Manuel José Martins Capela
Manuel José Martins Capela (1842-1925) (OSE) foi padre, professor, latinista e tradutor, divulgador do Neotomismo, jornalista e arqueólogo português.
Manuel José Martins Capela | |
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Presbítero da Igreja Católica | |
Estátua do Padre Capela em Carvalheira | |
Atividade eclesiástica | |
Diocese | Braga |
Serviço pastoral | Carvalheira |
Ordenação e nomeação | |
Ordenação presbiteral | 26 de março de 1866 Braga por D. José de Moura |
Dados pessoais | |
Nascimento | Carvalheira, Terras de Bouro 28 de outubro de 1842 |
Morte | Carvalheira 6 de março de 1925 (82 anos) |
Nacionalidade | português |
Progenitores | Mãe: Maria Custódia Rodrigues Salgado e Carneiro Pai: António Joaquim Martins Capela |
Funções exercidas | Padre, Professor |
Assinatura | |
Sepultado | Igreja de Carvalheira |
Categoria:Igreja Católica Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo |
Biografia
editarNasceu em 1842, na freguesia de Carvalheira, Terras de Bouro.[1] Já aos 9 anos, estudava latim com o seu tio-avô que era padre,[2] em 1859 concluí o curso do Liceu e começa o curso Teológico. Com apenas 20 anos termina o seu curso e como não tinha idade para a Ordenação Sacerdotal, passou 4 anos a ajudar o padre de Carvalheira. Ordenou-se sacerdote em 26 de Março de 1866. Entre 1867 e 1869 foi escrivão do juízo de paz em Cibões.[3] E em 3 de Setembro de 1870 torna-se presbítero encomendado (não colocado) na sua aldeia e depois em Cabeceiras de Bastos, para voltar como pároco na sua terra até fim de 1879.[4][3]
A partir de 1880, dedicou-se ao magistério, sendo professor de Filosofia, História, Ciências, Física e Química no Colégio da Formiga em Ermesinde (1880-1884), no Colégio do Espírito Santo em Braga (1884-1888), no liceu de Viana do Castelo (1888-1896), no liceu de Braga (1896-1904) e enfim no Seminário Conciliar de Braga (1896-1910 e 1912 ). Neste último estabelecimento, como professor de filosofia introduziu a disciplina de filosofia Neotomista. [1] Na pedagogia, depois de viajar e observar seminários e institutos religiosos em França, Itália e Espanha, com o objetivo de comparar o sistema de ensino, defendeu as "sabatinas", isto é, exercícios escolares que permitissem instigar o estudo e o espírito dos alunos e dinamizou academias, conferências escolares e atividades de carácter intelectual.[1] O padre Capela, também desempenhou um papel relevante em instituições da Igreja Católica. Em Viana, esteve associado à fundação da Conferência de São Vicente de Paulo, comissário da Ordem Terceira do Carmo, foi o principal fundador (1892) da Congregação Escolar de S. Luís Gonzaga,[5] e foi finalmente sócio honorário da Associação Católica de Braga. [1]
Sendo conservador, tradicionalista e monárquico, foi entre 1903 e 1910, um dos principais dirigentes do Partido Nacionalista em Braga com o objetivo de dar uma representatividade política aos católicos, mas de pressa ficou desiludido com as politiquices e as lutas internas para satisfazer ambições pessoais.[6] Com a revolução em 1910, o seminário fechado e transformado em caserna, o padre Capela retirou-se para a sua aldeia, onde acabou as obras do monumento ao Coração de Jesus das Mós iniciadas por ele em 1902[3], e redigiu a monografia sobre a Igreja dos Remédios de Braga. Foi novamente professor no seminário de Braga de janeiro de 1912 até novembro do mesmo ano, altura em que demitiu-se por motivos de saúde. Faleceu a 3 de novembro de 1925, com 82 anos, em Carvalheira, na casa paterna a “casa de Silvestre”. O seu túmulo encontra-se na igreja de Carvalheira.[carece de fontes]
O arqueólogo
editarNascido perto da Via Nova, e latinista desde pequeno, interessou-se muito cedo aos miliários e a epigrafia latina. Dedicou-se primeiro a conservação dessa via romana,[2] mas a sua viagem a Roma em 1877 aumentou e alargou o seu interesse pela história e arqueologia.[8] Depois aproveitou as suas diferentes colocações em estabelecimentos de ensino para percorrer as diversas vias romanas e ao fim de 20 anos de trabalho publicou a sua obra principal "Miliários do Conventus Bracaraugustanus em Portugal (1895)" com o precioso levantamento dos miliários do Norte de Portugal, alguns tendo entretanto já desaparecidos.
