Decapitação de João Batista

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Decapitação de João Batista (alternativamente Decapitação de São João Batista ou Decapitação do Anunciador) é um dia santo observado por várias denominações cristãs. Este dia comemora o martírio de João Batista.

Degolação de São João Batista.
1924. Por Benedito Calixto, na Igreja Matriz de São João Batista, em Bocaina, São Paulo.

Em 29 de agosto de 2012, durante uma audiência pública televisionada no palácio de verão de Castel Gandolfo, papa Bento XVI defendeu que a descoberta da cabeça fragmentada de São João Batista pela segunda vez atesta a veneração milenar da santidade da relíquia, que data da era apostólica.[1] Além disso, o pontífice também lembrou da festa que comemora o translado desta relíquia para o novo santuário na Basílica de San Silvestro in Capite, em Roma.

Relatos

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O relato bíblico representa a decapitação de João Batista por Herodes Antipas (em Mateus 14:1–12. Marcos 6:14–29 e Lucas 9:7–9). De acordo com os evangelhos sinóticos, Herodes mandou prender João por ele o ter admoestado por se divorciar de sua esposa (Fasélia - Phasaelis) e, ilegitimamente, tomar como amante Herodias, a esposa de seu irmão Herodes Filipe I. No aniversário de Herodes, a filha de Herodias (tradicionalmente chamada de Salomé) dançou perante o rei e seus convidados. Sua dança agradou tanto Herodes que, bêbado, ele prometeu a ela qualquer coisa que desejasse, limitando a promessa em metade de seu reino. Quando a filha perguntou à mãe o que deveria pedir, Herodias pediu que ela pedisse a cabeça de João Batista numa bandeja. Mesmo chocado com o pedido, Herodes relutantemente concordou e mandou executar João na prisão.

O historiador judeu Flávio Josefo também relata, em suas "Antiguidades Judaicas", que Herodes mandou matar João, afirmando que ele o fez "pois a grande influência que João tinha sobre o povo poderia colocar em suas [de João] mãos o poder e a vontade de levantar uma rebelião, (pois o povo parecia pronto para fazer o que quer ele pedisse), [assim Herodes] pensou que o melhor seria eliminá-lo". Ele afirma ainda que muitos dos judeus acreditavam que o desastre militar que sobreveio a Herodes pelas mãos de Aretas, seu sogro (pai de Fasélia), fora uma punição por seu comportamento no caso de João.[2]

Festividades

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Festa de Herodes.
século XVII. Por Rubens, atualmente na Galeria Nacional da Escócia, em Edimburgo.

A comemoração litúrgica da Decapitação de São João Batista é quase tão antiga quanto as comemorações de seu nascimento, que é uma das festas mais antigas, se não a mais antiga, a serem introduzidas nas liturgias do oriente e do ocidente para homenagear um santo.

A Igreja Católica Romana celebra a festa em 29 de agosto, assim como a Igreja Luterana e a Igreja Anglicana, incluindo aí diversas províncias nacionais da Comunhão Anglicana.

A Igreja Ortodoxa e as Igrejas Católicas Orientais também celebram em 29 de agosto, só que no calendário juliano, utilizado entre outras pelas Igrejas Ortodoxas Russa, Macedônica e Sérvia, e que corresponde ao dia 11 de setembro no calendário gregoriano. O dia é sempre observado como um dia de jejum rigoroso. Em algumas culturas ortodoxas mais piedosas, o povo se recusa a comer num prato, usar facas ou comer alimentos de formato redondo neste dia.

A Igreja Apostólica Armênia celebra a Decapitação de São João Batista no sábado da Semana de Páscoa.

A Igreja Ortodoxa Síria, a Igreja Ortodoxa Malancara e a Igreja Católica Siro-Malancar comemoram o martírio de João em 7 de janeiro.

Festas relacionadas

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Decapitação de João Batista 1608.
Obra de Caravaggio, atualmente na Igreja de São João, em Valeta, na Ilha de Malta.

Há duas outras festas relacionadas observadas pelos cristãos orientais:

  • Primeira e Segunda descoberta da Cabeça de São João Batista (em 24 de fevereiro). De acordo com a tradição, após a execução de João Batista, seus discípulos enterraram seu corpo em Sebaste, mas Herodias enterrou a sua cabeça num monte de esterco. Posteriormente, Santa Joana, que era casada com um servo de Herodes (vide Lucas 8:3), recuperou secretamente a cabeça e a enterrou no Monte das Oliveiras, onde ela permaneceu escondida por séculos[3]:
    • A "Primeira descoberta" ocorreu no século IV. A posse do local no Monte das Oliveiras onde a cabeça foi enterrada eventualmente passou para as mãos de um oficial do governo que se tornara um monge de nome Inocente. Ele construiu uma igreja e uma cela monástica ali. Quando ele começou a cavar para fazer a fundação, o recipiente com a cabeça de João foi encontrada. Mas, temeroso de que a relíquia pudesse ser dessecrada por infiéis, ele a escondeu novamente no mesmo lugar onde a encontrara. Após a sua morte, a igreja se arruinou e acabou sendo destruída.
    • A "Segunda descoberta" ocorreu no ano de 452. Durante os dias de Constantino, dois monges em peregrinação a Jerusalém teriam tido visões de João Batista, que lhes revelou a localização de sua cabeça. Eles descobriram a relíquia, a colocaram num saco e voltaram para casa. No caminho, encontraram um ceramista de nome desconhecido e lhe deram o saco para carregar, sem contar-lhe o que ele continha. João então apareceu para ele e ordenou que ele fugisse dos preguiçosos e descuidados monges, levando consigo o que tinha em mãos. Ele o fez e levou a cabeça para casa consigo. Antes de morrer, ele a colocou num vasilhame e o entregou para sua irmã. Após algum tempo, um hieromonge de nome Eustácio, um ariano, tomou posse da cabeça e a utilizou para atrair fiéis para sua crença. Ele então enterrou a cabeça perto de Emesa, onde, eventualmente, um mosteiro foi construído. No ano de 452, São João apareceu para o arquimandrita deste mosteiro, Marcelo, e lhe indicou onde a cabeça estava escondida, enterrada num jarro de água. A relíquia foi então levada à cidade de Emesa e foi posteriormente transferida para Constantinopla.

