Oliveira Lima
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Manuel de Oliveira Lima (Recife, 25 de dezembro de 1867 – Washington, 24 de março de 1928) foi um escritor, crítico literário, diplomata, historiador e jornalista brasileiro. Representou o Brasil em diversos países e foi professor-visitante na Universidade Harvard.[1] Membro-fundador da Academia Brasileira de Letras.[2]
Oliveira Lima | |
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Retrato de Oliveira Lima.
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Nome completo | Manoel de Oliveira Lima |
Nascimento | 25 de dezembro de 1867 Recife |
Morte | 24 de março de 1928 (60 anos) Washington |
Nacionalidade | brasileiro |
Educação | Curso Superior de Letras de Lisboa |
Ocupação | |
Principais trabalhos |
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Apaixonado por livros, colecionou-os ao longo de sua vida e montou o terceiro maior acervo sobre o Brasil, perdendo somente para a Biblioteca Nacional do Brasil e para a biblioteca da Universidade de São Paulo. A Biblioteca Oliveira Lima[3], situada na Universidade Católica da América em Washington, Estados Unidos, tem 58 mil livros além de correspondência trocada com intelectuais, mais de seiscentos quadros e incontáveis álbuns de recortes com notícias de jornais. Faz parte da coleção ainda um dos três bustos de dom Pedro I esculpido por Marc Ferrez (tio do fotógrafo homônimo), o único dos três feito em bronze.
Biografia
editarOliveira Lima começou a atuar como jornalista com catorze anos de idade no Correio do Brazil, jornal fundado por ele em Lisboa. Formou-se no Curso Superior de Letras de Lisboa, que mais tarde se transformaria na Faculdade de Letras de Lisboa, em 1887, e em 1890 começou a trabalhar para o Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Atuou como diplomata em Portugal, Bélgica, Alemanha, Japão, Venezuela, Inglaterra e Estados Unidos. Foi encarregado de negócios da primeira missão diplomática brasileira no Japão. Em 1901 deu parecer contrário ao projeto brasileiro de recebimento de imigrantes japoneses.
Chegou a ser falado para a embaixada brasileira em Londres mas o Senado não aprovou sua indicação. Oliveira Lima era mal-visto pelo governo britânico por defender o ideal de que o Brasil permanecesse neutro na Primeira Guerra Mundial e por sua proximidade intelectual com a Alemanha. Também fez inimigos dentro do país, em parte por não aprovar a atitude expansionista da República em situações como a anexação do Acre realizada pelo Barão do Rio Branco.
Oliveira Lima sempre gostou de ler e escrever. Parte de sua fama de germanófilo vem dos elogios que dedicou a obras de filosofia alemãs quando era crítico literário. Foi autor do terceiro livro brasileiro sobre o Japão, publicado em 1903. A biografia que escreveu sobre o rei D. João VI é tida como uma das principais obras sobre essa figura histórica. Também foi amigo de escritores, sendo que era íntimo de Gilberto Freyre[4] e trocara cartas com Machado de Assis.
Em 1916, Oliveira Lima doou sua descomunal biblioteca à Universidade Católica da América, em Washington, e para lá se mudou em 1920[5]. Impôs a condição de que ele próprio fosse o primeiro bibliotecário e organizador do acervo, função que desempenhou até sua morte, quando foi sucedido pela esposa Flora de Oliveira Lima. Em 1924 tornou-se professor de Direito Internacional na Universidade Católica da América. No mesmo ano foi apontado professor honorário da Faculdade de Direito do Recife. Morreu em 1928 e foi enterrado no cemitério Mont Olivet, Washington. Em sua lápide não consta seu nome, mas a frase "Aqui jaz um amigo dos livros".
Legado
editarO diplomata, escritor e crítico Oliveira Lima publicou numerosas obras de história, entre elas: Memória sobre o descobrimento do Brasil, História do reconhecimento do Império, No Japão, Secretário Del-Rei, Dom João VI no Brasil. Sobre esta última obra de história que Oliveira Lima publicou é importante destacar sua importância para o rearranjo da historiografia brasileira, pois ela é considerada como sendo um clássico da historiografia nacional. A ilustre obra “Dom João VI no Brasil” é considerada como sendo uma das grandes obras do autor. Essa avaliação é feita por muitos estudiosos e autores relacionados a questões significativas sobre o Brasil.