“ | ... recordamos o importante trabalho de campo efetuado pelo Padre Martins Capela nos finais do século XIX, ainda hoje de consulta obrigatória para quem queira estudar as vias romanas da Calécia bracarense | ” |
— Os miliários como fontes históricas e arqueológicas, Vasco Gil Mantas,[9].
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Também como arqueólogo e historiador exerceu vários cargos, como colaborador científico de Francisco Martins Sarmento (1882-1890); sócio-correspondente da Real Associação dos Arquitetos Civis e Arqueólogos (1892), da qual foi presidente da delegação bracarense (1906-1909); sócio-correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa (1896), do Instituto de Coimbra (1896) e da Real Academia de História de Madrid (1898) e da Academia de Berlim.[1]
livros publicados
editar- “A Roma!”, Guimarães, 1880
- Opportunidade da Philosophia Thomista em Portugal, Viana , 1892
- Noção Summaríssima dos Princípios d'Ética — Additamento aos “Elementos de Philosophia” do Dr. Sinibaldi, Viana, 1893
- Milliarios do Conventus de Bracaraugustanus, Porto, 1895.
- De Sapientia, Porto, 1898.
- “A Roma! Vinte e três annos depois”, Braga, 1909.
Publicou uma revista quinzenal de março a junho de 1888 “O Escholio”, vários artigos em A Palavra - Correio Nacional - A Ordem - O Progresso Católico - A Restauração - Voz da Verdade - Semana Religiosa Bracarense - Ilustração Católica …, colaborou com Pinho Leal na redação do Portugal Antigo e Moderno entre 1870 e 1879, no entanto as suas traduções de Tertuliano, Santo Isidoro de Sevilha e São Nilo demoram inéditas.[5]
Homenagens
editar- Em 1903, foi nomeado Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada do Mérito Científico, Literário e Artístico, e em 1908, foi nomeado membro da Comissão de Salvaguarda dos Monumentos da Cidade de Braga, pela sua dedicação àquela área.[1]
- O largo frente a igreja de Carvalheira tem o seu nome e a sua estátua.
- Em 1992 a Câmara Municipal de Terras de Bouro publicou o livro “Padre Martins Capela Escritos dispersos” comemorando os 150 anos do aniversário de Martins Capela com textos escritos por ele.
- Um outro livro foi lançado em 2013 com o nome “Senhor Jesus do Monte das Mós” para o 1º centenário da Inauguração do Monumento também lançado pela Câmara Municipal de Terras de Bouro.
Referências
- ↑ a b c d e f Porto Editora (ed.). «Martins Capela na Infopédia». Consultado em 3 de março de 2023
- ↑ a b Martins Capela, Manuel José (1895). Milliarios do Conventus de Bracaraugustanus. Porto: [s.n.]
- ↑ a b c Martins Capela (1992). Câmara Municipal de Terras de Bouro, ed. Padre Martins Capela Escritos dispersos (PDF). [S.l.: s.n.]
- ↑ Arquivo Distrital de Braga (ed.). «Paróquia de Carvalheira». Consultado em 5 de março de 2023
- ↑ a b Carvalho da Silva, Amaro. «O Bom Jesus do Monte das Mós: Martins Capela e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus» (PDF). Lusitânia Sacra, 2º série, 8/9 (1996-1997)
- ↑ Carvalho da Silva, Amaro. «Martins Capela e a Igreja católica na transição entre a monarquia constitucional e a república». Consultado em 4 de março de 2023
- ↑ SIPA, Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, Direção-Geral do Património Cultural (ed.). «Marcos Miliários no Concelho de Braga (série Capela)». Consultado em 6 de março de 2023
- ↑ Capela, José Viriato. Universidade do Minho, ed. «Vida e obra de Martins Capella (Breve discurso a propósito da comemoração do centenário da 1ª edição dos Milliários». Cadernos de Arqueologia série II, 12-13, 1995-96, pp.17-24
- ↑ Mantas, Vasco Gil (2012). Imprensa da Universidade de Coimbra, ed. «Os miliários como fontes históricas e arqueológicas». Revista Humanistas, Vol LXIV. p. 141