na terceira leva de exilados políticos, ao lado de outros comandantes do Exército Constitucionalistas, como Romão Gomes, Nicolau Horta Barbosa, Cristóvão Colombo de Melo Matos, entre outros.[14]

Apesar da derrota militar dos rebeldes, o coronel Mario da Veiga Abreu considerou vitoriosos os ideais do levante de 1932. Para o coronel:[1]

Retornou ao Brasil em 1933, após autorização especial do governo provisório. Em 28 de maio de 1934 obteve anistia por conta de sua participação na insurreição de 1932. No mês de agosto foi reincorporado ao Exército Brasileiro com todas os direitos e regalias.[12][15]

Em abril de 1937, o coronel foi nomeado para o comando do 23º Batalhão de Caçadores de Fortaleza-CE.[6]

Em 1944 passou para reserva de primeira classe.[16]

Faleceu em 1º de março de 1960, na cidade do Rio de Janeiro. Foi sepultado no cemitério São João Batista, situado naquela cidade.[17]

Em maio de 1962, mais de dois anos após a sua morte, recebeu a patente de general-de-brigada, após decisão da Justiça Militar, que reconheceu o seu direito.[18]

Ver também

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Referências

  1. a b «O herói da Mantiqueira». O Mundo Ilustrado. 7 de julho de 1954. p. 33. Consultado em 4 de fevereiro de 2020 
  2. «Necrologia». Porto Alegre: Diário de Notícias. 14 de maio de 1965 
  3. Abreu Penna, Lincoln (2018). Memórias de um historiador: inventário de uma geração. [S.l.: s.n.] p. 360 
  4. «65º aniversario da morte do mar. Floriano Peixoto». Rio de Janeiro: Correio da Manhã. 29 de junho de 1960. p. 7. Consultado em 4 de fevereiro de 2020 
  5. «Mario da Veiga Abreu (1883-1960)». Consultado em 14 de setembro de 2021 
  6. a b c d e f «O novo comandante da guarnição federal». Fortaleza: A Razão (CE). p. 3 
  7. «Há 35 anos os generais de hoje concluiram o curso na antiga Escola de Guerra de Porto Alegre». Rio de Janeiro: A Manhã. 9 de fevereiro de 1943. p. 7 
  8. «Outros proceres que deixarão o Clube 3 de Outubro». Correio do Paraná. 7 de junho de 1932. Consultado em 4 de fevereiro de 2020 
  9. a b c Ellis Jr, Alfredo (1933). A Nossa Guerra. São Paulo: Piratininga. p. 330 
  10. Klinger, Bertoldo; et al. (1933). Nós e a Dictadura. Rio de Janeiro: scp) 
  11. «A Batalha de Itararé» (PDF) 2º trimestre ed. São Paulo: Revista A Força Policial - nº 18. 1998. pp. 94–107. Consultado em 14 de setembro de 2021 
  12. a b c d Figueiredo, Euclydes de Oliveira (1954). Contribuição para a História da Revolução Constitucionalista de 1932. São Paulo: Martins) 
  13. «A atuação da Marinha nas operações resultantes do movimento constitucionalista de 1932». Rio de Janeiro: Revista Marítima Brazileira. 2003. p. 201-204 
  14. «Mais cinco exilados seguiram para a Europa». A República (SC). 16 de dezembro de 1932. p. 1. Consultado em 4 de fevereiro de 2020 
  15. «Decreto nº 24.297 de 28 de maio de 1934». Rio de Janeiro: Câmara dos Deputados do Brasil. 28 de maio de 1934. Consultado em 30 de junho de 2020 
  16. «Vida Militar». Rio de Janeiro: A Manhã. 25 de maio de 1944. Consultado em 4 de fevereiro de 2020 
  17. «Avisos fúnebres» 11442 (1) ed. Diário de Notícias. 5 de março de 1960. p. 19. Consultado em 4 de fevereiro de 2020 
  18. «Promoções em virtude de sentença Judiciária». Rio de Janeiro: Diário de Notícias. p. 14