Miss Universo 1981
Miss Universo 1981 foi a 30ª edição do concurso, realizada no Minskoff Theatre, Nova York, EUA, no dia 20 de julho daquele ano. Setenta e seis candidatas participaram do evento, apresentado por Bob Barker da rede CBS e vencido pela venezuelana Irene Sáez.
Miss Universo 1981 | |
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Data | 20 de Julho de 1981 |
Local | Nova York, EUA |
Candidatas | 76 |
Vencedora | Irene Sáez |
Inicialmente marcado para acontecer na Cidade da Guatemala, ele foi transferido para Nova York por razões políticas e econômicas.[1] Programado para o Madison Square Garden, devido ao pouco interesse do público e da imprensa ele foi mais uma vez transferido, desta vez para a Broadway, no Teatro Misnkoff, de apenas 1600 lugares.
Esta edição, além de iniciar a queda da popularidade do concurso, principalmente nos Estados Unidos, trouxe o início de uma decadência e de uma ascensão nacionais. A edição que viu pela última vez uma grande disputa latina entre o Brasil e a Venezuela nesta era, testemunhou o início da decadência do Brasil como a até então principal potência latino-americana e viu o início da ascensão da Venezuela, que nas décadas seguintes se tornaria uma das maiores potências mundiais em eventos deste tipo. O Brasil, que até então tinha obtido duas coroas, quatro segundos lugares e um grande número de classificações nos Top 5 e Top 10, viu a Miss Brasil Adriana Alves de Oliveira ser a última brasileira a se classificar no Top 5 nos próximos 26 anos.[2]
Ao mesmo tempo, este ano viu a Venezuela coroar sua segunda Miss Universo em três anos, sua segunda Miss Mundo – vencendo os dois principais concursos no mesmo ano – e foi o início da fama e do respeito internacional por Osmel Sousa, o homem que comanda a Organización Miss Venezuela, maior responsável pela longa lista de venezuelanas vencedoras do Miss Universo e dos demais concursos internacionais de maior ou menor importância.[2] e que em 2009 entraria para o Livro Guiness de Recordes como a única nação a coroar duas Miss Universo consecutivas, em 2008 e 2009.[3]
Evento
editarApesar de Nova York ter sido a base de divulgação e ponto de encontro de muitas participantes internacionais do Miss Universo nos anos e décadas anteriores, esta foi a primeira vez que o evento em si foi realizado na cidade. Realizado no coração da Broadway, o evento contou com vários shows musicais dos espetáculos então em cartaz e foi aberto ao som de "New York, New York" cantado por todas as candidatas juntas no palco.[4] O júri da edição foi um dos que contou com o maior número de celebridades mundiais, entre elas Pelé, Julio Iglesias, Lee Majors, Sammy Cahn, a estrela da ópera Anna Moffo e a Miss Universo 1964, Corinna Tsopei, então também uma atriz de renome internacional.[2] A atriz alemã Elke Sommer foi a responsável pelos comentários durante o concurso.
O grupo de misses, porém, é considerado um dos mais pífios da história, o que é confirmado pelas baixas notas recebidas por quase todas durante as avaliações preliminares em maiô. Vinte e três anos mais tarde,em 2004, quando o Miss Universo foi realizado em Quito, no Equador, a Miss Equador 1981, Lucia Urjelles, deu uma entrevista a um jornalista local, dizendo que só tinha conseguido ir tão longe no concurso daquele ano porque, segundo ela, "a maioria das outras candidatas eram horríveis".[2] Durante os vinte dias que as participantes participaram de todas as etapas em Nova York, duas delas destacaram-se aos olhos dos fãs e da imprensa, a Miss Venezuela Irene Sáez e a Miss Brasil Adriana Alves de Oliveira. A Miss USA, Kim Seelbrede, também tornou-se uma favorita do público local. Como quase sempre ocorria, as misses negras e as asiáticas reclamavam da pouca atenção que lhes era dada pela imprensa e até acusações de racismo contra jornalistas e contra a organização foram levantadas pela Miss Ilhas Virgens Britânicas, Carmen Nibbs, depois de serem conhecidas as Top 12, das quais dez eram loiras e nenhuma das outras duas era asiática ou negra.
Um dos fatos mais pitorescos ocorridos durante a final, foi a reclamação de uma miss latina que não falava inglês, e que ao ser entrevistada por Bob Barker e instada a dizer ao menos duas palavras que conhecesse do idioma, gritou: "No chicken!", sendo imediatamente aplaudida por todas as outras misses. A questão envolvida é que, durante os longos e cansativos dias de ensaio da apresentação final, as representantes da América Latina reclamavam muito que a única coisa que lhes era constantemente servida como refeição era salada de batatas, galinha e refrigerante ; e a única coisa que vinha quente era a soda.[2]
Entre as doze semifinalistas anunciadas, estavam, entre outras além de Venezuela e Brasil, as misses Noruega, EUA, Suécia, Bélgica, Canadá, Equador, Alemanha e Tahiti. Irene Saéz liderou todas as etapas de pontuação da competição, tornando-se a clara favorita do público. A outra favorita e que muitos viam como a mais bonita das participantes, a Miss Brasil, descontrolou-se nos estágios finais e ao entrar nas Top 5, chorando nervosamente, perdeu a compostura e a aparência necessárias e acabou apenas no quarto lugar, atrás da Suécia e do Canadá, a segunda colocada que deu uma bela resposta à pergunta final.[2] Sáez conquistou a coroa da antecessora americana Shawn Weatherly, sendo a segunda venezuelana coroada em três anos, depois de Maritza Sayalero, a Miss Universo 1979.
