Margarida I da Borgonha

política francesa

Margarida de França (em francês: Marguerite; Paris, 1309/1310Flandres, 9 de maio de 1382)[1][2] foi uma princesa da França por nascimento. Ela foi suo jure condessa da Borgonha e Artésia, além de condessa consorte de Flandres, Nevers e Rethel como esposa de Luís I. Foi regente de Flandres durante menoridade do filho, Luís II.

Margarida
Margarida I da Borgonha
Ilustração de Jacques Le Boucq, datando do século XVII, hoje em Arras.
Condessa de Borgonha e Artésia
Reinado 21 de novembro de 13619 de maio de 1382
Antecessor(a) Filipe I, Duque da Borgonha
Sucessor(a) Luís II de Flandres
Condessa Consorte de Flandres, Nevers e Rethel
Reinado 17 de novembro de 132225 de agosto de 1346
Predecessor(a) Isabel de Luxemburgo
Sucessor(a) Margarida de Brabante
Nascimento 1309 ou 1310
  Paris, Reino da França
Morte 9 de maio de 1382 (72 anos) ou 73 anos
  Flandres, Condado da Flandres
Sepultado em Basílica de Saint-Denis, Paris
Cônjuge Luís I de Flandres
Descendência Luís II de Flandres
Casa Capeto
Dampierre (por casamento)
Pai Filipe V de França
Mãe Joana II, condessa da Borgonha

Família

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Margarida foi a segunda filha nascida de Filipe, Conde de Poitiers (futuro rei Filipe V de França) e de Joana II, condessa da Borgonha.

Os seus avós paternos eram Filipe IV de França e Joana I de Navarra. Os seus avós maternos eram Otão IV, Conde da Borgonha e Matilde de Artésia.

Ela teve uma irmã mais velha, Joana III, Condessa da Borgonha, esposa de Eudo IV, Duque da Borgonha, e três irmãos mais novos: Isabel, cujo primeiro marido foi Guigues VIII, Delfim de Viennois, e o segundo foi João III, Senhor de Faucogney; Branca, que foi uma freira da Ordem de Santa Clara, em Longchamps, e Filipe, que morreu quando era bebê.

Biografia

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O contrato de casamento entre Margarida e Luís, filho de Luís I, Conde de Nevers e de Joana, Condessa de Rethel, foi assinado em 21 de junho de 1320,[1] quando a noiva tinha cerca de 10 ou 11 anos, e o noivo cerca de 16. O casamento ocorreu no mês seguinte, em 22 de julho. [1]

Luís ficou dependente do pai dela, que tinha ascendido ao trono francês em 1316, para suprimir a rebelião de Nicolaas Zannekin, durante a Revolta de Karls. Contudo, Filipe V morreu em 1322, e foi sucedido pelo irmão, Carlos IV.

Margarida perdeu o marido em 25 de agosto de 1346, durante a Batalha de Crécy. Eles tiveram apenas um filho, Luís II, que era menor de idade quando o pai morreu, por isso, Margarida agiu como sua regente no início de seu reinado.

Em 1357, a neta de Margarida, Margarida III da Flandres, casou-se com o primo Filipe I, Duque da Borgonha,[3] neto e herdeiro da irmã mais velha de Margarida, Joana III, que era a sucessora da mãe delas, Joana II. No entanto, como o casal não teve filhos, Margarida sucedeu aos títulos de condessa da Borgonha e Artésia, após a morte de Filipe, em 1361.

Em 1369, Margarida III casou-se com o duque Filipe II da Borgonha,[3] também conhecido como "Filipe, o Audaz", o filho mais novo do rei João II de França e de Bona de Luxemburgo. Segundo François Pierre Guillaume Guizot, embora a condessa Margarida favorecesse o casamento da neta com Filipe II, o pai dela, Luís II, e a comunas flamengas preferiam a Inglaterra à França, e, por isso, não estavam dispostos a organizar o casamento. Alguns anos antes, em 1364, ela tinha sido noiva de Edmundo de Langley, o duque de Iorque, filho do rei Eduardo III de Inglaterra.

Supostamente, Margarida, aborrecida pela má vontade do filho, disse um dia para ele, conforme rasgava o seu vestido perante os olhos dele:[4]

"Já que você não fará a vontade de sua mãe, eu rasgarei esses seios que lhe amamentaram, você e apenas você, e os jogarei para os cachorros devorarem."

Após esse episódio, o conde concordou com a união.

 
Tumbas de Margarida e Carlos de Évreux em Saint-Denis.

Nos últimos anos de vida da condessa, houve agitação e rebelião no litoral dos Países Baixos; uma revolta em Gante foi suprimida por Luís II e Filipe II. No entanto, após a Batalha de Beverhoutsveld, o filho dela foi expulso de Flandres pelo povo liderado por Filipe van Artevelde. Um exército francês e o duque da Borgonha vieram ao regaste, e, assim, os revoltosos foram derrotados, definitivamente, na Batalha de Roosebeke, em 27 de novembro de 1382,[5] alguns meses após a morte de Margarida. Entretanto, os cidadãos de Gante continuaram a resistir graças à ajuda inglesa, e a responsabilidade de subjugar a cidade recaiu sobre Margarida III e seu marido.

A condessa faleceu no dia 9 de maio de 1382, quando tinha por volta de 72 ou 73 anos, e foi sepultada na Basílica de Saint-Denis, em Paris.[6] Após a morte da princesa, a prima dela, Branca de França, Duquesa de Orleães se tornou o último membro direito da Casa de Capeto. Os condados de Margarida foram herdados pelo filho, que morreu em 1384. Portanto, todas as posses da condessa, junto a Flandres e o resto da herança de Luís, passaram direto para Margarida III.

Ascendência

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Referências

  1. a b c «FRANCE, CAPETIAN KINGS». Foundation for Medieval Genealogy. Consultado em 12 de Novembro de 2024 
  2. «Marguerite (Capet) de France (1310 - 1382)». Wiki Tree. Consultado em 12 de Novembro de 2024 
  3. a b «FLANDERS COUNTS». Foundation for Medieval Genealogy. Consultado em 12 de Novembro de 2024 
  4. Guizot, Francois Pierre Guillaume (2004). «CHAPTER XXIII.——THEHUNDRED YEARS' WAR— CHARLES VI. AND THE DUKES OF BURGUNDY.». CHAPTER XXIII.——THE HUNDRED YEARS’ WAR— CHARLES VI. AND THE DUKES OF BURGUNDY. [S.l.: s.n.] 
  5. «Warfare in France and Flanders, 1381 to 1386, according to Buonaccorso Pitti». Web Archive. Consultado em 12 de Novembro de 2024 
  6. «Marguerite de Flandre». Find a Grave. Consultado em 12 de Novembro de 2024