Marinósio Trigueiros Filho
Marinósio Trigueiros Filho (Salvador, 1913 ou 1914 - Londrina, 1990) foi um jornalista, cantor, músico, folclorista e compositor brasileiro, conhecido por ser o autor da marchinha carnavalesca, "Cachaça" e, no jornalismo, por ter fundado o periódico O Combate..[1][2][3]
Biografia
editarMarinósio Trigueiros Filho nasceu em Salvador, Bahia, em 1913 ou 1914. Percorreu grande parte do país em viagens e turnês, durante as quais teve contato com ambientes musicais diversos. Apresentava-se como Professor Marinosio, pesquisador do folclore nacional, exibindo didaticamente instrumentos musicais do folclore brasileiro, como o agogô, o berimbau, o ganzá, o agué, também conhecido como “piano de cuia”.
O artista foi registrado pela DOPS/PE em 15 de dezembro de 1937. Solteiro, tinha 23 anos. Informou como local de trabalho o Casino Atlântico. Não foram encontradas informações detalhadas sobre seu registro. No mesmo período, os jornais locais anunciaram suas exibições no referido cassino. Segundo o “Jornal do Recife”, Marinósio seria membro da Troupe Anoly, dirigida por Patrício Corrêa, também fichado pela DOPS/PE, e sua esposa. Em números musicais, apresentou sambas autorais. O artista já era uma figura de destaque nos círculos musicais do país, sendo a ele atribuído o título de "Rei do Chapéu de Palha" pelo Jornal Pequeno, em dezembro de 1938.
No início daquele ano, foi noticiado pelo “Diário da Manhã” que após o carnaval, ocorreria outro espetáculo do artista no Recife, ao lado de Diva Derley, porém o local não foi mencionado na notícia. Marinosio voltou a se apresentar no Recife cerca de dois anos depois, em um festival no Teatro de Santa Isabel.
Autor dos sambas “Risoleta”, “Malandro de salto”, “Carrapeta” e “Nego malvado”, tomou parte em uma polêmica acerca da autoria da popular marchinha de carnaval “Cachaça” – aquela que diz: Se você pensa que cachaça é água […]. Segundo relatos de parentes do artista, publicados em uma reportagem do jornal paranaense “Gazeta do Povo”.[4] Marinósio teria produzido tal composição no início dos anos 1940, em um bar na cidade de Salvador.[5] Pouco depois, o artista passou a residir em Londrina. Nesse período, viajou pela fronteira sul do Brasil, chegando ao Uruguai, onde gravou a canção em 1946. Durante o carnaval de 1953, o artista ouviu a reprodução da música pela televisão e procurou a União Brasileira de Compositores a fim de cuidar dos direitos autorais. Sendo o sambista Ataulfo Alves de Sousa o presidente da UBC e, segundo conta sua filha Dulcínie, “Eles conversaram e houve um acordo. Meu pai comprovou que a autoria era dele”: a prova era o disco gravado no Uruguai alguns anos antes, que Marinósio apresentou e que a família conserva até hoje[6].
Em 1948 fundou, em Londrina, o jornal "O Combate", que funcionava na parte inferior de sua residência e durou dezessete anos, até a instalação do regime militar de 1964. No mesmo ano nasceu o filho Marinósio Trigueiros Neto, que viria a seguir a carreira jornalística do pai naquela cidade e junto a quem escreveu o livro "A História da Imprensa de Londrina: do Baú do Jornalista", publicado em 1992; o filho morreria no ano seguinte na capital baiana, vítima de pancreatite aguda, aos quarenta e cinco anos de idade.[3][7][8][9]
Principais composições
editar- Cachaça não é água
- Risoleta
- Malandro de salto
- Carreta
- Nego malvado
Referências
- ↑ «Sistema Nou-Rau: Biblioteca Digital da UEL». www.bibliotecadigital.uel.br. Consultado em 19 de novembro de 2019
- ↑ Londrina, Folha de. «Histórias do jornalismo policial londrinense». Folha de Londrina. Consultado em 19 de novembro de 2019
- ↑ a b Marian Trigueiros (9 de maio de 2017). «Realidade nua e crua». Folha de Londrina. Consultado em 28 de julho de 2023. Cópia arquivada em 28 de julho de 2023
- ↑ «A polêmica da marchinha da cachaça». Gazeta do Povo. Consultado em 19 de novembro de 2019
- ↑ «A relação entre os artistas e a cachaça». Bebidas Express Blog. 26 de agosto de 2013. Consultado em 19 de novembro de 2019
- ↑ «A polêmica "Cachaça", a música dos carnavais». Colabora. 27 de fevereiro de 2017. Consultado em 19 de novembro de 2019
- ↑ «Marinosio Trigueiros Filho». O Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2019
- ↑ «Museu da Cachaça: um passeio para a família toda». Atlantica. 18 de maio de 2015. Consultado em 19 de novembro de 2019
- ↑ «Os ovos que a galinha vai por». domtotal.com. Consultado em 19 de novembro de 2019