Marieta de Moraes Ferreira
Marieta de Moraes Ferreira (Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1948) é uma historiadora e professora brasileira, especialista na área de História do Brasil República, com ênfase em temas, como: Teoria da história, Historiografia, História Oral, Memória e História política.
Marieta de Moraes Ferreira | |
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Nascimento | 15 de outubro de 1948 (76 anos) Rio de Janeiro, Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Ocupação | Historiadora Professora |
Principais interesses | |
Instituições |
No Brasil, vem se destacando como uma das principais referências a respeito da História do tempo presente e da História Oral, desenvolvendo não apenas trabalhos aplicados nestes campos, mas também reflexões teórico-metodológicas.[1] Destacam-se, nesse sentido, dois trabalhos específicos na área de História Oral, voltados a realização de entrevistas.[2] Um deles com membros do Partido dos Trabalhadores e outro voltado ao estudo da estruturação dos cursos de graduação em História no Rio de Janeiro. Nos últimos anos, tem voltado suas análises também para o âmbito do Ensino de História e da História da Educação com ênfase no campo da teoria e da história do ensino superior no Brasil.[3]
Participou como palestrante convidada em diversos eventos internacionais, entre eles na Universidade de Sorbone,[4] Instituto de Altos Estudos da América Latina na França,[5] e na Maison des Sciences de l'Homme Alpes (MSH-Alpes).[6]
Carreira
editarFormada em História pela Universidade Federal Fluminense, defendeu seu doutorado na mesma instituição (1991), na área de história política do Rio de Janeiro.[7]
É professora titular de História do Brasil no Instituto de História da UFRJ, coordenadora nacional do Mestrado Profissional em Ensino de História, estando também associada a Fundação Getúlio Vargas, onde ocupou diversos cargos.[8] Nessa última instituição, ocupou também cargo de professora e diretora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC).[9] Foi presidente da Associação Internacional de História Oral (IOHA)[10] e da Associação Brasileira de História Oral.
Obra
editarEntre suas principais obras em história oral e história do tempo presente, Usos e Abusos da História Oral[11] e História do Tempo Presente,[12] tiveram grande impacto no cenário brasileiro por reunirem e sintetizarem algumas das principais abordagens no país.
No livro Usos e abusos da história oral (2005), Marieta Ferreira traz uma reflexão teórica e metodológica sobre aspectos polêmicos da história oral, afirmando que um dos principais pontos de disputas e divergências na área é a própria definição do que seria a história oral. Para a autora, a história oral poderia ser uma técnica de pesquisa, uma disciplina ou uma metodologia.[13] Usos e abusos da história oral foi muito bem recebido na comunidade acadêmica, pois além de tratar de questões específicas à história oral, Marieta de Moraes Ferreira também destaca algumas características sobre o uso dessa metodologia no Brasil, principalmente a partir da criação da Associação Brasileira de História Oral (1994) e da divulgação da história oral em grupos de trabalhos nas Universidades.[14]
Em 2014, Marieta lançou o livro História do Tempo Presente juntamente com a historiadora Lucília de Almeida Delgado, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reunindo quinze novos artigos[15] que buscam problematizar e elucidar o que vem a ser a história do tempo presente enquanto um movimento de renovação historiográfica que fortaleceu a história política e o uso das fontes documentais. Marieta de Moraes Ferreira e Lucília de Almeida Delgado ainda destacam que as memórias sobre os acontecimentos são um ponto fundamental para a construção do conhecimento histórico, e que a principal diferença entre a história do tempo presente e outros campos dos estudos históricos é a aproximação do historiador com os acontecimentos, fazendo com que o historiador atue como juiz, em defesa ou condenação do seu objeto de estudo.[16]
Marieta é reconhecida nacionalmente pelas suas pesquisas sobre a cidade do Rio de Janeiro, principalmente na primeira República[17][18], participando como conferencista de eventos de destaque na área, como o Seminário Internacional Rio de Janeiro, em 2015, [19] e como colaboradora do Vozerio, revista online dedicada a ampliação da discussão e do debate sobre a cidade e o estado do Rio de Janeiro.[20]
Entre as suas publicações na temática da história da cidade do Rio de Janeiro, Marieta de Moraes Ferreira lançou, em 2010, a sua tese de doutorado Em busca da Idade do Ouro: as elites políticas fluminenses na primeira república (1889-1930), que fornece uma análise sobre aspectos políticos[21] e econômicos[22] da região carioca.
Soma-se às produções da autora a organização da obra Rio de Janeiro: uma cidade na história, lançada pela primeira vez em 2000 e reeditada em 2015 sob os auspícios dos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro e os 40 anos como capital do Estado.[23] O livro possui oito capítulos, escritos por autores amplamente reconhecidos, como Américo Freire, Camila Guimarães Dias, Carlos Eduardo B. Sarmento, João Trajano Sento-Sé, José Luciano Dias, Lucia Lippi, Mario Grynszpan e Marly Silva da Motta, além da própria Marieta de Moraes Ferreira. A obra aborda aspectos como a política do Rio na transição para a República, os partidos e eleições na região, a cultura urbana, assim como faz uma análise dos imaginários e identidades locais.[24] Mesclando a movimentação do campo político com uma análise de memórias a esse respeito, a produção traz também um aspecto amplo e nacional à cultura política da cidade. Para isso, enfoca-se o período pós 1989, em que o Rio era o cenário principal de uma dinâmica de “empreendimentos culturais, científicos e políticos do país”. Nesse contexto, os dois principais pontos de análise da produção são a fusão do Rio, quando o Distrito Federal é mudado para a região central e o espaço deixado passa a ser o Estado da Guanabara (1960-1975), além de aspectos usuais e diversificados entre o mundo carioca e fluminense.[23]
Referências
- ↑ MORAES 2017.
