Maine de Biran
Marie-François-Pierre Gonthier de Biran, (Bergerac, 29 de novembro de 1766 - Paris, 20 de julho de 1824) mais conhecido como Maine de Biran, foi um filósofo, matemático e psicólogo francês. Famoso por ter inaugurado a corrente chamada espiritualismo francês, desenvolvida após ele ter rompido com a sociedade dos ideólogos. Influenciou diretamente nomes como Henri Bergson, Maurice Merleau-Ponty e Michel Henry.[1]
Maine de Biran | |
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Nascimento | Marie-François-Pierre Gonthier de Biran 29 de novembro de 1766 Bergerac |
Morte | 20 de julho de 1824 (57 anos) Paris |
Cidadania | França |
Alma mater | |
Ocupação | político, psicólogo, filósofo, diarista, escritor, matemático |
Distinções |
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Religião | Igreja Católica |
Biografia
editarFilho de um médico, militou no corpo da guarda de Luís XVI. Em 1792 foi para sua propriedade em Bergerac, onde escapou da perseguição do período do Terror (1793/94), durante a Revolução Francesa. Em 1795, administrou o Departamento de Dordogne e, em 1797, tornou-se membro do Conselho dos Quinhentos, criado dois anos antes. Foi subprefeito de Bergerac sob o Primeiro Império (1804/14). Em 1811, como membro do corpo legislativo, manifesta publicamente sua oposição a Napoleão. Em 1815, torna-se membro da Câmara dos Deputados. No ano seguinte, foi conselheiro de Estado e, em 1818, tornou-se deputado até sua morte.
Seu trabalho filosófico foi realizado na forma de memórias, reflexões e diários. Através da meditação introspectiva dos seus próprios estados físicos e psíquicos, chegou a concepção de que a consciência, entendida como uma substância independente, existe somente como esforço oposto à resistência do objeto externo. Na resistência é que se daria a consciência do "eu", resultado final da introspecção que iria além dos múltiplos estados, nos quais os sensualistas (como Condillac), dissolviam a subjetividade. Maine de Biran estabelece ainda uma distinção fundamental entre a impressão passiva (provocada pelo exterior) e a ativa (resultante da atividade interna do sujeito).
Seus esforços foram para constituir o que seria uma antropologia filosófica: a distinção entre vida animal, vida humana e vida espiritual. Seu pensamento manifestou uma evolução, através de etapas que podem ser caracterizadas como verdadeiras conversões ao platonismo e ao cristianismo.
Maine de Biran foi o iniciador da reação espiritualista que marcou a filosofia francesa no começo do século XIX. Sua vida, seus desenganos, sucessos e suas posições filosóficas estão presentes em Diário íntimo, considerada uma de suas melhores obras, e cuja edição definitiva somente apareceu em 1927, ou seja, mais de um século após sua morte.
Bibliografia
editar- Escritos juvenis
- Influência do hábito na capacidade de pensar (1802)
- Tese sobre a decomposição do pensamento (1805)
- Apercepção imediata
- Discurso para a Bergerac Medical Society
- Relações entre o físico e a moral do homem (1919)
- Ensaio sobre os fundamentos da psicologia
- Relação das ciências naturais com a psicologia
- Novas considerações sobre a relação entre o físico e a moral do homem
- Filosofia mais recente
- Moralidade e religião
- Existência e antropologia
- Comentários
- Comentários sobre as filosofias do século XVII
- Comentários sobre as filosofias do século XVIII
- Comentários sobre as filosofias do século XIX
- O homem público
- Na época dos “governos ilegítimos” (1789-1814)
- Na época da "legitimidade" (1815-1824)
- Correspondência filosófica
Bibliografia Secundária
editar- Michel Henry : Filosofia e fenomenologia do corpo: ensaio sobre a ontologia biraniana. Escrito de 1945, publicado em francês em 1965. Trad. Luiz Paulo Rounet. São Paulo, 2012.
- Gerhard Funke : Maine de Biran. Pensamento filosófico e político entre o ancien régime e a realeza burguesa na França , H. Bouvier, Bonn 1947.
- Bruce Bégout : Maine de Biran. La Vérité intérieure (Choix de textes et commentaires) , Éditions Payot, Paris 1995.
- Gabriel Tarde : Maine de Biran e o evolucionismo em psicologia, Paris, Sanofi-Synthélabo Publishing Institute, 2000.
Referências
- ↑ John Alexander Gunn. Modern French philosophy : A study of the development since Comte (em inglês). [S.l.: s.n.], chap. 1 de Modern French philosophy : A study of the development since Comte.
- ↑ Ampère fazia parte do círculo que se reunia em Cabanis, em Auteuil, e que incluía: de Biran, Cabanis , Ampère, Royer-Collard, Guizot e Primo.