Museu Bernardino Machado
O Museu Bernardino Machado localiza-se em Vila Nova de Famalicão, Portugal.
Visão
"Ser um fórum modelar de pensamento e ação de índole demopédico e prospetivo, inspirando os visitantes a desempenharem um papel ativo na formação do futuro.",
in Definir a missão...da necessidade ao desafio, 2019.[1]
A Missão
editarConvocar a história e a memória como agentes do conhecimento, fomentar o diálogo e a ação comunicacional, promover a liberdade de pensar, a sociabilidade, o homem como “projeto” (e não mero “objeto”), o personalismo e a cidadania, tendo cinco objetivos"[1]
- Proporcionar o conhecimento da obra de Bernardino Machado enquanto pedagogo, cientista, político e “aprendiz de filósofo”;[1]
- Proporcionar o conhecimento do contexto histórico (último quartel da Monarquia do século XIX, I República e a 1ª década do Estado Novo) em que se concretizou o objetivo anterior;[1]
- Proporcionar o conhecimento e debate crítico e hermenêutico dos ideosofemas fundamentais do pensamento de Bernardino Machado (como sejam, a liberdade, a sociabilidade, o self-government e a autonomia como pessoa e como cidadão, o altruísmo versus “concorrência vital”, aprendizagem e o ensino para a vida em sociedade, a economia social, os regimes políticos (monarquia, república, democracia e ditadura), revolução e evolução, religião e laicidade, patriotismo e nacionalismo, centralização e descentralização, eleições e sufrágio universal, a política e a desigualdade de género, os partidos políticos e o rotativismo, o parlamentarismo, relações internacionais e diplomacia económica e a questão colonial, entre outros);[1]
- Compreender os factos, acontecimentos e estruturas de longa duração (nacionais, internacionais e locais) associados a estes ideosofemas;[1]
- Compreender, criticamente, os conceitos neles envolvidos;[2]
Sobre o Museu
editarO Museu Bernardino Machado nasceu da estreita colaboração entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e os seus descendentes, que haviam doado ao município, entre os anos de 1995 e 2001, todo o acervo que, posteriormente, haveria de constituir a sua coleção museológica.
Instalado num dos edifícios mais bonitos da cidade famalicense, o museu foi inaugurado a 15 de dezembro de 2001, estando a exposição permanente centrada, sobretudo, na figura de Bernardino Machado. Ao longo das salas, percorre-se vários períodos históricos, desde o final do constitucionalismo monárquico, passando pela implantação da I República, o surgimento do Estado Novo, até ao período da resistência à ditadura salazarista sem esquecer os estreitos e íntimos laços que o unem a Vila Nova de Famalicão.
O estudo do diversificado conjunto de objetos e do riquíssimo acervo documental, juntamente com um vasto leque de atividades culturais e do serviço educativo, constituem as principais áreas de trabalho do Museu. Desde 2002, integra a Rede Portuguesa de Museus. [3]
Bernardino Machado
editarBernardino Luís Machado Guimarães, filho de António Luís Machado Guimarães, 1º Barão de Joane, e de Praxedes de Sousa Guimarães, nasceu a 28 de março no Rio de Janeiro, para onde seu pai tinha emigrado. Em 1960, não tendo ainda completado 9 anos, a sua família regressa a Portugal, instalando-se em Joane (Concelho de Vila Nova de Famalicão), para uma casa pertencente aos seus avós maternos, tendo-se, mais tarde, transferido para um palacete ( Solar dos Machados) situado no centro da vila.
Após concluir os seus estudos no ensino secundário ingressa, com 15 anos, na Universidade de Coimbra, onde se forma em Matemática e Filosofia e onde, mais tarde, propõe a criação da cadeira de Antropologia.[3]
Em 1882, casa com Elzira Dantas, com quem viria a ter 19 filhos. Nesse mesmo ano, inicia a sua carreira política ao ser eleito Deputado do Partido Regenerador pelo círculo eleitoral de Lamego.[3]
A 31 de outubro de 1903, faz-se membro do Partido Republicano. Depois de ter ocupado o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros no Governo Provisório da República e de, em 1912, aceitar o cargo de ministro de Portugal no Rio de Janeiro, Bernardino Machado é eleito Presidente da República em 1915. No entanto, uma revolução comandada por Sidónio Pais conduziu à sua destituição pela Junta Revolucionária em dezembro de 1917, sendo este obrigado a exilar-se em Espanha e França.
