Assassinato de Mércia Nakashima

homicídio
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O Caso Mércia Nakashima refere-se à morte da advogada brasileira Mércia Mikie Nakashima de 28 anos, que foi afogada, trancada dentro do carro, na represa de Nazaré Paulista, interior de São Paulo, perto das margens da rodovia Dom Pedro I no dia 23 de maio de 2010.[3][4]

Mércia Mikie Nakashima
Assassinato de Mércia Nakashima
Nome completo Mércia Mikie Nakashima
Nascimento 6 de outubro de 1981[1]
Guarulhos, Brasil
Morte 23 de maio de 2010 (28 anos)
Nazaré Paulista, Brasil
Causa da morte Afogamento
Nacionalidade Brasileira
Etnia nipo-brasileira
Progenitores Mãe: Janete Nakashima
Pai: Makoto Nakashima
Parentesco Cláudia Nakashima
Márcio Nakashima
Ocupação Advogada
Caso Mércia Mikie Nakashima
Local do crime Nazaré Paulista, São Paulo
Vítimas Mércia Mikie Nakashima
Réu(s) Mizael Bispo de Souza
Advogado de defesa Samir Haddad Júnior e Ivon Ribeiro
Promotor Rodrigo Antunes
Juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano
Local do julgamento Tribunal de Justiça de São Paulo[2]
Situação Mizael Bispo de Souza foi condenado a 20 anos de reclusão pela morte de Mércia Nakashima, em regime inicial fechado.

A vítima

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Mércia Mikie Nakashima (Guarulhos, 6 de outubro de 1981[1]Nazaré Paulista, 23 de maio de 2010)[4] era uma advogada brasileira, com ascendência japonesa, filha de Janete Nakashima e Makoto Nakashima.[4][5][6]

O crime

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Desaparecimento

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Mércia desapareceu no dia 23 de maio, após participar de um almoço em família na cidade de Guarulhos. Segundo familiares, ela deixou a casa da avó, onde aconteceu o almoço, por volta das 18h30 para ir para casa, trajeto que demorava entre 5 e 10 minutos. Ainda segundo familiares, antes de sair, Mércia recebeu um telefonema: era seu ex-namorado e seu ex-sócio num escritório de advocacia, Mizael Bispo de Souza.[7]

No dia 25, a família passa a procurar ostensivamente pela advogada. No dia 27, Mizael vai à polícia, sem ser notificado, para prestar depoimento. No dia 31 de maio, ele é notificado oficialmente para dar esclarecimentos, nesta data já como suspeito do caso.[8]

Mizael confirmou que tentou ligar para Mércia no dia em que ela desapareceu, mas afirmou que não conseguiu falar com ela. Quando questionado sobre a afirmação de que o seu carro esteve próximo a casa da avó da advogada no dia do desaparecimento, Bispo confirmou isto, mas disse que estava com uma garota de programa neste momento, sem no entanto dar qualquer tipo de referência sobre a mulher.[9]

Segundo Sammir Haddad Júnior, advogado que representou Mizael Bispo de Souza, seu cliente morava perto da casa da avó de Mércia, o que explicaria o fato de o carro dele ter estado no local no dia do desaparecimento de Mércia. Ainda segundo Haddad Júnior, Mércia vinha sendo ameaçada por um ex-cliente para quem ela teria atuado em ações de divórcio e trabalhista e que este não teria ficado satisfeito com o resultado dos processos. Segundo ele, amedrontada, Mércia pediu a Mizael que fosse buscá-la.[10] Entretanto, a pasta com os processos que Mércia cuidava para o cliente, identificado como Messias, foi encontrada na tarde de 16 de Junho de 2010 pela irmã da vítima, Cláudia Nakashima, e, de acordo com o advogado da família de Mércia, Alexandre de Sá Domingues, o cliente não teria motivos para fazer ameaças.[11]