Após o resultado, a Miss Costa Rica, declarou à imprensa em nome do grupo de latinas, que Adriana Oliveira era a favorita delas para vencer e não Irene Sáez e protestavam por isso. Entretanto, um fato ficou claro para todos na diferença entre as duas: enquanto a brasileira se juntava ao grupo de reclamantes sobre a qualidade da comida e a quantidade de horas de ensaio, Sáez, além da grande beleza física em quase 1,80 m, nunca abriu a boca para reclamar de nada, sempre mantendo-se elegante em sua postura, discreta e focada desde o primeiro dia da competição. Ali começou a aparecer a todos os que acompanhavam de perto os concursos de beleza, o trabalho de Osmel Sousa com suas misses - a primeira diretamente sob seus cuidados, Sayalero, venceu o Miss Venezuela e o Miss Universo dois anos antes. No Brasil, ao invés de reclamar do resultado, a imprensa começava a apontar uma necessidade de melhor escolha e preparação de suas representantes, corpo e mente.[2]
Irene Sáez reinou durante um ano, mostrando-se uma competente e profissional Miss Universo. Anos depois, abraçou a política em seu país, elegendo-se prefeita de Chacao, governadora do estado de Nueva Esparta - com 70% dos votos, a maior percentagem da história da democracia venezuelana - e chegando a concorrer à presidência da Venezuela em 1998, contra o então vencedor Hugo Chávez.[5]
Resultados
editarColocação | Candidata | País |
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Miss Universo 1981 | Irene Sáez | Venezuela |
2º lugar | Dominique Dufour | Canadá |
3º lugar | Eva Lundgren | Suécia |
4º lugar | Adriana Alves de Oliveira | Brasil |
5º lugar | Dominique Eeckhoudt | Bélgica |
Semifinalistas (Top 12): | Tatiana Teraiamano Mona Olsen Marion Kurz Ingrid Johanna Schouten Kim Seelbrede Lucía Urjelles Donella Clemmence |
Taiti Noruega Alemanha Holanda Estados Unidos Equador Nova Zelândia |
Premiações especiais | ||
Miss Simpatia | Linda Smith | Bahamas |
Miss Fotogenia | Tina Brandstrup | Dinamarca |
Melhor Traje Típico | Adriana Alves de Oliveira | Brasil |
- Corinna Tsopei – Miss Universo 1964
- Pelé
- Julio Iglesias
- Lee Majors
- Sammy Cahn – músico e compositor
- Anna Moffo – cantora de ópera
- Mary McFadden – estilista
- David Merrick – produtor teatral
- Chang Kang Jae – jornalista sul-coreano
- LeRoy Neiman – pintor e artista plástico
- Lorin Hollander – ator
- Itzhak Kol – presidente do United Studios de Israel
Candidatas
editarEm negrito, a candidata eleita Miss Universo 1981. Em itálico, as semifinalistas.[7]
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Fatos
editar- Até poucos dias antes da noite final televisionada, durante as preliminares, 77 candidatas competiam no concurso. Há uma semana da final, a Miss Ilhas Maurício retirou-se da competição por saudades da família e voltou para casa.[8]
- Não competiram a representante de Hong Kong Irene Lo Kam-Sheung, obrigada a se retirar por ter na época 25 e não 22 anos, a indonésia Rossje Soeratman, a papuásia Jennifer Abaiyjah, a Miss Santa Lúcia e a são-vicentina Marsha Ann Morris.[7]
Transmissão televisiva
editarNo Brasil, o concurso foi transmitido pela rede provisória entre a TVS do Rio de Janeiro e a TV Record São Paulo, após a cassação das concessões da Rede Tupi, em 18 de julho do ano anterior. [9]
Referências
- ↑ «Miss Universe Facts & Figures». buzzle.com. Consultado em 13 de novembro de 2010. Arquivado do original em 10 de junho de 2011
- ↑ a b c d e f g «Irene Saéz Miss Universe 1981». globalbeauties.com. Consultado em 18 de agosto de 2011. Arquivado do original em 16 de agosto de 2011
- ↑ «Momentos Históricos del Miss Venezuela». Organización Miss Venezuela. Consultado em 18 de agosto de 2011. Arquivado do original em 8 de outubro de 2011
- ↑ «VENEZUELA WINS SECOND CROWN». criticalbeauty.com. Consultado em 18 de agosto de 2011
- ↑ Jones, Bart (2008), Hugo! The Hugo Chavez Story from Mud Hut to Perpetual Revolution, London: The Bodley Head, p208
- ↑ «Miss Universe 1981». bellezavenezoelana.net
- ↑ a b «1981». pageantopolis.com. Consultado em 18 de agosto de 2011. Arquivado do original em 10 de outubro de 2012
- ↑ «Venezuelan wins title: Miss Universe». The Robesonian. Associated Press. 21 de julho de 1981. Consultado em 13 de novembro de 2010
- ↑ Priolli Netto, Gabriel (20 de julho de 1981). «A volta do medo e do concurso de miss». Folha de S. Paulo. p. 30