Metrópole
Metrópole, do grego metropolis (μήτηρ, mētēr = mãe, ventre e πόλις, pólis = cidade), é o termo empregado para se designar uma cidade que polariza uma complexa rede de municípios, exercendo influências de ordem econômica, política e sociocultural.[1][2]
Em certos países ou estados cujos territórios estão divididos em várias parcelas não contínuas, o termo metrópole designa também o território continental ou central desses países por oposição ao seu território não continental ou ultramarino. O termo é especialmente aplicado, no âmbito de impérios coloniais, para se referir ao território original da potência colonial, por oposição às suas colónias. Assim, por exemplo, até 1975, a Metrópole Portuguesa incluía Portugal Continental, o arquipélago da Madeira e o arquipélago dos Açores, constituindo os restantes territórios o Ultramar Português. Ainda hoje, os territórios franceses situados na Europa constituem a França Metropolitana, enquanto que os restantes constituem as coletividades do Ultramar.
A questão das grandes cidades e culturas extraeuropeias tem sido amplamente estudada pelo investigador alemão Ronald Daus. O termo metrópole, que é de origem grega e chegou ao português através do latim (com essa grafia a partir do século XVII), se referia à capital de uma província.[3] O significado urbano atual é do século XVIII.
Definição
editarMetropolis (μητρόπολις) é uma palavra grega que vem de mḗtēr (μήτηρ), que significa "mãe", e de pólis (πόλις), que significa "cidade", que é como as colônias gregas da antiguidade se referiam às suas cidades originais, com as quais mantinham contato e conexões político-culturais. A palavra foi usada no latim pós-clássico para se referir a cidade principal de uma província, a sede do governo e, eclesiasticamente, para ser referir a sede ou ver de um bispo metropolitano a quem os bispos sufragâneos eram responsáveis. Esse uso iguala a província à diocese ou à episcopal.[4]
No uso atual, metrópole é o conjunto de cidades (ou entidades político-administrativas correspondentes, como os municípios) conurbadas e que tem uma cidade principal que, geralmente, lhe dá o nome.[2] Outra definição diz que a conurbação não é imprescindível para que haja uma metrópole. Ela geralmente existe, mas o necessário é a ligação entre a cidade principal e as outras através do fluxo de pessoas (principalmente trabalhadores: o movimento pendular diário) e da influência econômica daquela sobre estas e sobre a região[1] Por essas definições, aglomeração urbana difere das metrópoles pela falta de uma cidade principal que tenha considerável população e importância econômica ao menos regional.[1] As metrópoles também diferem das regiões (ou áreas) metropolitanas por estas serem somente uma região de planejamento ou uma formalização daquelas.[1][2]
Pesquisadores de planejamento urbano e regional da Alemanha, introduziram o conceito de regiópole em 2006, para descrever áreas urbanas fora de regiões metropolitanas que geram uma atração comparável em uma escala regional menor.[5]
Cidades globais
editarO conceito de cidade global (ou cidade mundial) é de uma cidade que tem um efeito direto e tangível nos assuntos globais por meios socioeconômicos. O termo tornou-se cada vez mais familiar, devido à ascensão da globalização (ou seja, finanças, comunicações e viagens globais). Uma tentativa de definir e categorizar as cidades do mundo por critérios financeiros foi feita pela Rede de Pesquisa de Globalização e Cidades Mundiais (GaWC), baseada principalmente na Universidade de Loughborough, no Reino Unido. O estudo classificou as cidades com base no fornecimento de "serviços avançados de produção", como contabilidade, publicidade, finanças e direito. O inventário identifica três níveis de cidades do mundo e várias sub-classificações. Uma metrópole não é necessariamente uma cidade global - ou, sendo uma delas, pode não estar entre as melhores - devido a seu padrão de vida, desenvolvimento e infraestrutura.[6]
Metrópoles brasileiras
editarHá no Brasil quinze metrópoles: São Paulo (SP), classificada como grande metrópole nacional; Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF), que são metrópoles nacionais; e Recife (PE), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Belém (PA), Goiânia (GO), Florianópolis (SC), Manaus (AM), Vitória (ES) e Campinas (SP), classificadas como metrópoles.[7]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d SOUZA, Marcelo Lopes de. ABC do desenvolvimento urbano. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. pp. 32-36, 55. ISBN 9788528610136
- ↑ a b c SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 1998. p. 308. ISBN 9788526229443
- ↑ HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2004. 1ª reimpressão com alterações. pp. 617, 1912. ISBN 978857302383X
- ↑ "metropolis, n." OED Online, Oxford University Press, June 2017, www.oed.com/view/Entry/117704. Retrieved December 19, 2017; "polis, n.2." OED Online, Oxford University Press, June 2017, www.oed.com/view/Entry/146859. Retrieved December 19, 2017.
- ↑ Iris Reuther (FG Stadt- und Regionalplanung, Universität Kassel): Presentation "Regiopole Rostock". December 11, 2008. Retrieved June 13, 2009 (pdf).
- ↑ «The World According to GaWC 2010». Globalization and World Cities (GaWC) Study Group and Network. Loughborough University. Consultado em 15 de setembro de 2011
- ↑ Regiões de Influência das Cidades 2018 (PDF). Rio de Janeiro: IBGE. 2020. p. 11-13