No dia 10 de Junho de 2010, por meio de uma denúncia anônima feita diretamente à família da vítima, o carro da advogada , um Honda Fit prata, foi encontrado na represa da cidade de Nazaré Paulista. O veículo estava submerso a uma profundidade de aproximadamente 6 metros, tinha o vidro do motorista aberto e estava com os pertences da advogada. No dia seguinte, o corpo de Mércia foi encontrado na mesma represa, tendo o reconhecimento sido feito por seu pai e irmão, o também advogado Márcio Nakashima.[12][13]

A testemunha que fez a denúncia era um comerciante que estava pescando na represa no mesmo dia do desaparecimento de Mércia. Segundo o homem, ele ouviu gritos de mulher na noite do crime e viu um carro ser empurrado para dentro d'água após uma pessoa descer de dentro dele. Segundo o delegado Antonio de Olim, que comandou a investigação, a testemunha estava do outro lado da represa, a uns 100 metros do carro da advogada e não teria consumido bebida alcoólica no dia.[14]

Investigações avançadas

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Conforme as investigações continuavam, testemunhas disseram ter visto Mizael conversando, dias antes do crime, com o vigia Evandro Bezerra da Silva, que abandonou o trabalho depois do carro ser retirado da represa. Evandro, então, passou a ser considerado igualmente suspeito e teve a prisão preventiva decretada em 25 de junho. Foi preso em julho tentando fugir para o estado de Sergipe.[15]

Em depoimento, Evandro disse que combinou com Mizael de buscá-lo na represa de Nazaré Paulista no dia 23 de maio, o mesmo do desaparecimento de Mércia, mas depois mudou a versão negando envolvimento no crime.[16]

No entanto, depois de ser preso em 2012, ele contou novamente à polícia a mesma história.[17]

A prova final que acabou incriminando Mizael foi um pedaço de alga presa a seu sapato, a mesma que segundo a perícia só era encontrada na represa.[18]

Causa da morte

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Afogamento. Segundo a polícia, Mizael agrediu e deu um tiro no queixo da advogada, que desmaiou. Ele então saiu do carro e o empurrou para dentro da água com Mércia ainda viva no interior do veículo.[17]

Motivação

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De acordo com a família e amigos da vítima, Mizael não se conformava com o fim do relacionamento e perseguia Mércia para que reatassem o namoro.[19][20][20]

Prisão

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Evandro foi preso em 9 de julho de 2010 em Aracaju, capital de Sergipe, mas foi solto em 9 de agosto por meio de um habeas corpus.[21][22]

Mizael foi preso preventivamente no dia 27 de julho de 2010, mas igualmente solto no dia 5 de agosto de 2010, através de um habeas corpus, o que causou uma reclamação do Ministério Público em 09 de agosto contra Tribunal de Justiça de São Paulo.[23][24]

Em dezembro de 2010, ambos entraram para a lista de "procurados" da Polícia Civil de São Paulo, após a Justiça ter pedido novamente a prisão deles e ter decidido que eles iriam a júri popular.[25]

Mizael se entregou à polícia em fevereiro de 2012 e Evandro foi preso em junho do mesmo ano.[17][19]

Em 15 de março de 2013, após quatro dias de juri, que contou com comunicação audiovisual na íntegra, Mizael Bispo de Souza foi condenado a 20 anos de reclusão pela morte de Mércia Nakashima, em regime inicial fechado. Porém o advogado de acusação Alexandre de Sá, recorreu da sentença por achar a pena branda.[26][27]

A pena foi aumentada depois para 22 anos e 8 meses.[28]

Em 22 de agosto de 2023, Mizael Bispo foi solto após a Justiça conceder progressão para o regime aberto.[29]

Atentados à família da vítima

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O advogado da família Nakashima, Alexandre de Sá, disse, em entrevista em janeiro de 2011 ao jornal Agora São Paulo, que, em outubro de 2010, o carro do irmão de Mércia foi atingido por outro em Guarulhos.[30] De acordo com o delegado, a polícia apurou que o motorista era um PM do mesmo batalhão do ex-policial Mizael.[30]

Em 23 de janeiro de 2011, o irmão e a mãe de Mércia foram perseguidos por dois motoqueiros em Bom Jesus dos Perdões, a 76 km de São Paulo, levando o carro a cair de uma ribanceira.[16] Ambos ficaram feridos.[16]