- ↑ SANTANA & ALBERTI 2001.
- ↑ DILLMANN & NASCIMENTO 2016, p. 111.
- ↑ ENDERS 2016.
- ↑ IHEAL 2016.
- ↑ PELLEN 2015.
- ↑ DILLMANN & NASCIMENTO 2016.
- ↑ DILLMANN & NASCIMENTO 2016, p. 110-111.
- ↑ SANTANA & ALBERTI 2001, p. 166-168.
- ↑ ALBERTI, FERREIRA & SANTANA 2001.
- ↑ ROVAI & SOARES 2015.
- ↑ SAYURI 2017.
- ↑ SALIS & COSTA 2011, p. 54.
- ↑ SILVA 2013, p. 11.
- ↑ CAFÉ HISTÓRIA 2014.
- ↑ OJEDA 2014, p. 2.
- ↑ CONDE 2008.
- ↑ O GLOBO 2017.
- ↑ Participantes do evento.
- ↑ Colaboradores.
- ↑ COSTA 2010, p. 7.
- ↑ PINTO 2011.
- ↑ a b AMORIM 2015.
- ↑ CAFÉ HISTÓRIA 2015.
Bibliografia
editar- ALBERTI, Verena; FERREIRA, Marieta de Moraes; SANTANA, Marco Aurélio (2001). «Entrevista com Marieta de Moraes Ferreira (Presidente da Associação Internacional de História Oral, gestão 2000-02)». Sistema de Bibliotecas FGV. Consultado em 26 de julho de 2018
- AMORIM, Galeno (2015). «FGV relança obra em comemoração aos 450 anos do Rio». Blog do Galeno. Consultado em 16 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 12 de agosto de 2018
- CAFÉ HISTÓRIA (2014). «Dicas de livros: outubro de 2014». 5 de outubro de 2014. Consultado em 7 de agosto de 2018
- CAFÉ HISTÓRIA (2015). «Dicas de Livros: maio de 2015». Café História. Consultado em 16 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 4 de agosto de 2017
- CONDE, Miguel (2008). «Marieta de Moraes Ferreira e os casamentos no Rio do século XIX.». O Globo.
- COSTA, Verônica Soares Da (2010). «Imprensa local em Petrópolis: a construção de um discurso de modernidade.». Rio de Janeirovolume=. II Jornada Discente do PPHPBC (CPDOC/FGV) - Intelectuais e Poder
- DILLMANN, Mauro; NASCIMENTO, Francisco de Assis de Sousa (2016). «Refletindo sobre a profissão de historiador: entrevista com a Profa. Dra. Marieta de Moraes Ferreira.» (PDF). Consultado em 5 de Junho de 2018
- ENDERS, Armelle (2016). «Colloque International « Décapitalisations »» (PDF). Consultado em 29 de julho de 2018
- IHEAL (2016). «Colloque International - Archives et Justice Transitionnelle : La Commission de la vérité (Brésil) en perspective». Consultado em 29 de julho de 2018
- MORAES, Leandro (2017). «Crise política amplia interesse pela chamada história do tempo presente. Folha de S.Paulo». Consultado em 28 de julho de 2018
- O GLOBO, Agência (2017). «A história do Rio do esplendor à crise.». O Globo.
- OJEDA, Caroline Martins (2014). «Memória e História Oral na contemporaneidade e seus usos para a História do Tempo Presente». Consultado em 7 de agosto de 2018
- PELLEN, Marie (2015). «L'histoire orale : regards croisés et décalés – France, Brésil, Europe». Consultado em 19 de julho de 2018
- PINTO, Surama Conde Sá (2011). «Os militares e as elites políticas cariocas na Primeira República.» (PDF). São Paulo. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH
- ROVAI, Marta Gouveia de Oliveira; SOARES, Fagno da Silva (2015). «História Oral: Nesta edição, dois autores apresentam sua bibliografia comentada». Consultado em 2 de agosto de 2018
- SALIS, Carmen Lúcia Gomes de; COSTA, Maria Paula (2011). Pesquisa e Ensino de História: da elaboração do projeto de pesquisa à prática docente (PDF). Guarapuava: Ed. Da Unicentro. p. 100. ISBN 978-85-7891-083-9
- SANTANA, Marco Aurelio; ALBERTI, Verena (2001). «Entrevista com Marieta M. Ferreira Ferreira.». Consultado em 5 de Junho de 2018
- SAYURI, Juliana (2017). «Crise política amplia interesse pela chamada história do tempo presente». Folha de S.Paulo. Consultado em 9 de agosto de 2018
- SILVA, Luiz Fernando Mangea da (2013). «O uso da Biografia e da História Oral na construção do personagem histórico: o bispo D. Waldyr Calheiros de Novaes». Consultado em 7 de agosto de 2018