Mateo Fossa
Mateo Fossa (1896 — 1973) foi um líder operário argentino. Fundador e dirigente desde 1917 era secretário-geral da Federação dos Trabalhadores da Madeira [1], integrou o Partido Comunista da Argentina rompendo com ele em 1927, tornou-se seguidor de Trotsky. Nos últimos anos de sua vida ingressou no Partido Socialista de los Trabajadores (PST).
Mateo Fossa | |
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Nascimento | 1896 Buenos Aires |
Morte | 26 de junho de 1973 (77 anos) Buenos Aires |
Nacionalidade | argentino |
Ocupação | Escritor e político |
Biografia
editarNasceu em Buenos Aires em 1896. Desde muito jovem, operário do setor de madeira, simpatizou com o espírito revolucionário dos velhos anarquistas e trabalhou com eles, impulsionando a organização sindical. Suas inclinações políticas o levaram a ingressar na juventude do Partido Socialista em 1913. Onde se alinhou com a ala internacionalista que rechaçou a guerra interimperialista e logo fundou o Partido Comunista da Argentina. Ao começar a virada burocrática de Stalin, Mateo Fossa então encabeçou o sector que passa a editar o jornal La Chispa(órgão do Partido Comunista Obrero, POC) [2]e logo se uniu a Oposição de Esquerda de Leon Trotsky.
Foi o dirigente indiscutido da greve dos trabalhadores do setor da madeira de 1934, que conquistou a semana laboral de 40 horas.
Participou na greve da construção civil de outubro de 1935, organizando o comitê de solidariedade da Federação dos Trabalhadores da Madeira, que cumpriu um papel decisivo para o triunfo da greve, pois esta se transforma em greve geral com ação de massas nos dias 7 e 8 de janeiro de 1936. A pauta foi negociada pessoalmente por Mateo Fossa, obteve-se integralmente as de reivindicações terminou com uma vitória que solidificou a unidad sindical e impulsionou a fundação da Confederação Geral do Trabalho (CGT).[2][1]
Encontro com Trotsky no México
editarEm outubro de 1938, mais de trinta sindicatos o elegeram para que participar no Congresso que fundaria a Confederação de Trabalhadores Latino-americanos no México. Entretanto, Mateo Fossa, apesar da representatividade que tinha, não pôde participar, pois foi acusado de “trotskista”. O sindicalista argentino disse, dias antes que o congresso tinha um funcionamento totalmente burocrático imposto pelo estalinismo.
Em 11 de outubro de 1938, foi publicado, uma declaração sobre estes eventos. Nele, Trotsky criticava duramente o caráter do congresso: “Este congresso, preparado pelas costas das massas, foi utilizado unilateralmente com propósitos que nada tem a ver com os interesses do proletariado Latino-americano, mas ao contrário, são fundamentalmente hostis a esses interesses. A ‘confederação’ criada neste congresso não representa a unificação do proletariado organizado de nosso continente, mas sim uma fração política estritamente ligada a oligarquia de Moscou” [3]
Em seguida, analisa o caráter burocrático e a ligação com os diferentes governos burgueses que a maioria dos participantes do congresso tinha. Sob a desculpa de “manter a unidade contra o fascismo”, não se chamava a lutar contra os “imperialismos democráticos”, como os Estados Unidos.[3]
A declaração expressava a seguinte conclusão: “Somos ardentes e devotos partidários da unificação do proletariado Latino-americano e de que este estreite os maiores laço possíveis com o proletariado dos Estados Unidos. Mas, como já havíamos dizendo, tal tarefa está entretanto por se realizar”.[3]
Foi nessa oportunidade que Mateo Fossa pode realizar a famosa entrevista com Trotsky sobre a luta anti-imperialista [4]
Uma Vida de Luta
editarEm 1939 Liborio Justo e Mateo Fossa fundam o Grupo Obrero Revolucionario (GOR) e publicaram o jornal “La Internacional”. Neste momento a polêmica central entre os trotskistas era sobre a questão da “libertação nacional”.[5]
Em 1940, Liborio Justo e Mateo Fossa se articulam com grupos do interior e transformam o GOR na la Liga Obrera Revolucionaria (LOR) publicando “La Nueva Internacional”. Mais tarde, este grupo com alguns aportes de setores juvenis passam a publicar “Lucha Obrera”.[5]
Nesta mesma época Antonio Gallo e Pedro Milesi, que polemizaram através das páginas de Inicial, com Liborio Justo e Mateo Fossa sobre a questão da “libertação nacional”, fundaram a Liga Obrera Socialista (LOS). A esta aderiram um grupo de operários ferroviários de Liniers, um grupo em La Plata, um em Rosario, militantes de Córdoba. Mais tarde Jorge Abelardo Ramos entrará nesta organização.[5]
Nesta época o trotskismo argentino aparece dividido nestes dois grupos principais. Em 1941 ocorreu a visita do delegado da IV Internacional, Terence Phelan (Sherry Mangan)[6], para impulsionar a unificação dos grupos trotskistas, negociações das quais se retiram Liborio Justo e a LOR por não concordar que as duas organizações deveriam unificar primeiro para depois discutir as diferenças políticas.
Desta negociação surge o Partido Obrero de la Revolución Socialista (PORS) que publicou «Frente Obrero» até 1948.
En 1942 Liborio Justo rompe com a IV Internacional e Mateo Fossa sai da LOR.[5]
Durante a Segunda Guerra Mundial Mateo Fossa começou a se aproximar e a luchar junto aos novos dirigentes operários que por sua vez se foram se aproximando do nascente e radical peronismo. Rechaçou a Unión Democrática (aliança eleitoral realizada em 1945 entre os partidos Unión Cívica Radical, Socialista, Comunista e Democrata Progressista) e sempre enfrentou a burocracia sindical, tinha esperança que surgisse do peronismo uma forte tendência clasista e internacionalista.[1]
Na Década de 1960 integrou a Mesa Coordinadora Nacional de Jubilados, como secretário adjunto. No final de 1972 se somou a Frente de los Trabajadores que organizava o PST e após a sua formação passou a integrá-lo. Nas eleições de março de 1973 foi candidato a senador pela Capital.[1]
Só deixou a atividade militante quando seu coração falhou.
Referências
- ↑ a b c d «El hilo conductor: Mateo Fossa, Agustín Tosco y el activismo clasista del Subte» (em espanhol). Argentina.elmilitante.org. Consultado em 10 de julho de 2012
- ↑ a b «Recordando a Mateo Fossa». El Socialista Nº 034 (em espanhol). Izquierdasocialista.org.ar. 14 de junho de 2006. Consultado em 10 de julho de 2012
- ↑ a b c «Las tareas del movimiento sindical en América Latina». Escritos León Trotsky - Livro 6 - 1938-1940 (em espanhol). Ceip.org.ar. Consultado em 10 de julho de 2012
- ↑ «La Lucha Antiimperialista es la Clave de la Liberacion». Escritos León Trotsky - Tomo 10 (em espanhol). Cddc.vt.edu. Consultado em 10 de julho de 2012
- ↑ a b c d Lucas Quiroga Zubreski (2 de setembro de 2005). «El trotskismo en Argentina». Trostkismo (em espanhol). Consultado em 6 de maio de 2019
- ↑ PSTU. «Moreno na Década de 40». Pstu.org.br. Consultado em 11 de julho de 2012. Arquivado do original em 22 de novembro de 2010