Resumo da pena

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Mizael: depois de ser condenado a 20 anos em março de 2013, após apelação do Ministério Público, Mizael teve a pena ampliada em junho de 2017 a 22 anos e 8 meses, em regime fechado, pela morte de Mércia Nakashima. Foram consideradas circunstâncias agravantes que qualificaram o crime: motivo torpe (fim do namoro), emprego de meio cruel (tiros em pontos vitais do corpo) e impossibilidade de defesa da vítima. Ele cumpre pena no presídio militar Romão Gomes, na capital, por ser policial reformado.[28]

Evandro: foi condenado em julho de 2013 a 18 anos e 8 meses de prisão por homicídio doloso com duas qualificadoras: meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.[33]

Progressão para o regime semiaberto

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Em setembro de 2018, Evandro conseguiu progressão de pena para o regime semiaberto, podendo trabalhar fora da prisão e tendo direito a saídas temporárias em dias festivos.[34]

Negativa de redução de pena

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Em janeiro de 2021, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), julgou inviável o Habeas Corpus em que a defesa de Mizael buscava a redução da pena de 22 anos e 8 meses para 20 anos.[35]

Repercussão

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O caso gerou grande repercussão nacional, tendo sido noticiado, por exemplo, na Globo e na Record. Também houve cobertura do caso no programa do apresentador Datena, na Band, o próprio site do STF publicou uma notícia em 2012 sobre o julgamento.[36][37][38]

Foi um julgamento histórico, pois foi o primeiro julgamento televisionado, transmitido ao vivo, na historia do país.[39]

