Maria Josefa da Saxônia, Delfina da França
Maria Josefa Carolina Leonor Francisca Xaviera (em alemão: Maria Josepha Karolina Eleonore Franziska Xaveria; Dresden, 4 de novembro de 1731 – Versalhes, 13 de março de 1767) foi uma princesa da Saxônia e Delfina da França.
Maria Josefa da Saxônia | |
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Delfina da França | |
Retrato por Jean-Marc Nattier, 1751 | |
Nascimento | 4 de novembro de 1731 |
Castelo de Dresden, Dresden, Eleitorado da Saxônia, Sacro Império Romano-Germânico | |
Morte | 13 de março de 1767 (35 anos) |
Palácio de Versalhes, Versalhes, França | |
Sepultado em | Catedral de Saint-Étienne, Sens, França |
Nome completo | |
Maria Josepha Karolina Eleonore Franziska Xaveria | |
Marido | Luís, Delfim da França |
Descendência | Maria Zeferina de França Luís, Duque da Borgonha Xavier, Duque da Aquitânia Luís XVI de França Luís XVIII de França Carlos X de França Maria Clotilde de França Isabel de França |
Casa | Wettin (por nascimento) Bourbon (por casamento) |
Pai | Augusto III da Polônia |
Mãe | Maria Josefa da Áustria |
Religião | Catolicismo |
Assinatura | |
Brasão |
Primeiros anos
editarMaria Josefa nasceu em 4 de novembro de 1731 no Castelo de Dresden, era a filha do rei Augusto III da Polônia e da arquiduquesa Maria Josefa da Áustria, filha do imperador romano-germânico José I. A sua mãe era prima direita da imperatriz Maria Teresa da Áustria. Tinha mais catorze irmãos, entre eles o príncipe Frederico Cristiano, Eleitor da Saxônia, a princesa Maria Ana da Saxônia, esposa do seu primo, o príncipe Maximiliano III José, Eleitor da Baviera, e a princesa Maria Cunegundes da Saxônia, que quase se casou com Luís Filipe II, Duque d'Orleães. Maria Josefa cresceu na corte de Dresden e recebeu formação em francês, dança e pintura.
Casamento
editarO delfim Luís, filho mais velho do rei Luís XV de França, ficou viúvo em 1746, quando a sua esposa, a infanta espanhola, Maria Teresa Rafaela, morreu ao dar à luz a única filha do casal que recebeu o nome da mãe. O rei Fernando VI da Espanha, meio-irmão de Maria Teresa Rafaela, ofereceu outra princesa espanhola ao delfim, Maria Antónia. No entanto, a amante do rei, Madame de Pompadour, queria abrir mais canais diplomáticos.
O casamento entre Maria Josefa e o delfim foi sugerido pela primeira vez pelo tio da jovem, o príncipe Maurício da Saxônia. Luís XV e a sua amante estavam convencidos de que a união seria vantajosa para a política estrangeira de França. A França e a Saxônia tinham estado em lados opostos durante a Guerra de Sucessão Austríaca e, por isso, o casamento entre uma princesa da Saxônia e o delfim de França seria uma forma de criar uma nova aliança entre as duas nações. Havia apenas uma problema com a noiva: o avô de Maria Josefa, Augusto II da Polônia, tinha deposto Estanislau I Leszczyński do trono da Polônia. Estanislau I Leszczyński era pai de Maria Leszczyńska, esposa de Luís XV e mãe do delfim. Corria o rumor de que o casamento era uma humilhação para a modesta rainha, apesar de, mais tarde, as duas se entenderem bem.
Havia a tradição de, no dia do casamento, a noiva usar uma pulseira com o retrato do pai. Quando a rainha se encontrou com Maria, pediu para ver a pulseira. A espirituosa Maria Josefa revelou então a sua pulseira à futura sogra, mostrando que o retrato era do pai da rainha. A princesa afirmou que o retrato representava o facto de o duque de Lorena ser seu avô por casamento. A rainha e a corte ficaram muito impressionados com a sensibilidade da jovem de quinze anos. Maria era também muito chegada ao seu sogro, o rei Luís XV.
Delfina da França
editarQuando se casou, o delfim ainda estava de luto pela sua esposa espanhola. Mostrava visivelmente a sua dor em público, mas Maria Josefa era elogiada por ter conquistado "aos poucos" o coração do seu marido. Apesar de ser uma esposa paciente, a dor do delfim aumentou em abril de 1748, quando a sua única filha com a primeira esposa morreu com um ano de idade. O delfim ficou profundamente afetado com a morte da criança. Mais tarde, Maria Josefa comissionou um retrato da sua enteada falecida para ser colocado sobre o seu berço. O retrato está desaparecido.[1]
Tal como o marido, Maria Josefa era muito devota. Juntamente com a sua sogra, criou um contraponto para o comportamento libertino do seu sogro na corte. O casal não gostava dos vários entretenimentos que se realizavam em Versalhes todas as semanas e preferia ficar nos seus aposentos.