Relíquias

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Cabeça de João Batista.
Na Catedral de Amiens, na França.
 
Cabeça de João Batista.
Na Residenz, em Munique.
 
Cabeça de João Batista.
Na igreja de San Silvestro in Capite, em Roma.

De acordo com antigas tradições, o local onde o corpo de João Batista foi enterrado foi Sebaste, perto da moderna Nablus na Cisjordânia, em já no século IV se mencionam relíquias suas sendo homenageadas ali. Os historiadores Rufino e Teodoreto relatam que um templo a João foi dessecrado ali em 362 por ordem de Juliano, o Apóstata, que queimou parte dos ossos. Uma parte das relíquias foi salva e levada a Jerusalém, depois para Alexandria, onde, em 27 de maio de 395, elas foram depositadas na basílica recém-dedicada ao Precursor, justamente no local onde antes estava o Serapeu (Serapeum). O túmulo em Sebaste continuou, ainda assim, a ser visitado por peregrinos e São Jerônimo foi testemunha de milagres sendo realizados ali. Atualmente, o túmulo está preservado no interior da Mesquita de Nabi Yahya ("Mesquita de João Batista"), que é considerado um profeta pelo Islã.

O destino final da cabeça de João é difícil de determinar. Nicéforo[5] e Simeão Metafrástes dizem que Herodias a enterrou a na fortaleza de Maquero (em concordância com Josefo). Outros escritores dizem que ela foi enterrada no Palácio de Herodes em Jerusalém. Ali ela foi descoberta durante a época de Constantino e foi, secretamente, levada para Emesa, na Fenícia, onde ela foi novamente escondida em um lugar que permaneceu secreto até que a localização foi novamente revelada milagrosamente em 452/3.

Cabeça de São João Batista

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Com o passar dos séculos, houve muitas discrepâncias nas várias lendas e nas histórias de diversas supostas relíquias no mundo cristão. Diversos locais diferentes reivindicam a posse da cabeça de João Batista. Entre os vários, estão[6]:

Outras relíquias

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Acredita-se que diversas outras relíquias de João Batista existam, inclusive as seguintes:

Referências

  1. a b «Benedict XVI, General Audience, August 29, 2012». Vatican.va. 29 de agosto de 2012. Consultado em 25 de dezembro de 2014 
  2. Flávio Josefo. Antiguidades Judaicas Arquivado em 19 de abril de 2007, no Wayback Machine. XVIII, v, 2.
  3. «Primeira e Segunda Descoberta da Cabeça do Precursor» (em inglês). Orthodox Church of America. Consultado em 21 de fevereiro de 2012 
  4. «Terceira Descoberta da Cabeça do Precursor» (em inglês). Orthodox Church of America. Consultado em 21 de fevereiro de 2012 
  5. Nicéforo, "História Eclesiástica" I, ix. Veja Patrologia Grega, cxlv.-cxlvii.
  6. a b Lost Worlds: Knights Templar, July 10, 2006 video documentary on The History Channel, directed and written by Stuart Elliott
  7. Sean Martin, The Knights Templar: The History & Myths of the Legendary Military Order, 2005. ISBN 1-56025-645-1
  8. «Silly relic-worship». The New York Times: 10. 16 de janeiro de 1881. Consultado em 12 de julho de 2009 
  9. Hooper, Simon (30 de agosto de 2010). «Are these the bones of John the Baptist?». Cable News Network. Turner Broadcasting System, Inc. Consultado em 31 de agosto de 2011 
  10. a b Grima, Noel (25 de julho de 2010). «Re-establishing a long-lost connection». Malta Independent. Consultado em 24 de junho de 2011 
  11. Priory Palace
  12. «Cetinje - The Old Royal Capital of Montenegro | Relics». The City of Cetinje. Consultado em 24 de junho de 2011. Arquivado do original em 9 de outubro de 2011 
  13. St. Macarius Monastery
  14. Remains of John the Baptist Found, Archaeologists Claim Arquivado em 6 de agosto de 2010, no Wayback Machine., 3 August 2010

Ver também

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Notas

[1] A nova reforma ortográfica alterou a grafia de Batista. Antes era grafado Baptista. Agora a consoante P desapareceu de algumas palavras com PT, batismo, batizado, batista, batismal e batistério e as formas conjugadas do verbo batizar. Apenas as consoantes que são pronunciadas foram mantidas, como em eucalipto, adepto, apto, rapto.

João Batista é um prenome composto, que significa aquele que batiza com a graça de Deus.

Não confunda prenome (que significa nome de batismo ou nome próprio em linguagem informal) com sua parônima pronome escrita com O, que é usada na gramática, para indicar uma palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui, retoma ou acompanha o substantivo indicando-o como pessoa do discurso ou situando-o no espaço, no tempo e no texto, podendo ser classificado em pessoal, possessivo, demonstrativo, indefinido, interrogativo, relativo, reflexivo, recíproco, caso reto, caso oblíquo e de tratamento

Ligações externas

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