Referências

  1. a b «Família mantém intacto quarto de Mércia, que hoje faria 29 anos». G1. 6 de outubro de 2010. Consultado em 24 de janeiro de 2011 
  2. «Cai segredo de Justiça do caso Mércia». R7. Rede Record. Consultado em 3 de julho de 2010 
  3. «Entenda o caso Mércia Nakashima». R7. Rede Record. 11 de junho de 2010. Consultado em 3 de julho de 2010 
  4. a b c «Polícia ouve mais três testemunhas do caso Mércia Nakashima». oglobo. Rede Globo. Consultado em 3 de julho de 2010 
  5. «Família celebra missa em memória de Mércia Nakashima». g1. Rede Globo. Consultado em 3 de julho de 2010 
  6. «Pai da advogada Mércia Nakashima diz que espera Justiça». clicapiaui. 11 de junho de 2010. Consultado em 3 de julho de 2010 
  7. «Polícia investiga desaparecimento de advogada na Grande SP». 27 de Maio de 2010. Consultado em 8 de Julho de 2010 ]
  8. Paulo, iG São (12 de junho de 2010). «Cronologia do caso Mércia - São Paulo - iG». Último Segundo. Consultado em 19 de maio de 2019 
  9. Caso Mércia: ex-namorado afirma que não matou advogada
  10. Mércia Nakashima pedia proteção a ex-namorado, diz advogado
  11. O Dia - Online (16 de Junho de 2010). «Cliente não tinha motivos para ameaçar Mércia, diz advogado» (em espanhol). Consultado em 8 de Julho de 2010 
  12. O Globo (11 de Junho de 2010). «Encontrado em represa corpo da advogada Mércia Nakashima, que estava desaparecida desde 18 de maio em SP» (em espanhol). Consultado em 1 de Julho de 2010 
  13. Paulo, iG São (11 de maio de 2010). «Família de advogada reconhece corpo achado em represa - São Paulo - iG». Último Segundo. Consultado em 19 de maio de 2019 
  14. O Globo (14 de Junho de 2010). «Testemunha diz que carro de Mércia Nakashima foi jogado em represa no mesmo dia em que ela desapareceu» (em espanhol). Consultado em 8 de Julho de 2010 
  15. AE (9 de julho de 2010). «Vigia suspeito na morte de Mércia é preso em SE - Brasil - iG». Último Segundo. Consultado em 19 de maio de 2019 
  16. a b c Folha Online. (24 de janeiro de 2011). Irmão e mãe de Mércia tentam fugir de dupla armada e sofrem acidente em SP, acesso em 25 de janeiro de 2011
  17. a b c Paulo, iG São (28 de junho de 2012). «Evandro revela conversa de Mizael: 'Aquele lugar era raso' - São Paulo - iG». Último Segundo. Consultado em 19 de maio de 2019 
  18. «Perícia conclui laudo sobre a morte de Mércia Nakashima». Jusbrasil. Consultado em 26 de janeiro de 2021 
  19. a b Paulo, Fernanda Simas, iG São (24 de fevereiro de 2012). «Acusado de matar ex-namorada, Mizael se entrega - São Paulo - iG». Último Segundo. Consultado em 19 de maio de 2019 
  20. a b Sobrinho, Wanderley Preite (10 de março de 2013). «Relatos de agressividade e ciúme reforçam suspeitas contra Mizael - São Paulo - iG». Último Segundo. Consultado em 19 de maio de 2019 
  21. «Segurança foi buscar Mizael Bispo em represa onde Mércia Nakashima foi encontrada morta, diz polícia». R7. Rede Record. Consultado em 14 de julho de 2010 
  22. «Justiça revoga prisão de vigia do caso Mércia». Último Segundo. iG. Consultado em 9 de agosto de 2010 
  23. «Justiça concede habeas corpus a ex de Mércia». Último Segundo. iG. Consultado em 6 de agosto de 2010 
  24. «MP contesta habeas corpus concedido a Mizael Bispo». Último Segundo. iG. Consultado em 9 de agosto de 2010 
  25. Paulo, iG São (10 de dezembro de 2010). «Mizael e Evandro entram em lista de procurados do site da polícia - São Paulo - iG». Último Segundo. Consultado em 19 de maio de 2019 
  26. «Mizael é condenado pela morte da ex-namorada Mércia Nakashima». G1. Globo. Consultado em 14 de março de 2013 
  27. «Mizael é condenado a 20 anos de prisão pela morte de MérciaNakashima». Terra. Terra. Consultado em 14 de março de 2013 
  28. a b «Justiça aumenta condenação de Mizael para 22 anos e 8 meses por matar Mércia». G1. Consultado em 19 de maio de 2019 
  29. «Mizael Bispo é solto após Justiça conceder progressão para o regime aberto». G1. 22 de agosto de 2023. Consultado em 22 de agosto de 2023 
  30. a b Agora São Paulo/Folha de S.Paulo. (25 de janeiro de 2011). Após acidente, família de Mércia pede proteção. Caderno Cotidiano
  31. a b «Fichas de procurados». Site da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Consultado em 24 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 15 de dezembro de 2010 
  32. «Condenado por matar Mércia Nakashima, Mizael Bispo é excluído da OAB 13 anos após o crime». G1. 3 de maio de 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  33. Paulo, Lívia Machado e Kleber Tomaz Do G1 São (31 de julho de 2013). «Vigia é condenado por participação na morte de Mércia Nakashima». São Paulo. Consultado em 19 de maio de 2019 
  34. «Justiça autoriza semiaberto a comparsa de Mizael na morte de Mércia Nakashima». G1. Consultado em 19 de maio de 2019 
  35. «Ministro nega seguimento a HC de condenado pelo homicídio de Mércia Nakashima». Supremo Tribunal Federal (em inglês). Consultado em 26 de janeiro de 2021 
  36. «Datena fala com o irmão de Mércia Nakashima - Parte 1 - Vídeos - Brasil Urgente - Band.com.br». Brasil Urgente. Consultado em 19 de maio de 2019 
  37. «Justiça de Guarulhos suspende segredo no caso Mércia Nakashima». G1. Rede Globo. Consultado em 3 de julho de 2010 
  38. «Julgamento de acusado do homicídio de Mércia Nakashima será em Guarulhos (SP)». Supremo Tribunal Federal (em inglês). Consultado em 26 de janeiro de 2021 
  39. Paulo, Kleber TomazDo G1 São (11 de março de 2013). «Mizael será julgado na frente das câmeras de TV pela morte de Mércia». São Paulo. Consultado em 19 de maio de 2019 

Ligações externas

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