Alguns autores e escritores como Gilberto Freyre, Otávio Tarquínio de Sousa e Wilson Martins já tiveram a oportunidade de escrever sobre os relatos de Oliveira Lima contidos nesta obra de grande prestígio para a historiografia brasileira. Nesta há fatos importantíssimos sobre a situação internacional de Portugal em 1808, a chegada da corte no Brasil, a formação do primeiro ministério e as primeiras providências, a respeito da emancipação intelectual, sobre sua vida privada e outros tópicos debatidos ao longo da obra.
Academia Pernambucana de Letras
editarOliveira Lima ocupou a cadeira 11 da Academia Pernambucana de Letras, tendo sido, após sua morte, lembrado como patrono da cadeira 31, na expansão de vagas desta Academia.
Academia Brasileira de Letras
editarEm 1897, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, como fundador da cadeira 39, que tem por patrono Francisco Adolfo de Varnhagen.
Obras
editar- 1895 - Pernambuco: seu desenvolvimento histórico
- 1896 - Aspectos da literatura colonial brasileira
- 1901 - Historia diplomatica do Brazil: o reconhecimento do imperio
- 1907 - Pan-americanismo: Monroe, Bolivar, Roosevelt, 1907
- 1908 - Dom João VI no Brasil, 1808-1821
- 1909 - A Língua portuguesa, A Literatura brasileira (Título original: La Langue portugaise, La Littérature brésilienne)
- 1909 - Machado de Assis e sua obra literária (Título original: Machado de Assis et son oeuvre littéraire)
- 1913 - As Relações do Brasil com os Estados Unidos (Título original: The Relations of Brazil with the United States)
- 1914 - A Evolução do Brasil comparada com a América Hispânica e Anglo-Saxã (Título original: The Evolution of Brasil compared with that of Spanish and Anglo-Saxon America)
- 1922 - O Movimento da Independência, 1821-1822
- 1927 - O Império Brazileiro, 1822-1889
- 1923 - Aspectos da história e da cultura do Brasil: conferências inaugurais por M. de Oliveira Lima precedidas do discurso de apresentação por J. M. de Queiroz Velloso
- 1971 - Obra seleta (póstuma)
Referências
- ↑ Henrich, Nathalia (2021). O antiamericano que não foi: os Estados Unidos na obra de Oliveira Lima. Porto Alegre: EDIPUCRS. ISBN 978-65-5623-176-1
- ↑ Vellozo 2012, p. 25.
- ↑ Henrich, Nathalia (26 de setembro de 2018). «Oliveira Lima and the Oliveira Lima Library at the Catholic University of America». Oxford Research Encyclopedia of Latin American History (em inglês). doi:10.1093/acrefore/9780199366439.013.648. Consultado em 17 de maio de 2023
- ↑ Henrich, Nathalia (2020). Sobre mestres e discípulos: as trajetórias entrecruzadas de Gilberto Freyre e Oliveira Lima (PDF). Recife: Masangana
- ↑ Henrich, Nathalia (26 de setembro de 2018). «Oliveira Lima and the Oliveira Lima Library at the Catholic University of America». Oxford Research Encyclopedia of Latin American History (em inglês). doi:10.1093/acrefore/9780199366439.013.648. Consultado em 17 de maio de 2023
Bibliografia
editar- Suzuki Jr., Matinas (2008). «Rompendo silêncio». Cópia arquivada em 19 de agosto de 2017
- Vellozo, Julio César de Oliveira (2012). Um Dom Quixote gordo no deserto do esquecimento - Oliveira Lima e a construção de uma narrativa da nacionalidade (Dissertação de Mestrado). São Paulo: Universidade de São Paulo.
Ligações externas
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Precedido por Francisco Adolfo de Varnhagen (patrono) |
ABL - fundador da cadeira 39 1897 — 1928 |
Sucedido por Alberto de Faria |