Maictes Mamicônio
Maictes (em grego: Μαΐκτης; romaniz.: Maíktēs; em armênio: Հմայեակ; romaniz.: Hmayeak; m. 451) foi um nobre armênio (nacarar) do século IV, membro da família Mamicônio. É considerado um santo e venerado pela Igreja Apostólica Armênia.
Maictes | |
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Morte | 451 Artanuji |
Nacionalidade | Império Sassânida |
Etnia | Armênia |
Progenitores | Mãe: Isaacanus Pai: Amazaspes I |
Filho(a)(s) | |
Religião | Catolicismo |
Nome
editarMaictes (Μαΐκτης, Maïktēs) é a forma grega[1] do armênio Hemaieaque (Հմայեակ, Hmayeak). Deriva do parta Humai (Hu-māy [hwmy]) e Humaiaque (Hu-māy-ak [hwmyk]), que por sua vez deriva do iraniano antigo Humaiaca (*Hu-māya-ka-), "tem boa habilidade, bons feitiços, bom poder mágico". Foi registrado em avéstico como Humaia (Hu-māiiā- (fem.)) e Humaiaca (Hu-maiia-ka- (masc.)).[2][3][4]
Contexto
editarEm 428, os nacarares da Armênia peticionaram ao xainxá Vararanes V (r. 420–438) para que destronasse o rei Artaxias IV (r. 422–428) e abolisse a dinastia arsácida. Para governar o país, Vemir-Sapor foi nomeado como marzobã e e Vaanes II foi designado à tenência real.[5] Vemir-Sapor morreu em 442, após uma administração considerada justa e liberal, na qual conseguiu manter a ordem sem ferir o sentimento nacional de frente. Vasaces I substituiu-o como marzobã.[6] Vararanes permitiu a manutenção do cristianismo, enquanto procurava acabar com a influência do Império Bizantino sobre a Igreja da Armênia ao anexá-la à Igreja do Oriente. Contudo, seu filho e sucessor, Isdigerdes II (r. 438–457), era um pietista masdeísta e se comprometeu a impor o masdeísmo na Armênia, exigindo que a nobreza apostatasse e fundando templos de fogo sobre igrejas.[7]
Vida
editarMaictes era filho de Amazaspes I e Isaacanus, da família dos gregóridas (descendentes de Gregório, o Iluminador, o evangelizador da Armênia), e irmão de Vardanes II e Amazaspiano II.[8][9] Em decorrências das medidas repressivas de Isdigerdes, seu irmão Vardanes iniciou uma grande revolta.[10][11] Consciente de que estavam em menor número, enviou uma embaixada a Constantinopla, composta por seu irmão Maictes, Atão Genúnio, Vaanes II Amatúnio e Meruzanes Arzerúnio. O imperador Teodósio II (r. 408–450) os recebeu favoravelmente, mas morreu em 450. Seu sucessor Marciano (r. 450–457) preferiu manter a paz a fim de lutar contra Átila, que ocupou a Panônia e ameaçava Constantinopla.[12]
Em 451, Isdigerdes enviou à Armênia um exército que esmagou Vardanes em 26 de maio na Batalha de Avarair. Vardanes foi morto no confronto, e Vasaces I submeteu-se ao rei, assegurando-lhe que não tinha se juntado às forças insurgentes. No entanto, Maictes, ao voltar de Constantinopla, tomou a liderança dos revoltosos e ocupou Taique, onde tentou em vão manter a resistência. Para combatê-lo, os iranianos enviaram tropas sob a liderança de Barsabores e Artanes.[13] Maictes foi derrotado e morto numa batalha perto de Artanuji.[14][15]
Posteridade
editarMaictes casou-se com Zoique Arzerúnio, provavelmente a irmã de Meruzanes Arzerúnio, que tinha o acompanhado para Constantinopla, e que deu à luz:[8][16]
- Vaanes I, chamado , o Grande; futuro marzobã
- Bardas, futuro marzobã;
- Vasaces, general em 485;
- Artaxias.
Zoique tinha uma irmã, Anuxurã, casada com Axuxa II, vitaxa de Gogarena, que foi levada cativo à Pérsia com muitos nobres, dentro os quais os filhos de Maictes, após a revolta de 451. Em 455, conseguiu obter sua libertação e de seus sobrinhos, e os cuidou como seus próprios filhos.[17]
Referências
- ↑ Lilie 2013, #4664 Maïktes.
- ↑ Martirosyan 2021, p. 15.
- ↑ Fausto, o Bizantino 1989, p. 380.
- ↑ Ačaṙyan 1942–1962, p. 89-90.
- ↑ Grousset 1973, p. 182-184.
- ↑ Grousset 1973, p. 187.
- ↑ Grousset 1973, p. 189-196.
- ↑ a b Toumanoff 1990, p. 330.
- ↑ Settipani 2006, p. 132.
- ↑ Grousset 1973, p. 193-196.
- ↑ Dédéyan 2007, p. 189.
- ↑ Grousset 1973, p. 196-199.
- ↑ Lázaro de Farpe 1985, II.41.
- ↑ Grousset 1973, p. 202.
- ↑ Dédéyan 2007, p. 190.
- ↑ Settipani 2006, p. 313-316.
- ↑ Dédéyan 2007, p. 191.
Bibliografia
editar- Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Հմայեակ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã
- Dédéyan, Gérard (2007). Histoire du peuple arménien. Tolosa: Privat. ISBN 978-2-7089-6874-5
- Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard
- Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot
- Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt
- Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências
- Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8
- Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press
- Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila