Mem Rodrigues de Vasconcelos, mestre da Ordem de Santiago

Comandante em Aljubarrota, citado em "Os Lusíadas"

D. Mem Rodrigues de Vasconcelos (c. 1360 - c. 1415), mestre da Ordem de Santiago, foi um fidalgo e militar dos séculos XIV e XV. Destacou-se por ter comandado a por vezes chamada "Ala dos Namorados", que na batalha de Aljubarrota formava o flanco direito do exército português.[1]

Mem Rodrigues de Vasconcelos
Mestre da Ordem de Santiago
Mem Rodrigues de Vasconcelos, mestre da Ordem de Santiago
Armas dos Vasconcelos, no Livro do Armeiro-Mor
Nascimento c. 1360
Morte c. 1415 (55 anos)
Descendência Ver descendência
Pai Gonçalo Mendes de Vasconcelos, Alcaide-mor de Coimbra
Mãe D. Teresa Vasques Ribeiro, 3.ª senhora do Morgado de Soalhães
Título(s) Dom
Ocupação Fidalgo, Militar

Biografia

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Era filho segundogênito de Gonçalo Mendes de Vasconcelos, alcaide-mor de Coimbra e de sua mulher D. Teresa Vasques Ribeiro, 3.ª senhora do Morgado de Soalhães.[2]

Ignora-se qual a data exata do seu nascimento, mas deverá ter sido próxima de 1360, pois sabe-se que seu irmão primogénito, João Mendes de Vasconcelos, senhor de Penela, nasceu em 1358.[3]

Desde o início da crise dinástica de 1383 - 1385 aderiu ao partido do mestre de Avis - o futuro rei D. João I - que logo lhe fez várias doações, incluindo a da vila de Monsaraz, de juro e herdade, em 24 de setembro de 1384.[4]

Ainda não era mestre de Santiago quando teve lugar a batalha de Aljubarrota, na qual combateu denodadamente, comandando a célebre Ala dos Namorados. Os seus feitos na batalha ficaram famosos e foram assim cantados por Luís de Camões, no Canto IV, estância 24, de "Os Lusíadas":

Outro também famoso cavaleiro,

Que a ala direita tem dos Lusitanos,

Apto para mandá-los, e regê-los,

Mem Rodrigues se diz de Vasconcelos [5]

Depois da batalha, D, João I prometeu-lhe o mestrado da Ordem de Avis; porém, surgiu a disputar o cargo um outro fidalgo, também partidário de D. João I, chamado Fernão Rodrigues de Sequeira (ou Siqueira). O rei deixou assim que fossem os próprios cavaleiros da Ordem a eleger o seu mestre, tendo Fernão Rodrigues ganhado a eleição.

Em compensação, nomeou D. João I a Mem Rodrigues para o mestrado de Santiago, no qual seria depois confirmado por bulas dos papas Urbano VI (em 17 de fevereiro de 1388) e Bonifácio IX (em 9 de novembro de 1389).

Ambas as bulas foram publicadas em Lisboa, no dia 10 de julho de 1391.[4]

O último documento conhecido que se refere a D. Mem Rodrigues de Vasconcelos data de 1414, sendo provável que tenha falecido no ano seguinte.[4]

Descendência

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Por ser cavaleiro de uma ordem militar não pôde casar, mas teve vários bastardos - filhos e filhas - incluindo os que abaixo se nomeiam, que foram legitimados pelas cartas régias a seguir referenciadas.[2] [4]

Por cartas de 28 de dezembro de 1391, todos havidos de "mulher solteira", não nomeada no texto do diploma régio:

  • Diogo Mendes de Vasconcelos
  • Inês Mendes de Vasconcelos,[6] que viria a casar com Estevão Gonçalves Leitão (c. 1372 - c. 1443), senhor da terra da Ota, com geração nos senhores do Paço da Torre.[2]
  • Leonor Mendes de Vasconcelos

Por cartas de 3 de maio de 1408 (que só nomeiam a mãe da sua filha Beatriz, chamada Inês Martins):

  • Diogo Gonçalves
  • Gonçalo Mendes, que viria a casar com Brites Pinheiro, sem geração.

Por cartas de 5 de maio de 1408 (em que a mãe do primeiro filho é nomeada como Beatriz Nunes e a do segundo como Constança Anes):

  • Mem Rodrigues de Vasconcelos

Referências

  1. Pereira, Esteves; Rodrigues, Guilherme (1904). Portugal : diccionario historico, chorographico, heraldico, biographico, bibliographico, numismatico e artistico. Vol. 7. Getty Research Institute. Lisboa: J. Romano Torres. p. 30 
  2. a b c Gaio, Felgueiras (1941). «Biblioteca Nacional Digital. Nobiliário de famílias de Portugal / Felgueiras Gaio. Tomo XXVIII». purl.pt. p. 67. Consultado em 25 de dezembro de 2022 
  3. Soveral, Manuel Abranches de (1 de janeiro de 2017). «CRISTÓVÃO MENDES DE CARVALHO História de um alto magistrado quinhentista e de sua família». "Fragmenta Historica" - Revista do Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa: 33. Consultado em 25 de dezembro de 2022 
  4. a b c d Freire, Anselmo Braamcamp (1921). Brasões da Sala de Sintra, Livro Primeiro. Robarts - University of Toronto. Coimbra: Coimbra : Imprensa da Universidade. pp. 345 – 348 
  5. Camões, Luís de. «Domínio Público - Pesquisa Básica. Os Lusíadas». www.dominiopublico.gov.br. p. 57. Consultado em 25 de dezembro de 2022 
  6. «XTF: Carta de legitimação de Inês Mendes, filha de D. Mem Rodrigues de Vasconcelos, escudeiro e mestre da Ordem de Santiago, e de mãe incógnita». pb.lib.berkeley.edu. Consultado em 7 de abril de 2023