Após o seu primeiro exílio, Bernardino Machado viria a assumir a Presidência do Governo, em 1921, e a ocupar o cargo de Presidente da República novamente em 1925.[3]
Entre os anos de 1927 e 1940, após o Golpe Militar de 28 de Maio de 1926, chefiado pelo General Gomes da Costa, vê-se obrigado a partir de novo para um longo e doloroso 2ª exílio político. Este período foi passado a maior parte do tempo em Espanha, onde redigiu dezenas de manifestos políticos a criticar os abusos da Ditadura Militar e, mais tarde, do Estado Novo. Regressou a Portugal, em 1940, graças a uma amnistia internacional, tendo fixado residência na vila de paredes de Coura, juntamente com a sua esposa, Elzira Dantas Machado.[3]
Faleceu na cidade do Porto, no dia 29 de abril de 1944, completamente lúcido e com 93 anos de idade. Está sepultado em Vila Nova de Famalicão, no jazigo de seu pai.[3]
O edifício
editarO Palacete do Barão da Trovisqueira foi mandado construir, em 1857, por José Francisco da Cruz Trovisqueira, brasileiro de torna-viagem, após ter granjeado grande fortuna no Brasil. Instalado no principal arruamento da então Vila, teve a honra de acolher as visitas do rei D. Pedro V e do infante D. João (1861) e, mais tarde, dos reis D. Luís I e D. Maria Pia (1863), servindo como paragem obrigatória e digna hospedaria à família real nas suas deslocações a Braga.[3]
Após ter acolhido a Escola Comercial e Industrial de Vila Nova de Famalicão (1957), o Tribunal do Trabalho (1966), até ao Orfeão Famalicense, o município de Vila Nova de Famalicão, em 1988, adquire este imóvel à empresa “Construções Foco, Lda.”, realizando de seguida uma reabilitação total do edifício, quer ao nível das fachadas, quer do seu interior.[3]
Da sua arquitetura merece destaque o revestimento azulejar da fachada principal e de parte do seu interior; a escadaria, a talha dourada, os tetos em estuque ornamentados, apresentando decoração neoclássica com simbologia mitológica, artística e motivos fitomórficos. [3]
Atualmente, o edifício acolhe o Museu Bernardino Machado e a Galeria de Arte Contemporânea, Ala da Frente.
A Coleção
editarA exposição permanente retrata as várias facetas do antigo Presidente da República Portuguesa, Bernardino Machado – o Homem, o Pedagogo, o Cientista e o Político -, além de um espaço introdutório que aborda a fundação do concelho de Vila Nova de Famalicão (1835) e o seu percurso político, económico e social até finais do século XIX.
Ao longo de várias salas temáticas, o visitante, aliado ao percurso de vida desta ilustre personalidade famalicense, pode apreciar um variado conjunto de objetos pessoais, académicos e profissionais que pertenceram ou tiveram ligação a Bernardino Machado, como quadros, vestuário, mobiliário, arte decorativa, condecorações, entre outros.
O museu disponibiliza ainda para consulta um dos acervos documentais mais ricos e significativos para o estudo da história da Primeira República, constituído por correspondência, diplomas, telegramas, arquivos de imprensa, monografias, documentação ministerial e presidencial, registos fotográficos, entre outro tipo de documentação. [3]
Objeto em destaque
Secretária pessoal de Bernardino Machado
Mesa de trabalho, em madeira, que integrava o mobiliário do Palácio de Santa Catarina, na Cruz Quebrada, em Oeiras.
As gavetas do lado direito estavam reservadas para as resmas de papel e as provas a rever, enquanto as da esquerda guardavam cartas de amigos e documentos de toda a espécie.
Foi doada ao museu, em 2006 ,pelo Eng.º Aquilino Ribeiro Machado.[3]
Atividades em Destaque
editarServiço educativo
editarO Serviço Educativo assume um papel primordial na divulgação do Museu Bernardino Machado. Por conseguinte, é elaborado um Plano de Atividades diversificado e dinâmico, visando ser bastante atrativo e apelativo, de forma a suscitar o interesse da comunidade educativa em visitar o Museu. As atividades apresentam-se em formato de visita orientada à exposição permanente do museu, oficinas e pedipapers de forma a adaptarem-se aos vários gostos e interesses dos diferentes públicos que visitam o Museu.
Por outro lado, e tendo em conta as temáticas, as linhas orientadoras e as ideias defendidas pelo patrono do Museu, procura-se enquadrá-las com os conteúdos programáticos abordados nos diversos níveis de ensino, essencialmente na disciplina de História, apresentando propostas específicas para cada ano escolar.
Em suma, pretende-se “dar vida” ao Museu Bernardino Machado, valorizando-o e expectando que o Serviço Educativo sirva como rosto / alma do Museu para visitas futuras de familiares e amigos daqueles que o visitaram neste contexto.
Ciclo de Conferências
editarO Ciclo de Conferências realiza-se, ao longo do ano (de janeiro a junho, e de setembro a outubro), preferencialmente, na última sexta-feira de cada mês. O conferencista convidado tem uma hora para fazer a sua exposição, a que se segue um debate. Este Ciclo de Conferências é acreditado pelo Conselho Científico e pelo Centro de Formação para os professores dos vários grupos disciplinares em função da temática subjacente.
Encontros de Outono
editarO Colóquio Encontros de Outono realiza-se no último fim-de-semana do mês de novembro (sexta-feira e sábado de manhã). Este Colóquio é acreditado pelo Conselho Científico e pelo Centro de Formação para os professores dos vários grupos disciplinares em função da temática subjacente.
Referências
editar- ↑ a b c d e f CUNHA, Paulo (2019), Definir a Missão … da Necessidade ao Desafio. Vila Nova de Famalicão: [Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão]. .
- ↑ Rede de Museus de Vila Nova de Famalicão (Ed.). (2019). Definir a missão... da necessidade ao desafio. Vila Nova de Famalicão: Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.
- ↑ a b c d e f g h i j k Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão. (2018). Rede de Museus de Vila Nova de Famalicão: a nossa identidade, o nosso futuro [brochura].