Mietta Santiago
Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso Pereira, mais conhecida como Mietta Santiago (Varginha, 1903 – Rio de Janeiro, 1995), foi uma escritora, poeta, advogada criminalista e sufragista brasileira. Lutou pelo direito ao voto das mulheres brasileiras, tendo sido uma das primeiras mulheres do país a exercer plenamente seus direitos políticos. Junto de Celina Guimarães Viana, Miêtta foi uma pioneira, em 1927, na luta pelo sufrágio no Brasil.[1]
Mietta Santiago | |
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Nascimento | 1903 Varginha, Minas Gerais, Brasil |
Morte | 1995 (92 anos) Rio de Janeiro, Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Cônjuge | João Manso Pereira |
Ocupação | Escritora poeta advogada sufragista feminista |
Em 1928, questionou a constitucionalidade da proibição do voto feminino no Brasil, afirmando que isso violava o Artigo 70 da Constituição de 1891, quando esta estava em vigor.[2][1][3]
Biografia
editarNasceu em Varginha, em 1903. Aos 11 anos de idade, foi morar em Belo Horizonte, estudando na Escola Normal da capital mineira. Seu pai queria que a filha fosse professora, mas Mietta seguiu firme na sua decisão de cursar mais dois anos do antigo segundo grau para poder ingressar na faculdade de direito. Durante o curso, teve contato com literatura e abraçou a poesia, gênero do qual se tornaria escritora anos mais tarde.[4]
Partiu para a Europa, onde ficou por seis meses, complementando seus estudos em advocacia, onde acabou tendo contato com o movimento pelo feminino, que na época se espalhava pelo velho continente. Envolveu-se com a cultura de outros países e a luta de milhares de mulheres que participavam da sociedade tanto na política quanto na literatura e na sociedade.[5]
Retornou ao Brasil aos 20 anos e casou-se com o médico João Manso Pereira. Não era comum o Brasil ter mulheres com diplomas de ensino superior, muito menos em direito e assim Miêtta chamava a atenção por onde passava. Em seu estado natal, fundou a Liga de Eleitoras Mineiras e seu pioneirismo inspirou poetas a escrever sobre seus feitos, como Drummond de Andrade. Era figura frequente na boêmia da capital mineira, tendo contato com outros escritores e poetas brasileiros, tendo conhecido também Getúlio Vargas e Tancredo Neves.[4][5]
O voto feminino
editarAos 25 anos, desafiou a justiça brasileira. Notou que a proibição do voto ao eleitorado feminino contrariava o artigo 70 da Constituição Brasileira de 24 de fevereiro 1891, então em vigor.[6] Ela então entrou com um Mandado de Segurança, o que a tornou não apenas eleitora como uma candidata a deputada federal. Ainda que não tenha sido eleita, ela pode assim exercer plenamente seus direitos políticos, algo inédito no país. Com o precedente aberto, o Partido Republicano do Rio Grande do Norte aproveitou para lançar a candidatura da potiguar Alzira Soriano, que se tornaria a primeira mulher a ser eleita para um mandato político no Brasil, como prefeita do município de Lages, com 60% dos votos.[4][5]
Sobre Mietta, Drummond escreveu em Mulher Eleitora:
“ | Mietta Santiago, loura poeta bacharel conquista, por sentença de juiz, direito de votar e ser votada….[5] | ” |
Morte
editarMorreu na cidade do Rio de Janeiro, em 1995, aos 92 anos.[5]
Legado
editarA Câmara dos Deputados, em Brasília, concede atualmente a Medalha Mietta Santiago a mulheres que se destacaram na luta por direitos. A condecoração foi criada em 2017 pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados e tem por objetivo valorizar iniciativas relacionadas aos direitos das mulheres, sendo entregue anualmente em março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.[7][8][falta página]
Trabalhos selecionados
editar- Namorada da Deus (1936)
- Maria Ausência (1940)
- Uma consciência unitária para a humanidade (1981)
- As 7 poesias (1981)
Referências
- ↑ a b Paganini, Luiz Antônio; Paganini, Nilze (2012). «Do binário ao unitário: Miêtta Santiago e a transpoesia». Revista Graphos. 14 (2): 81–90. ISSN 1516-1536
- ↑ "Pioneiras sufragistas brasileiras e a conquista do voto feminino", Ciência e Humanidades - Demografia.
- ↑ «80 anos de voto: todo poder as mulheres!». União Nacional dos Estudantes. Consultado em 26 de fevereiro de 2020
- ↑ a b c Shumaher, Schuma; Cerva, Antonia (eds.). «Mietta Santiago». Câmara Legislativa. Consultado em 26 de fevereiro de 2020
- ↑ a b c d e Garcia, Maria Fernanda (ed.). «A brasileira que desafiou a justiça para defender o voto feminino». Observatório do Terceiro Setor. Consultado em 26 de fevereiro de 2020
- ↑ «A varginhense que desafiou a justiça para defender o voto feminino». Blog do Madeira. Fevereiro de 2020. Consultado em 26 de fevereiro de 2020
- ↑ «Câmara homenageia mulheres que se destacaram na luta por direitos». Agência Brasil. EBC. Consultado em 26 de fevereiro de 2020
- ↑ Farias 2017.
Bibliografia
editar- Farias, Tom (2017), Carolina – uma biografia, Rio de janeiro: Malê.