A primeira criança do casal foi uma filha nascida em 1750 no dia de São Zeferino, tendo por isso recebido o nome de Maria Zeferina. O nascimento foi recebido com muita alegria pelos pais, apesar de Luís XV ter ficado desagradado com o facto de não se tratar do esperado varão. No entanto, a bebé morreu pouco depois, em 1755.[2] O segundo filho do casal, Luís, nasceu a 15 de setembro de 1751.
O casal real deu tanta atenção ao primeiro filho varão que os restantes acabariam por ser negligenciados. Tragicamente, este acabaria por morrer a 22 de março de 1761 depois de cair de um cavalo de brincar. Começou a mancar e surgiu um tumor na sua anca. Este foi operado, mas a criança nunca mais conseguiu voltar a andar. O terceiro filho do casal, Xavier, nasceu 1753 e morreu um ano depois. Assim, o seu quarto filho, Luís Augusto, nascido em 1754, subiu para a segunda posição na linha de sucessão do trono francês, logo a seguir ao pai.
Graças à relação próxima de Maria Josefa com o rei, a relação entre pai e filha foi restabelecida. O delfim ocupava uma posição central no Dévots, um grupo de homens religiosos que esperava ganhar poder quando ele subisse ao trono. Estavam contra a forma como Luís XV tinha casos amorosos abertamente na corte, mesmo com o conhecimento da rainha. Naturalmente, o rei Luís XV não nutria afeição pelo grupo.
O seu sogro deu-lhe a alcunha de la triste Pepe. Em 1756, o rei Frederico II da Prússia invadiu a sua Saxônia natal, o que levou ao rebentar da Guerra dos Sete Anos à qual a França se juntou mais tarde. Reservada a nível política, apenas se pronunciou uma vez, sem sucesso, em 1762, a favor da Companhia de Jesus na França. A companhia foi dissolvida por ordem do parlamento de Paris, inspirados pelos magistrados do jansenismo, contra a vontade do rei.
O Dauphin morreria um ano e meio após o nascimento do último filho, em 1765, de tuberculose. Ela foi muito afetada pela morte dele e até se mudou dos apartamentos que eles dividiam. Não demorou muito para que sua saúde começasse a declinar. Ela morreu em 13 de março de 1767, também de tuberculose.
Títulos, estilos, honras e brasão
editarTítulos e estilos
editar- 4 de novembro de 1731 – 9 de fevereiro de 1747: Sua Alteza Real, a Princesa Maria Josefa da Saxônia
- 9 de fevereiro de 1747 – 20 de dezembro de 1765: Sua Alteza Real, o Delfina de França
Honras
editarBrasão
editarEsquartelado em 1) e 4 gules com a águia de prata, bicudos, com membros, definhados, amarrados e coroados com ouro em 2) e 3) gules com o cavaleiro de prata adornado com ouro segurando um escudo azul carregado com uma cruz de ouro patriarcal; no geral, fascinado com areia e ouro no crancelin vert, com faixas.[3]
Descendência
editarNascimento | Morte | ||
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1 | Filho natimorto | 30 de janeiro de 1748 | |
2 | Filho natimorto | 10 de maio de 1749 | |
3 | Maria Zeferina | 26 de agosto de 1750 | 2 de setembro de 1755 |
4 | Luís, Duque da Borgonha | 13 de setembro de 1751 | 22 de março de 1761 |
5 | Filha natimorta | 9 de março de 1752 | |
6 | Xavier, Duque da Aquitânia | 8 de setembro de 1753 | 22 de fevereiro de 1754 |
7 | Luís XVI de França | 23 de agosto de 1754 | 21 de janeiro de 1793 |
8 | Luís XVIII de França | 17 de novembro de 1755 | 16 de setembro de 1824 |
9 | Filho natimorto | 1756 | |
10 | Carlos X de França | 9 de outubro de 1757 | 6 de novembro de 1836 |
11 | Maria Clotilde | 23 de setembro de 1759 | 7 de março de 1802 |
12 | Filho natimorto | 1762 | |
13 | Isabel | 3 de maio de 1764 | 10 de maio de 1794 |
Ancestrais
editarReferências
- ↑ MARIE-THÉRÈSE, FILLE AÎNÉE DU DAUPHIN LOUIS-FERDINAND
- ↑ Spawfourth. Tony, Versailles, Nova Iorque, 2008, p.200-1
- ↑ généalogie magazine n° 307 page 30
- ↑ Genealogie ascendante jusqu'au quatrieme degre inclusivement de tous les Rois et Princes de maisons souveraines de l'Europe actuellement vivans [Genealogy up to the fourth degree inclusive of all the Kings and Princes of sovereign houses of Europe currently living] (em francês). Bourdeaux: Frederic Guillaume Birnstiel. 1768. p. 100.
Ver também
editar
Maria Josefa da Saxônia Casa de Wettin 4 de novembro de 1731 – 13 de março de 1767 | ||
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Precedida por Maria Teresa Rafaela da Espanha |
Delfina da França 9 de fevereiro de 1747 – 20 de dezembro de 1765 |
Sucedida por Maria Antonieta da Áustria |